Insultos de Trump tornam ataque contra EUA “mais inevitável”, diz Pyongyang

  • Lusa
  • 24 Setembro 2017

Ri Yong Ho, ministro dos Negócios Estrangeiros norte-coreano, diz que Trump é "uma pessoa mentalmente perturbada, cheia de megalomania e excesso de confiança".

O ministro dos Negócios Estrangeiros norte-coreano disse aos líderes mundiais na ONU que o insulto de Donald Trump ao chamar “rocket man” a Kim Jong Un” torna um ataque cada contra os EUA “inevitável”.

Ri Yong Ho chamou ao Presidente norte-americano “uma pessoa mentalmente perturbada, cheia de megalomania e excesso de confiança”, com o seu dedo no “botão nuclear”. E disse que as “palavras imprudentes e violentas” de Trump provocaram “a suprema dignidade” da Coreia do Norte e “contaminaram a sagrada arena das Nações Unidas”.

“Mais ninguém, exceto o próprio Trump, está numa missão suicida”, disse Ri na assembleia geral da ONU no sábado. “No caso de se perderem vidas inocentes nos Estados Unidos por causa deste ataque suicida, Trump vai ser o responsável”, afirmou.

Ri chamou à República Popular Democrática da Coreia – o nome oficial do seu país – “um estado com armas nucleares responsável”, advertindo que o seu regime irá “tomar medidas preventivas implacáveis” em caso de ataque dos EUA.

O ministro da Coreia do Norte referiu Trump “um jogador que envelheceu a usar velhas ameaças, fraudes e todo o tipo de esquemas para adquirir um pedaço de terra” e afirmou que ele próprio é ridicularizado pelo povo norte-americano que, entre outros nomes, lhe chama “Presidente do Mal”.

“Devido à falta de conhecimento comum básico e sentimento adequado, ele tentou insultar a suprema dignidade do meu país ao referi-lo como um ‘rocket’”, disse Ri.

“Ao fazer isto, contudo, ele cometeu um erro irreversível de tornar a visita dos nossos ‘rockets’ a todo o território dos Estados Unidos ainda mais inevitável”, acrescentou.

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Na China, pagar com dinheiro vivo está a tornar-se “coisa de antigamente”

  • Lusa
  • 24 Setembro 2017

Os pagamentos feitos via carteiras digitais na China atingiram, no ano passado, 5,5 biliões de dólares.

Uma sociedade em que moedas e notas são obsoletas e tudo é pago via “carteiras digitais” está a materializar-se rapidamente na China, impulsionando novos modelos de negócios e uma geração de consumidores mais autónomos.

Zhao Gang, um jovem chinês radicado em Pequim, não tem dúvidas: “No que toca a pagamentos móveis, a China está à frente do resto do mundo”.

À semelhança de milhões de compatriotas, Zhao há muito deixou de levar carteira quando sai de casa. O telemóvel basta-lhe.

Segundo a consultora iResearch, os pagamentos feitos via carteiras digitais na China atingiram, no ano passado, 5,5 biliões de dólares.

O fenómeno está a inspirar novos modelos de negócio, com impacto na rotina dos consumidores.

Para se deslocar para o trabalho, Zhao aluga uma das centenas de milhares de bicicletas hoje distribuídas pelas ruas de Pequim, fazendo a leitura do código QR com o seu telemóvel.

À hora do almoço, volta a alugar uma bicicleta e desloca-se até ao restaurante Renrenxiang, onde os pedidos e pagamentos são feitos via aplicativo Wechat e a refeição sai da cozinha num tapete rolante.

Lançado em janeiro de 2011, pelo gigante chinês da Internet Tencent, o Wechat tem hoje quase mil milhões de utilizadores, segundo dados da empresa.

Liu Zheng, fundador do Renrenxiang, diz à Lusa que o seu modelo de negócio é a “tendência do futuro”.

“Noto que o perfil da mão-de-obra chinesa está a mudar muito”, diz Liu, que trabalhou vários anos no departamento de Recursos Humanos de uma das maiores empresas de telecomunicações da China.

“Nas grandes cidades, há cada vez menos pessoas dispostas a fazer trabalho manual e por salários baixos”, afirma.

"No que toca a pagamentos móveis, a China está à frente do resto do mundo.”

Zhao Gang

Jovem chinês radicado em Pequim

Em 2015, a população em idade ativa na China registou a maior contração de sempre – 4,87 milhões de pessoas -, enquanto o país relega gradualmente o papel de “fábrica do mundo” para outras nações asiáticas.

Quan Bin, cofundador de uma rede de lojas de conveniência sem atendimento, diz que uma das maiores vantagens dos pagamentos móveis é o ‘Big Data’, a análise dos dados dos consumidores, que permite moldar a oferta à procura.

“Logo a partir do momento em que o cliente faz o registo, temos acesso aos seus dados pessoais. Sempre que ele faz compras, o nosso sistema armazena e analisa o seu historial de consumo”, explica.

Nas lojas da Xiaomai, o cliente faz a leitura do código de barras e o pagamento com o telemóvel. A porta abre-se automaticamente, através de um sistema de reconhecimento facial.

Pequim apoia o fenómeno, que considera vital na transição para um modelo económico mais baseado no consumo e nos serviços, mas esforça-se para sufocar a liberdade criada pela internet através do “Grande Firewall da China”.

Aquele mecanismo censura sites como o Facebook, Youtube e Google ou ferramentas como o Dropbox e o WeTransfer.

As versões eletrónicas de vários órgãos de comunicação estrangeiros também estão bloqueadas no país, enquanto comentários nas redes e espaços de discussão ‘online’ são sujeitos a controlo das autoridades.

Em 65 países analisados pelo grupo de pesquisa Freedom House, a China tem a Internet mais fechada, abaixo do Irão e da Síria.

Para Liu Zheng, no entanto, a internet chinesa oferece um potencial único.

“Em mais nenhum outro país o meu negócio seria tão bem-sucedido”, atira. “Os serviços ‘online’ atingiram um nível de difusão ímpar na China”.

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PCP: Aumento de salários “pode e deve ser feito” em janeiro

  • Lusa
  • 24 Setembro 2017

"Não nos conformamos com o que PS e BE propõem no sentido de deixar lá para 2019 o que pode e deve ser feito em janeiro de 2018 - fixar o salário mínimo nacional em 600 euros", diz Jerónimo de Sousa.

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, afirmou hoje que o aumento dos salários, nomeadamente do salário mínimo nacional (SMN) para 600 euros, “pode e deve ser feito” já em janeiro de 2018.

“Sim camaradas, não nos conformamos com o que PS e BE propõem no sentido de deixar lá para 2019 o que pode e deve ser feito em janeiro de 2018 – fixar o salário mínimo nacional em 600 euros”, disse Jerónimo de Sousa, justificando a necessidade de “mais força” da CDU, que junta comunistas, ecologistas e independentes, nas eleições de 1 de outubro.

Segundo o líder do PCP, que falava num comício no Barreiro, “mais força e mais mandatos na CDU são sinónimo de garantia de trabalho, honestidade e competência, mas são também garantia de poder dar novos passos e avanços”, como “o aumento geral de salários e o aumento extraordinário do SMN”.

Na sexta-feira, em Braga, a coordenadora do BE, Catarina Martins, tinha defendido que a atual situação económica permitia ao Governo socialista “fazer o que ainda não foi feito, no país e nas autarquias”, em termos de investimento público, citando um verso de uma canção do músico portuense Pedro Abrunhosa.

O programa eleitoral do PCP de 2015 já incluía o objetivo de 600 euros para o SMN em janeiro de 2016, a fim de compensar os vários anos anteriores de falta de acordo em sede de concertação social.

O BE, durante a campanha eleitoral, também defendeu o mesmo objetivo, mas viria a acordar com o PS um aumento gradual do SMN de 5% nos dois primeiros anos até atingir os 600 euros no final da legislatura.

Jerónimo de Sousa argumentou que o aumento do SMN tem “impacto positivo na economia, na dinamização do mercado interno, no crescimento”, pois “representa um reforço importante da própria Segurança Social”.

“Fixar em janeiro próximo o SMN em 600 euros significa assegurar mais 150 milhões de euros à Segurança Social que podem ser usadas para mais apoio social”, garantiu.

Classificando o desemprego como “o maior drama social do país”, o secretário-geral comunista lamentou que o fenómeno seja utilizado como “instrumento para baixar salários, aumentar a precariedade e a exploração”.

“Um trabalhador sem subsídio de desemprego é empurrado, por força do desespero que vive, a aceitar qualquer salário, contrato, horário, qualquer tipo de condições de trabalho”, condenou, lembrando que o PCP apresentou um projeto de lei para a revogação do corte de 10% no subsídio de desemprego ao sexto mês de atribuição daquele apoio, proposta já defendida nas discussões para os orçamentos do Estado de 2016 e 2017.

Além dos candidatos locais à autarquia barreirense, também o deputado de “Os Verdes” José Luís Ferreira, discursou perante a plateia na Sociedade de Instrução e Recreio Barreirense “Os Penicheiros”.

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Disciplina ou renovação. Para onde caminha a Alemanha?

  • Juliana Nogueira Santos
  • 24 Setembro 2017

De um lado a disciplina de Angela Merkel, do outro o desejo de renovação de Schulz. Qual será o caminho que a economia alemã vai seguir nos próximos quatro anos?

Neste domingo decide-se o caminho da economia alemã para os próximos quatro anos. Seguirá o da disciplina de Merkel ou o da renovação de Schulz?EP-EU

Diz o ditado que o bom filho à casa volta e talvez tenha sido o que aconteceu com Martin Schulz. Depois de 20 anos dedicados à política europeia, entre Estrasburgo e Bruxelas, Martin Schulz sucedeu a Sigmar Gabriel na liderança do SPD após Gabriel lhe ter cedido o seu lugar. “A minha campanha iria falhar e Schulz tem claramente melhores perspetivas eleitorais”, afirmou o social-democrata em janeiro deste ano.

A partir daí, Martin Schulz marcou posição como a alternativa aos doze anos de chanceler Merkel e chegou até a estar à frente das sondagens durante o mês de fevereiro. Ainda assim, o estatuto de filho pródigo não se manteve e, quando chegou a altura de estar frente a frente com a sua concorrente, não foi capaz de impor a sua renovação à estabilidade de Merkel.

Enquanto a atual chanceler defende o desenvolvimento do país aproveitando as fundações económicas, ideológicas e sociais aprofundadas nestes últimos doze anos, chegando agora a altura de apostar mais nos alemães e na aliança com outras grandes economias, o seu desafiador quer abrir o país à Europa e investir nas relações externas. Com a probabilidade da CDU/CSU se juntar ao SPD para constituir governo a ser muito baixa, apenas uma destas visões terá lugar na chancelaria nos próximos quatro anos.

Será a disciplina da “Thatcher alemã”…

Angela Merkel ocupa o lugar de chanceler desde 2005 e, embora tenha contado com diferentes partidos para constituir coligações, conseguiu sempre impor a sua visão acima da dos parceiros nacionais e até europeus. Com calma e precisão — características que levam muitos a apelidá-la de “Thatcher alemã” — conseguiu manter um caminho de disciplina fiscal, social e económica. Para esta eleição defende a continuidade, aprofundando as políticas sociais.

Do seu manifesto fazem parte medidas como:

  • Reduzir a taxa de desemprego para menos de 3%, com esta a marcar 5,5% atualmente.
  • Aumentar o abono de família de 192 para 217 euros.
  • Beneficiar quem compra pela primeira vez casa própria, com as famílias que o façam a receberem mais 1.200 euros de abono por criança.
  • Contratar 15 mil polícias em todo o país, reforçando a segurança e criando posto de trabalho simultaneamente.

A líder centrista quer, para além disto, estreitar as relações com a França de Emmanuel Macron. Juntam-se assim duas das maiores economias com o objetivo de aproximar as suas medidas fiscais e de impulsionar o desenvolvimento da zona euro.

… ou a renovação de Schulz?

Constituindo como principal ponto de tensão a relação com a Europa, a estratégia proposta por Schulz aponta para uma Alemanha moderna, que não se foque só em si, mas consiga reforçar o seu estatuto europeu através da cooperação entre estados-membros.

A principal crítica económica que aponta à sua concorrente é o excedente orçamental, com o Governo a acumular milhões nos cofres do Estado, ao mesmo tempo que não se investe nas infraestruturas públicas. “O estado não pode ter um défice alto, mas também tem de usar o dinheiro para melhorar as infraestruturas públicas”. Assim, o manifesto do partido vai ao encontro destas ideias, no qual se destacam medidas como:

  • Aumentar a segurança laboral e a justiça dos salários.
  • Tornar o ensino gratuito até ao nível de mestrado.
  • Apertar as regras para setor bancário com regulação mais apertada para promover a transparência, estimular o crescimento e reduzir a exposição ao risco.
  • Investir o excedente orçamental na melhoria das ligações à internet, em estradas e ferrovias e em soluções de energia renovável.
  • Investir mais na União Europeia e nas suas instituições, através do alargamento da contribuição do país.

As sondagens apontam para a primeira

Ainda que a Alemanha tenha passado por um febre “Schulz” por volta do mês de fevereiro, a probabilidade de o candidato social-democrata ocupar o lugar de Angela Merkel parece ser baixa. As últimas sondagens dão a vitória à atual chanceler, com um resultado entre 35% e 40%.

As certezas não são tantas em relação ao partido que irá ficar em terceiro lugar — aquele com o qual o partido vencedor terá de, provavelmente, estabelecer uma coligação pós-eleitoral. A sondagem da Wahltrend aponta para uma diferença mínima entre a AfD e o Die Linke, com o primeiro a conquistar 10,2% dos votos e o segundo 9,6%. Será também aqui que muito se pode decidir, mas até lá, os 61,5 milhões de alemães têm de votar e decidir.

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Merkel ou Schulz? O que vai mudar para a União Europeia

  • Juliana Nogueira Santos
  • 23 Setembro 2017

Sendo a Alemanha um dos países com mais peso nas decisões europeias, até que ponto um novo chanceler pode ditar um novo rumo para a União Europeia?

Neste domingo, não é só o destino da Alemanha que vai a votos, mas também o da União Europeia.Krisztian Bocsi/Bloomberg

Ainda que as sondagens não deixem quaisquer dúvidas sobre quem vai ocupar (ou reocupar) o lugar de chanceler da Alemanha, são as cores que vão compor a coligação que vão trazer mais novidades. Para entrar na chancelaria, é necessária uma maioria absoluta, algo que não acontece a nenhum partido desde 1957. Assim, para além ser esta união de partidos que vai ditar as políticas seguidas no país nos próximos quatro anos, é também a visão europeísta — ou a falta dela — que poderá ditar o destino da União Europeia.

Com um PIB de 3,1 biliões de euros em 2016, uma das taxas de desemprego mais baixas da União Europeia e níveis de produtividade no pólo contrário, a Alemanha é uma das maiores economias da zona euro, o que faz com que esta tenha um papel preponderante no destino da União Europeia. Assim aconteceu em vários momentos decisivos dos últimos anos: nos resgates financeiros de alguns dos estados-membros, no divórcio com o Reino Unido, na crise dos refugiados, entre outras.

Angela Merkel e a sua equipa marcaram, com pulso firme, a posição da Alemanha em relação a estes assuntos, não querendo abdicar da estabilidade económica do seu país em detrimento da saúde da união. Pelo contrário, e sendo ele um homem da Europa, o seu principal concorrente, Martin Schulz, quer uma Alemanha europeia e uma União ainda mais forte.

Por entre novas entradas, cooperação entre países e o ponto de rutura entre europeísmo e nacionalismo, qual vai ser o impacto da eleição do novo chanceler para o rumo da União Europeia?

Turquia, o tema surpresa da campanha

A integração da Turquia na União Europeia foi o tema inesperado do único debate televisivo que pôs frente a frente Angela Merkel e Martin Schulz, mas foi também um dos assuntos fraturantes da campanha. Desde 1987 que o país se tem tentado juntar aos seus vizinhos e integrar a União Europeia, mas este este processo não tem sido aceite pela maioria dos estados-membros.

É o caso da Alemanha, que sempre defendeu que o país deve primeiro cumprir os mínimos no que diz respeito à democracia e aos direitos humanos para aí se pensar em alargar os 28 a 29. Ainda assim, no seio político alemão existem várias correntes de pensamento, que podem ser representadas pelos dois candidatos principais. Enquanto a candidata da aliança CDU/CSU defende uma abordagem mais transitória, favorável à suspensão das discussões em relação à adesão, mas sem quebrar as ligações comerciais abruptamente, Schulz garante pulso firme e diz que, se necessário, esta quebra é instantânea.

O candidato social-democrata à chancelaria utiliza a sua conta oficial do Twitter para expor as suas opiniões. Neste tweet, Schulz deixa um aviso à Turquia e à União Europeia: “Se Erdogan não liberta os prisioneiros alemães, a UE deve terminar as negociações com a Turquia sobre o alargamento da união aduaneira”, ou seja, as negociações para a entrada na zona de livre comércio.

Uma união mais forte

Embora tenham surgido na campanha alguns ideais antieuropeístas, defendidos principalmente pelo partido de extrema-direita AfD, nenhum dos outros protagonistas põe sequer em questão a saída da zona euro ou da União Europeia. Contudo, a aliança CDU/CSU tem um conceito muito próprio para união. Para o partido de Merkel, está estabelecido que as regras que foram definidas em conjunto têm de ser respeitadas, não havendo espaço para flexibilidade.

Assim aconteceu quando vários países europeus entraram em recessão, como foi o caso da Grécia e de Portugal, e que quiseram ver as suas dívidas aliviadas. Como um dos principais credores, a Alemanha de Merkel sempre se mostrou intransigente a alívios ou benefícios. Ferramentas como a mutualização da dívida também são deixadas de parte.

Uma apoiante do SPD segura um cartaz onde se pode ler “Juntos pela Europa”.Jasper Juinen/Bloomberg

Por outro lado, e apelando aos valores de esquerda que o constituem como partido de centro-esquerda, o SPD apresenta uma proposta em que a aproximação à União Europeia se estabelece como uma das principais bandeira, havendo uma partilha de competências mais alargada. Inclui a criação de um orçamento, um parlamento e um ministro comuns para a zona euro e uma maior coordenação de políticas entre países.

O assunto em que os dois principais partidos divergem totalmente é aquele que diz respeito às regras orçamentais, com o partido liderado por Martin Schulz a defender uma maior flexibilidade e relaxamento destas, principalmente quando se fala em compromissos entre estados-membros.

No entanto, o consenso entre os dois candidatos é possível em dois aspetos: na criação de Fundo Monetário Europeu e na aproximação com a vizinha França. O Fundo Monetário Europeu teria como objetivo intervir em caso de crise antes do Fundo Monetário Internacional; seria uma evolução do atual Mecanismo Europeu de Estabilidade.

Reforçar a aliança com França

E se Schulz garante uma aproximação com todos os estados-membros da União Europeia, Angela Merkel tem apenas um na mira: França. Desde que Emmanuel Macron conquistou a presidência do país vizinho, que a Alemanha se tem aproximado. Com os dois governantes a juntarem forças em assuntos como as sanções à Coreia do Norte, a segurança europeia ou o, já falado, Fundo Monetário Europeu, mas a divergirem noutros assuntos.

Apoiantes de Angela Merkel esperam pela chegada da chanceler. Um deles segura um cartaz onde, carinhosamente, a trata por “Angie”. Krisztian Bocsi/Bloomberg

Assim, o manifesto da CDU/CSU fala abertamente sobre a resolução destas divergências, considerando que o partido está “pronto para desenvolver gradualmente a zona euro com o novo governo francês”. Criar-se-ia assim uma aliança das duas maiores economias europeias. Essa aproximação será ainda mais natural se for Schulz a entrar na chancelaria. Os ideais do antigo presidente do Parlamento Europeu estão ainda mais em linha com os do presidente de França, na medida em que ambos defendem uma partilha federal de competências mais ampla.

Solidariedade para além fronteiras

A Alemanha foi um dos países que recebeu mais refugiados aquando das crises políticas e sociais no norte de África. O país aumentou em 1% a sua população desde que os requerentes de asilo começaram a chegar, em 2015. No entanto, este não é um assunto que merecerá diferentes abordagens se for a CDU/CSU ou o SPD a ganhar. Os dois candidatos consideram que as fronteiras não podem ser fechadas a quem foge da guerra.

Este será então um dos tópicos em que, mais uma vez, a palavra dos alemães se conseguirá sobrepor à dos outros países que defendem um controlo fronteiriço mais restrito. Se a Alemanha disser não a isso, com certeza que grande parte da Europa acatará. É esse o poder do país na União Europeia.

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Os dez melhores livros de 2017, segundo a Amazon

  • ECO
  • 23 Setembro 2017

Os editores da Amazon elaboram uma lista dos dez melhores livros deste ano. E garantem que a lista é o "segundo melhor conselheiro" a seguir à recomendação de um amigo.

A Amazon – mais especificamente os seus editores – elaborou uma lista dos dez melhores livros deste ano. A empresa de e-commerce garante que se trata do segundo melhor conselheiro a seguir à recomendação de um amigo. Tome nota dos livros que a Amazon destaca em 2017.

10 – Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã

Com Homo Deus, Yuval Noah Harari dá seguimento ao seu best-seller Sapiens, que realiza uma retrospetiva de 70.000 anos sobre a evolução humana e histórica. Desta feita, Homo Deus será um olhar em frente face à época descrita em Sapiens. A pergunta de partida para o livro será: ‘Para onde vamos a partir daqui?’ e pretende explorar os sonhos e pesadelos que marcarão o século XXI (desde o vencer da morte à vida artificial).

9 – Fome: Uma Memória do (meu) Corpo

Descrito pelos editores da Amazon como um “livro de memórias brutalmente honesto e corajoso”, esta obra reconta como uma violação sexual infantil levou a vítima a ganhar peso de forma a não ser vista e sentir-se segura. Trata-se de uma história que visa apelar à consideração pelo corpo dos outros e à aceitação do próprio.

8 – A Fortaleza Impossível

Este livro retrata a história de como um rapaz geek de 14 anos finge seduzir uma rapariga para conseguir uma cópia da Playboy, mas acaba por descobrir que ela é a sua alma gémea. De acordo com os editores é “um daqueles livros raros e especiais” que, assim que termina, desperta de imediato o desejo de que todos os amigos o leiam.

7 – Lincoln no Bardo

Recuando à data de 1862, num cemitério onde Willie – o filho do presidente norte-americano Abraham Lincoln – foi sepultado, este livro foi essencialmente escolhido pela forma como irá levantar as expectativas do leitor e despertar gargalhadas nos momentos em que não estará a chorar. A história é contada numa só noite através de diversas vozes.

6 – Não Tens de Dizer que me Amas

Neste livro de memórias familiares, Sherman Alexie estabelece a ligação – com humor e angústia – da vida problemática da sua mãe à época de opressão e violência sofridas por grande parte da comunidade dos índios americanos.

5 – Priestdaddy

Quando Patricia Lockwood se muda temporariamente de volta para casa dos seus pais – o pai, um padre católico que adora guitarras elétricas, e a mãe, focada em desastres e seguidores do demónio -, volta também a memórias da sua infância. Os editores da Amazon garantem que a linguagem poeticamente precisa e as observações com um toque de humor negro irão levar o leitor a repensar os seus ensinamentos de criança.

4 – Saída Oeste

No romance futurístico de Moshin Hamid, dois jovens apaixonados fogem da guerra no Médio Oriente em busca de segurança no Ocidente, onde cidades como Londres veem os refugiados constituírem autênticos aglomerados populacionais. O autor do livro diz que, até certo ponto, somos todos refugiados, sendo fácil simpatizar com os protagonistas.

3 – Beartown

Beartown trata-se de um romance que traça o cenário de uma pequena cidade fanática por hóquei que foi abalada na sua fé e esperanças por um crime que a população recusa aceitar que aconteceu. O acontecimento trágico decorre da importância da modalidade com o estado em que a cidade se encontra.

2 – Assassinos da Lua Flor: Os Homicídios Osage e o Nascimento do FBI

Esta é a história sobre petróleo e assassínio em massa na Reserva Indiana Osage. Contada por Dacid Grann e remontando a 1920, é descrita pelos editores da Amazon como simultaneamente isenta de surpresas e inacreditável, assim como cheia de arrogância e desumanidade – algo que, afirmam, ainda está por superar na nossa sociedade.

1 – O Ministério da Felicidade Suprema

O Ministério da Felicidade Suprema é um romance que conta a história que atravessa vários cenários sociais na Índia com personagens cujas almas vieram a ser abaladas pela tragédia e remendadas pelo amor. É, na opinião dos elaboradores desta lista, “um trabalho excecional de storytelling“.

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Lucro do Fundo Soberano é positivo mas vantagem para Angola “não é clara”

  • Lusa
  • 23 Setembro 2017

O Fundo Soberano de Angola (FSDEA) registou lucros pela primeira vez. A Economist destaca o feito, mas diz que o FSDEA não tem um papel explícito de estabilização da economia.

A Economist Intelligence Unit (EIU) considera que os lucros do Fundo Soberano de Angola (FSDEA), alcançados pela primeira vez, são um “desenvolvimento positivo”, mas salienta que a vantagem para os cofres do Estado “não é clara”.

“O desempenho melhorado do Fundo, pelo menos no papel, é um desenvolvimento positivo dada a atual volatilidade nos mercados globais”, escrevem os peritos da unidade de análise económica da revista ‘The Economist’.

No comentário à divulgação dos resultados de 2016, enviado aos analistas e a que a Lusa teve acesso, a EIU diz que, “apesar de mais ativos quererem dizer potencialmente mais dinheiro para investir na economia nacional e regional, o benefício maior do fundo para o Governo de Angola é menos claro”.

Isto acontece, explicam os analistas, porque, “ao contrário de outros fundos africanos, o FSDEA não tem um papel explícito de estabilização da economia, o que significa, por exemplo, que não pode ser usado para compensar as reservas internacionais quando estiverem sob pressão por causa do baixo preço do petróleo, a maior exportação do país”.

O Fundo Soberano de Angola (FSDEA) alcançou, em 2016, um resultado líquido de 44 milhões de dólares (36,8 milhões de euros) e uma redução de despesas operacionais de 40% comparativamente a 2015, ano em que teve prejuízos de 134 milhões de dólares.

Em comunicado de imprensa, o FSDEA sublinha que os rendimentos resultam de uma “política de investimento prudente e do retorno positivo dos investimentos no ramo da agricultura e das infraestruturas”.

Os ativos totais do FSDEA passaram de 4,75 mil milhões de dólares (3,9 mil milhões de euros), em 2015, para 4,99 mil milhões de dólares (4,1 mil milhões de euros) em 2016, tendo 58% da carteira total sido dedicada a ativos na África subsariana, 10% na América do Norte, 12% na Europa e 20% no resto do mundo.

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Forças Armadas desmentem existência de qualquer relatório sobre Tancos

  • Rita Atalaia
  • 23 Setembro 2017

O Estado-Maior-General das Forças Armadas afirma que "não produziu qualquer relatório sobre o assunto". Expresso mantém que o relatório, que arrasa a atuação do ministro da Defesa, é verdadeiro.

As Forças Armadas negam a existência de um relatório sobre o caso de Tancos. Isto depois de o Expresso ter avançado que foi enviado um documento para a Polícia Judiciária e para o Serviço de Informações de Segurança, onde se pode ler que o ministro da Defesa agiu “com ligeireza, quase imprudente”, revelando uma “arrogância quase cínica”.

“Relativamente à notícia hoje publicada pelo jornal Expresso intitulada ‘relatório explosivo sobre Tancos arrasa poder político e militar’ e que está a ter eco em outros órgãos de comunicação social, vem o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) informar que o seu Centro de Informações e Segurança Militar (CISMIL) não produziu qualquer relatório sobre o assunto“, de acordo com um comunicado das Forças Armadas.

Entretanto, o jornal colocou um esclarecimento no seu site, em que reitera que “o documento existe e é verdadeiro”. E acrescenta: “em relação ao comunicado divulgado este sábado pelo Estado-Maior General das Forças Armadas, o Expresso reafirma que em momento algum atribui ou atribuiu o documento a que teve acesso ao Centro de Informações e Segurança Militar (CISMIL), mas sim a serviços de informações militares”.

De acordo com o Expresso (acesso pago), no documento de 63 páginas, que terá sido elaborado em julho, um mês depois de ter sido anunciado o assalto, os autores classificam o incidente de Tancos como algo de “extrema gravidade, devendo ser investigado e definidas todas as consequências”. Ao longo do relatório, o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, e o Chefe de Estado-Maior do Exército, o general Rovisco Duarte, são acusados de terem falhado “ao não terem dado aos paióis o tratamento de infraestrutura crítica no âmbito da sua proteção”.

Tanto António Costa como Marcelo Rebelo de Sousa afirmaram desconhecer a existência deste relatório. “A única coisa que queria dizer é que desconheço em absoluto esse relatório“, afirmou o primeiro-ministro. O Presidente da República afirmou não conhecer o documento, mas insistiu que é necessário esclarecer o que se passou com o furto de armas em Tancos, nomeadamente “se houve ou não atuação criminal, em que é que se traduziu e quem são os responsáveis”.

O mesmo à esquerda, com a deputada bloquista Catarina Martins a argumentar que não pode comentar um relatório que não conhece. Já à direita, Assunção Cristas veio afirmar que o “ministro da Defesa não esteve à altura do seu lugar”, enquanto Passos Coelho perguntou se “temos de comprar o Expresso ao sábado para saber o que se passa com o Orçamento, para saber o que passa com os paióis militares, para termos as notícias que o Governo tem a obrigação de prestar ao Parlamento?”

(Notícia atualizada às 21h22 com um esclarecimento do jornal Expresso)

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Autárquicas: Marcelo pede aos eleitores que não se abstenham

  • Lusa
  • 23 Setembro 2017

O Presidente da República apelou aos eleitores que "usem a arma do voto". Marcelo diz que quem não vota "não pode queixar-se dos autarcas".

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apelou aos eleitores que “usem a arma do voto” e não se abstenham nas eleições autárquicas, marcadas para o próximo dia 1 de outubro.

“Espero, e apelarei a isso no final da campanha, que não haja muita abstenção” porque “quem não usa a arma do voto, acaba por desperdiçar essa arma”, frisou o presidente da República.

Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas durante uma visita que hoje efetuou a Serralves, no Porto, onde decorre até domingo a Festa do Outono, que inclui atividades criativas e educativas, com entrada gratuita.

“É bom para a Democracia que quando se trata de escolher aqueles que estão mais próximos do povo, que são as juntas, as assembleias de freguesia, as câmaras e as assembleias municipais, que as pessoas se interessem, porque se se desinteressam depois não se podem queixar dos autarcas”, referiu.

Marcelo Rebelo de Sousa considerou ainda que quem não vai votar, depois não tem autoridade para dizer “olha afinal, se eu tivesse votado, tinha sido diferente”.

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Menos dívida e impostos e maior foco na bolsa. O que cinco personalidades querem ver no próximo OE

E se eu fosse ministro das Finanças? O ECO colocou essa pergunta a cinco personalidades da economia que deixaram as suas propostas para o Orçamento do Estado que o Governo apresenta no próximo mês.

Abel Sequeira Ferreira (AEM), Pedro Carreira (Continental/Mabor), Nuno Amado (BCP), João Duque (ISEG) e Paulo Pereira da Silva (Renova) dão os seus contributos para o OE2018.ECO

O que têm em comum Nuno Amado, Paulo Pereira da Silva, Pedro Carreira, Abel Ferreira ou João Duque? À primeira vista, muito pouco. São líderes do BCP, da Renova, da Continental/Mabor, presidente da AEM e professor do ISEG que o ECO encontrou nos Investor Relations & Governance Awards (IRGA), prémios da Deloitte que distinguem quem se destaca nas relações com os investidores. E, como figuras de topo, quisemos saber o que querem ver no Orçamento do Estado para 2018.

A menos de um mês da entrega da proposta na Assembleia da República, e numa altura em que os partidos da esquerda definem como principais bandeiras na negociação com o Governo alterações no IRS, descongelamento das carreiras na função pública ou integração de trabalhadores precários, para Nuno Amado, o foco deve estar na contenção da despesa. Os empresários, por seu lado, apelam a um alívio na fiscalidade.

Fique a conhecer as propostas de cinco personalidades sobre quais devem ser as prioridades que António Costa e o ministro Mário Centeno deviam incorporar na estratégia orçamental para o próximo ano, isto numa altura em que o défice deste ano se encaminha para os 1,5% previstos pelo governo e a economia acelera a bom ritmo: cresceu 3% no primeiro semestre.

Amado recomenda contenção da despesa pública

“A minha proposta é que a despesa pública seja contida a um nível que, face ao Produto Interno Bruto (PIB), seja igual ou inferior à deste ano”, recomenda o presidente do BCP. “Não é austeridade. É a continuação de um plano sustentável a médio e longo prazo para o nosso país”, frisa Nuno Amado.

É isso que o Governo espera que venha a acontecer nos próximos anos. De acordo com o Programa de Estabilidade 2017-2021, a despesa das Administrações Públicas deverá terminar o ano nos 44,8% do PIB, descendo gradualmente para 41,7% nos próximos anos. Em 2018, a despesa pública cairá para 44%, menos 0,8 pontos face a este ano.

"A minha proposta é que a despesa pública seja contida a um nível que, face ao Produto Interno Bruto (PIB), seja igual ou inferior à deste ano. Não é austeridade. É a continuação de um plano sustentável a médio e longo prazo para o nosso país.”

Nuno Amado

Presidente do BCP

Nuno Amado (BCP) recomenda cautela na gestão da despesa pública.Paula Nunes/ECO

Continental/Mabor pede alívio fiscal para exportadoras

Para Pedro Carreira, presidente do conselho de administração da Continental/Mabor, “uma redução da carga fiscal das empresas, sobretudo das empresas exportadoras, seria uma coisa boa”.

Será uma medida de difícil implementação para o Governo, não só em termos de impacto nas contas públicas, mas sobretudo porque não será bem recebida pelos partidos da esquerda. Bloco de Esquerda e PCP pretendem exatamente o contrário: querem agravar os impostos sobre as grandes empresas, defendendo um aumento da derrama estadual aplicada às empresas com maiores lucros.

Deste modo, defendem bloquistas e comunistas, seria possível aumentar a receita fiscal em 100 milhões que serviriam para promover uma descida do IRS.

“Deixem as empresas respirar”, diz presidente da Renova

Paulo Pereira da Silva apresenta uma proposta semelhante: “Deixem as empresas respirar em termos fiscais”. Mas a componente fiscal é apenas uma das razões de queixa do presidente da Renova, que reclama uma maior desburocratização. “Têm sido dados passos nesse sentido. Simplificar, simplificar e simplificar. É o que peço”, sublinha Paulo Pereira da Silva.

O gestor reconhece trabalho ao Governo de António Costa, mas pede consolidação dos resultados obtidos até ao momento. “Pediria muita consistência com o que já está feito, ter um Orçamento para cumpri-lo. São tantas as propostas que gostava de ver no Orçamento que tenho muita dificuldade em nomeá-las”, acrescenta o líder da Renova.

"Pediria para deixar respirar as empresas em termos fiscais, em termos de simplificação das suas vidas. Têm sido dados passos nesse sentido. Simplificar, simplificar e simplificar. É o que peço.”

Paulo Pereira da Silva

Presidente da Renova

Paulo Pereira da Silva (Renova) pede maior liberdade para as empresas.Paula Nunes / ECO

Economista João Duque quer eliminação do IMT

O economista João Duque é mais concreto: “Uma medida para o orçamento: acabar com o Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT)”. Porquê? “É um imposto que não faz sentido. Tributar uma transação de um stock património não faz sentido. Faria mais sentido tributar um fluxo. Agora, a mudança de propriedade não faz sentido que seja taxada”, explica o presidente do ISEG.

O IMT é um imposto municipal incidente sobre as transmissões onerosas de bens imóveis situados em território português. Sobre tais transmissões poderá ainda incidir Imposto do Selo. O valor desta taxa depende do tipo de imóvel. Por exemplo, prédios urbanos exclusivamente destinados a habitação própria e permanente pagam entre 0% e 6%. Outros prédios urbanos e outras aquisições onerosas têm taxa de 6,5%.

"Uma medida para o orçamento: acabar com o Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis. É um imposto que não faz sentido. Tributar uma transação de um stock património não faz sentido. Faria mais sentido tributar um fluxo. Agora, a mudança de propriedade não faz sentido que seja taxada.”

João Duque

Presidente do ISEG

Associação de Emitentes quer atrair empresas para a bolsa

O mercado de capitais não foi esquecido. Abel Sequeira Ferreira, presidente a Associação Empresas Emitentes Valores Cotados Mercado (AEM), recomenda ao Executivo maior atenção no que toca à promoção da bolsa como forma de financiamento das empresas em detrimento da dívida.

“Precisamos urgentemente de ter um tratamento fiscal mais atrativo e mais amigo dos investidores e das empresas para revitalizar o nosso mercado de capitais”, sugere o presidente da AEM.

“Tem de haver algum tipo de incentivo às empresas que queiram financiar-se no mercado, com algum tipo de majoração que permita às empresas que encontrem uma vantagem naquilo que é o método de capitalização face ao endividamento”, concretizou Abel Sequeira Ferreira.

"Tem de haver algum tipo de incentivo às empresas que queiram financiar-se no mercado, com algum tipo de majoração que permita às empresas que encontrem uma vantagem naquilo que é o método de capitalização face ao endividamento.”

Abel Sequeira Ferreira

Presidente AEM

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Tancos: Costa desconhece relatório, BE quer explicações. PSD ataca Governo

  • Rita Atalaia e Lusa
  • 23 Setembro 2017

Da esquerda à direita, os partidos estão a reagir às conclusões de um relatório sobre Tancos. António Costa diz "desconhecer", BE quer esclarecimentos e PSD acusa Governo de "tiques de autoritarismo".

O serviço de informações militares critica a atuação do ministro da Defesa no caso do roubo de armamento na base de Tancos. Num relatório, enviado para a Polícia Judiciária e para o Serviço de Informações de Segurança, pode ler-se que Azeredo Lopes agiu “com ligeireza, quase imprudente”, revelando uma “arrogância quase cínica”. Um documento que António Costa diz desconhecer “em absoluto”, a bloquista Catarina Martins afirma continuar “a aguardar esclarecimentos” do Governo. Passos Coelho ataca o Executivo e quer respostas de Marcelo Rebelo de Sousa.

De acordo com o Expresso (acesso pago), o documento de 63 páginas, que terá sido elaborado em julho, apenas um mês depois de ter sido anunciado o assalto, as secretas classificam o incidente de Tancos como algo de “extrema gravidade, devendo ser investigado e definidas todas as consequências”. Mas o primeiro-ministro recusa-se a comentar no detalhe o assunto “no meio de uma campanha eleitoral”. “Obviamente que não vou tratar assuntos desta relevância no meio de uma campanha eleitoral. A única coisa que queria dizer é que desconheço em absoluto esse relatório“, vincou Costa, falando em Lagos numa ação de campanha para as autárquicas de 1 de outubro.

Do lado dos partidos que apoiam o Executivo, a líder do Bloco de Esquerda diz continuar a “a aguardar esclarecimentos cabais do Governo” sobre o furto de armas em Tancos, mas escusou-se a comentar o relatório dos serviços informações militares sobre o caso. “Como compreende eu não posso comentar um relatório que não conheço. O relatório é secreto, é dos serviços de informações, há notícias sobre o relatório, mas nós não conhecemos o relatório. Sobre essa matéria não posso dizer absolutamente nada”, respondeu Catarina Martins aos jornalistas durante uma ação de campanha autárquica em Amarante, distrito do Porto.

Já o líder do PSD acusa o Governo de “tiques de autoritarismo” por ocultar ao Parlamento informações sobre o furto de material de guerra em Tancos e questionou se o Presidente da República está a par do relatório. “Não sei se o senhor Presidente da República está a par do que se passa, mas o Parlamento não sabe de nada, temos de comprar o Expresso ao sábado para saber o que se passa com o Orçamento, para saber o que passa com os paióis militares, para termos as notícias que o Governo tem a obrigação de prestar ao Parlamento?”, questiona.

Assunção Cristas diz que este episódio “é muito grave”. Segundo a TSF, a líder centrista refere que “este relatório vem confirmar aquilo que foi sempre a preocupação e a linha do CDS, quando afirmou que o ministro da Defesa não esteve à altura do seu lugar e das suas responsabilidades“.

Sobre este relatório, Marcelo Rebelo de Sousa diz, em declarações transmitidas pela SIC Notícias, desconhecer o documento. Mas o Presidente realça que quer ver este caso esclarecido, mantendo assim a posição que desde a primeira hora tem vindo a veicular. Logo após o assalto a Tancos, Marcelo disse que queria que fosse feita uma investigação até às últimas consequências.

(Notícia atualizada às 15h30 com a reação do CDS)

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Moody’s desce rating do Reino Unido. Culpa é do Brexit

  • Lusa
  • 23 Setembro 2017

A Moody's já não está confiante de que o Governo vai conseguir um acordo de comércio livre com a União Europeia que assegure que as consequências negativas do Brexit sejam substancialmente mitigadas.

A agência de notação financeira Moody’s desceu o rating do Reino Unido, apresentando como razões a saída da União Europeia (Brexit), uma economia em dificuldades e a enfraquecida posição política da primeira-ministra, Theresa May.

A agência de notação financeira desceu o rating do Reino Unido em um nível, para Aa2, o terceiro melhor na escala de recomendação de investimento, seguindo o exemplo das outras duas grandes agências de rating, que desceram a avaliação do risco da dívida soberana pouco depois do referendo sobre a saída do Reino Unido, em 2016.

Este é, no entanto, o primeiro corte desde as eleições deste ano, nas quais Theresa May perdeu a maioria parlamentar e ficou obrigada a fazer compromissos orçamentais com os outros partidos, nota a agência de informação financeira Bloomberg.

“A Moody’s já não está confiante de que o Governo do Reino Unido vai conseguir um acordo de comércio livre com a União Europeia que assegure que as consequências negativas do Brexit sejam substancialmente mitigadas”, escrevem os analistas na nota que acompanhou a decisão da agência, na sexta-feira ao final do dia.

A Moody’s espera um enfraquecimento das finanças públicas, em parte devido ao crescimento económico estar a abrandar, mas que reflete também “as crescentes pressões políticas e sociais para aumentar a despesa depois de sete anos de cortes orçamentais”.

“O Brexit é um empreendimento extremamente complexo e vai dominar o processo de decisão política nos próximos anos”, disse a analista que segue o Reino Unido, vincando que “é difícil imaginar o Governo a conseguir focar-se em qualquer outra coisa”.

Na resposta à análise da Moody’s, o Governo de May disse que o relatório estava desatualizado face ao discurso que a primeira-ministra proferiu na sexta-feira à tarde, em Florença.

Nele, segundo o Governo, May apresentou uma “visão ambiciosa” para o país e para o processo de saída da União Europeia, o que mostra que o executivo “não está complacente com os desafios no futuro, mas sim otimista”.

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