Governo vai melhorar proposta para reformas antecipadas

  • ECO
  • 20 Abril 2017

O Executivo de António Costa deverá propor a possibilidade de reformas antecipadas sem penalização com 60 anos de idade e 46 de descontos.

O Governo vai alterar a proposta do regime de reformas antecipadas que irá levar à Concertação Social em maio, para incluir no diploma algumas das reivindicações dos parceiros sociais. A notícia é avançada pelo DN/Dinheiro Vivo, que detalha que, entre as alterações, está uma versão mais generosa das saídas antecipadas sem penalização.

Segundo o mesmo jornal, a proposta final será apresentada aos parceiros sociais a 4 de maio.

A atual proposta em cima da mesa prevê que a reforma antecipada sem qualquer penalização só possa ocorrer quando a pessoa tenha 60 anos de idade e 48 de descontos. Esta poderá ser a maior alteração a ser apresentada na concertação social: baixar os anos de carreira para 46.

Contudo, essa alteração não será suficiente para os parceiros. A UGT, por exemplo, defende que 60 anos de idade e 40 de carreira são suficientes para que haja reforma sem qualquer penalização. A central sindical opõe-se, também, à intenção do governo de aplicar o novo regime de forma faseada.

A CGTP, por seu lado, critica a manutenção da penalização de 0,5% nas reformas antecipadas e exige a sua eliminação, defendendo ainda que a idade legal da reforma deve regressar aos 65 anos.

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Porto foi a cidade que mais cresceu em receitas turísticas

  • Lusa
  • 20 Abril 2017

Num total de 17 analisadas, a cidade será a que mais crescerá em receitas turísticas este ano e em 2018, segundo um estudo da consultora PwC, que será hoje apresentado.

O estudo “European cities hotel forecast 2017-2018” indicou que o Porto deverá apresentar uma subida de 15% do rendimento médio por quarto disponível (RevPAR) este ano, enquanto em 2018 deverá protagonizar a única subida de dois dígitos (12,8%).

Segundo o trabalho, o “Porto ainda não é das cidades mais bem colocadas em termos de valores absolutos, tendo, por conseguinte, um espaço considerável para crescimento”.

Já no que se refere às taxas de ocupação, “deverão aumentar consistentemente, tal como o ADR (preço médio diário) e o RevPar”, lê-se no comunicado da PwC sobre o estudo, que justifica as subidas com o aumento da confiança na economia nacional, a continuidade dos eventos culturais e de saúde no Porto.

Lisboa, por sua vez, deverá ter o 5.º maior crescimento em 2017, com 5,6%, e em 2018, com 6.80%, em termos de RevPAR.

“A algo limitada nova oferta e as grandes conferências e eventos planeados na cidade de Lisboa devem fazer aumentar o preço médio, levando os níveis de ocupação a atingirem máximos históricos na cidade”, segundo a PwC.

O crescimento do RevPAR das cidades é impulsionado pela combinação entre o crescimento do preço médio diário (ADR) e do aumento da taxa de ocupação.

Em termos de ‘rankings’ absolutos, Dublin deverá manter-se como a cidade com a maior taxa de ocupação efetiva nos anos de 2017 e 2018 e Genebra manterá a liderança em preço médio (ADR) e em RevPAR.

A apresentação desta 6.ª edição do estudo decorrerá hoje no Porto e em Lisboa será a 3 de maio, em parceria com a Associação de Hotelaria de Portugal, a Associação de Turismo do Porto e a Associação de Turismo de Lisboa.

As cidades foram selecionadas pelo seu “caráter de relevância na Europa, podendo verificar-se a presença de cidades de passagem e/ou centros de negócios e de turismo, estando algumas na rota para se tornarem megacidades num futuro próximo”.

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5 coisas que precisa de saber antes de abrirem os mercados

  • Marta Santos Silva
  • 20 Abril 2017

Mantenha o petróleo debaixo de olho e fique atento à economia portuguesa com os novos dados do INE. E a Jerónimo Martins apresenta resultados, que se esperam positivos.

Enquanto a Jerónimo Martins deverá apresentar resultados positivos, o mesmo não se espera do petróleo, que pode demorar a recuperar do trambolhão que deu esta quarta-feira. Saiba o que deve esperar para este dia nos mercados.

Como é que a Jerónimo Martins arrancou em 2017?

A Jerónimo Martins apresenta resultados esta quinta-feira do seu primeiro trimestre do ano — embora só depois de fechar a bolsa. A dona do Pingo Doce deverá apresentar um crescimento dos lucros, mas de apenas 1% em relação ao mesmo período do ano passado. A unidade polaca, a Biedronka, deverá compensar as perdas na Colômbia — a rubrica onde está inserida a operação colombiana da cotada deverá registar prejuízos 11 milhões de euros mais altos, estimam os analistas do BPI.

Uma radiografia à economia portuguesa

O INE revela hoje a sua mais recente síntese económica de conjuntura, que permite perceber, à lupa, o que se passa dentro das fronteiras do rectângulo: o instituto de estatística antecipa, neste relatório, quais vão ser as tendências da procura, do rendimento, da produção e dos preços, permitindo perceber melhor o que vem aí.

De olhos postos no petróleo

Após a revelação inesperada de que as reservas de gasolina nos Estados Unidos aumentaram — e mesmo em cima do princípio da época de férias que vai pôr mais americanos na estrada — o petróleo caiu a pique, desvalorizando mais de 3% tanto em Londres como em Nova Iorque, e arrastou mesmo consigo a bolsa de Wall Street. Falta ver se a queda continua ou se esta quinta-feira vai marcar um dia de recuperação.

FMI: Gaspar explica o Fiscal Monitor

As mais recentes previsões estão ligeiramente melhores mas ainda pessimistas. Hoje, Vítor Gaspar explica numa conferência de imprensa às 14:30 o que o Fundo Monetário Internacional (FMI) antevê afinal para os próximos anos no seu relatório bandeira, o Fiscal Monitor. Em antecipação, leia o texto que o ECO preparou que compara as previsões do FMI com as do Governo para perceber de onde vem todo o pessimismo.

Como está a confiança dos consumidores na Zona Euro?

A recuperar lentamente desde o trambolhão do Brexit, como está agora a confiança dos consumidores na Zona Euro? O relatório mensal da Comissão Europeia mostra esta quinta-feira o ponto de situação, em vésperas de eleições francesas que também prometem baralhar a política da União Europeia.

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Poiares Maduro vs Pedro Marques: os fundos da discórdia

Partilham a experiência de tutelar os fundos comunitários. Poiares Maduros e Pedro Marques têm visões bastante diferentes sobre os dossiers. Os diferentes ângulos de análise podem gerar confusão.

Pedro Marques, ministro do Planeamento e Infraestruturas (à esq) e Miguel Poiares Maduro, ex-ministro adjunto e do Desenvolvimento Regional (à dir).Fotomontagem de Raquel Sá Martins

Não é a primeira nem será a ultima vez que os fundos comunitários são usados como arma de arremesso político. A mais recente foi protagonizada pelos dois últimos titulares da pasta: o ex-ministro Miguel Poiares Maduro e o atual ministro Pedro Marques. Os ângulos de ataque foram essencialmente três: execução dos fundos, formação profissional e a relevância da contrapartida nacional no cumprimento do défice.

Vamos por partes.

Execução dos fundos comunitários

Em entrevista ao ECO, Poiares Maduro, o ministro do Desenvolvimento Regional de Pedro Passos Coelho, rejeitou liminarmente que houvesse qualquer tipo de atrasos na execução do Portugal 2020. “É totalmente falso” que o anterior Governo não tenha deixado nada preparado para executar os fundos europeus, disse o responsável.

“Quanto ao Portugal 2020, a comparação com o ano equivalente do QREN revela que a execução foi mais do dobro. No QREN foi 1,9%, no Portugal 2020 foi 4,5%. São dados públicos. Como é que foi tão mau se foi mais do dobro do programa anterior?”, questionou Poiares Maduro.

Quanto ao Portugal 2020, a comparação com o ano equivalente do QREN revela que a execução foi mais do dobro. No QREN foi 1,9%, no Portugal 2020 foi 4,5%. São dados públicos. Como é que foi tão mau se foi mais do dobro do programa anterior?

Miguel Poiares Maduro

Ex-ministro do Desenvolvimento Regional

O ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, no ECO Talks, rejeita esta comparação que classifica de “habilidade e truques” que “põem em causa a credibilidade de quem faz comparações assim”. O atual ministro desmonta esta comparação explicando que Poiares Maduro está “a contar no Portugal 2020 com os fundos da agricultura e não contar com eles no QREN”. A não contabilização no QREN dos fundos de desenvolvimento rural era a metodologia seguida já que estavam “numa gaveta à parte” e por regra, o Executivo tenta divulgar os valores em separado (só Feder e Fundo Social Europeu) para que as bases sejam comparáveis.

Compreendo e respeito o meu antecessor, mas há ali umas habilidades, truques. Contar no Portugal 2020 com os fundos da agricultura e não contar com elas no QREN… A credibilidade de quem faz comparações assim cai completamente por terra.

Pedro Marques

Ministro do Planeamento e Infraestruturas

Outro nível de análise tem a ver as dinâmicas dos próprios quadros comunitários. Ou seja, o QREN começou com atrasos, mas o Portugal 2020 também. Em ambos os casos foi necessário negociar com Bruxelas primeiro o Acordo de Parceria e depois os Programas Operacionais. No Portugal 2020, o país esteve sempre entre os primeiros a concluir essas negociações. Depois foi necessário definir os regulamentos dos PO e só a partir desse momento foi possível começar a lançar concursos. Os primeiros ainda aconteceram em novembro de 2014.

É inquestionável que a velocidade cruzeiro do Portugal 2020 começou a ser atingida em 2016 e que os níveis recorde de candidaturas de empresas o ano passado revelaram o grande apetite dos privados para investir — em cada concurso foram apresentadas propostas de investimento superiores a três mil milhões de euros, sublinhou Pedro Marques — permitindo ao Executivo terminar o ano com pagamentos diretos às empresas de 450 milhões de euros. Agora o ritmo de pagamento mensal às empresas já vai em 80 milhões de euros.

Mas a execução do Portugal 2020 como um todo, ou seja dos 25,79 mil milhões de euros, é mais alta do que a execução da fatia direcionada às empresa (Sistema de Incentivos). No final de 2016, a taxa de execução do quadro era de 11% e do Sistema de Incentivos 9,3%.

Mas Pedro Marques leva as críticas mais longe a Poiares Maduro porque, diz, o anterior Governo “endogeneizou nos fundos comunitários muita despesa do Ministério da Educação”. “O Executivo chegou ao fim do QREN sem dinheiro para implementar uma série dessas medidas. E passou automaticamente para o Portugal 2020 uma parte dessa execução”, disse no ECO Talks.

O ministro considera que a comparação com o QREN deve ser feita sem estes dois fatores: as operações validadas no QREN que transitaram para o PT2020 relativas a ensino profissional e a bolsas no Ensino Superior e os valores do PDR. Assim, os 4,5% de execução do Portugal 2020 apontados por Poiares Maduro descem para 0,85%, que então compraram com 1,9% de execução do QREN no mesmo período, segundo contas do gabinete de Pedro Marques.

Contudo, também no QREN houve operações que transitaram de quadro. Por isso, o mais correto será comparar uma taxa de execução de 3,6% do Portugal 2020 (sem PDR) com os 1,9% do QREN.

Num ponto ambos os responsáveis concordam: Portugal compara bem a nível comunitário em termos de execução. “Há pouco tempo estive numa conferência com a comissária europeia da Política Regional e ela lembrou-me que o primeiro país que tinha visitado foi Portugal por ser o que estava mais avançado na execução dos fundos europeus. E estava um ano adiantado em relação aos outros países”, contou Poiares Maduro ao ECO. No final de 2015 Portugal liderava a nível europeu a execução dos fundos e, no final de 2016, estava em segundo lugar. Portugal foi, inclusivamente, o país que inaugurou o sistema informático do quadro 2014-2020, confirmou o ECO.

“Portugal é historicamente um país bom executor de fundos, é reconhecido por isso por Bruxelas”, frisou por seu turno Pedro Marques.

Por isso, Poiares Maduro lamenta que o primeiro-ministro tenha criado “uma narrativa”, repetindo que “há atraso, apesar de ser muito fácil de verificar que não tem qualquer correspondência na realidade”. E exemplifica: “Em outubro ou novembro de 2015, pusemos a concurso mais de 8 mil milhões. Isso dá bem a ideia de que não havia nenhum atraso”.

De recordar que o atual Governo optou por adotar medidas de aceleração dos fundos comunitários, tanto para empresas como para as câmaras.

Formação profissional

A formação profissional é outro dos pomos da discórdia. Poiares Maduro reafirmou a opção política de “criar os incentivos certos” para que “a formação gere trabalho, emprego e melhore a competitividade das empresas e os salários dos trabalhadores”.

“Uma das maiores dificuldades que tivemos no Governo foi com as associações empresariais, por termos imposto a obrigatoriedade de haver uma comparticipação das empresas no domínio da formação-ação. Porque antes não havia essa comparticipação. O Estado financiava a 100% esse tipo de formação. E muita dessa formação era artificial. Como as empresas não tinham que investir nada, davam o nome e muita da formação era na melhor das hipóteses sem grande qualidade. Foi uma negociação difícil, mas impusemos essa contrapartida”, contou o ex-ministro adjunto e do Desenvolvimento Regional.

Uma das maiores dificuldades que tivemos no Governo foi com as associações empresariais, por termos imposto a obrigatoriedade de haver uma comparticipação das empresas no domínio da formação-ação. O Estado financiava a 100% esse tipo de formação. E muita dessa formação era artificial.

Miguel Poiares Maduro

Ex-ministro do Desenvolvimento Regional

O atual Governo entende que a aposta na formação profissional, através do programa Qualifica, “é uma reforma estrutural que voltou agora”. Pedro Marques garante que esta “não é uma continuidade” face às Novas Oportunidades, mas sim uma reforma estrutural.

“Não foi uma opção da troika interromper a formação de adultos em Portugal. Nunca vi a troika, com quem reuni de três em três meses enquanto deputado, dizer que era preciso pôr em causa o esforço de qualificação de adultos”, rematou o ministro no ECO Talks.

Não foi uma opção da troika interromper a formação de adultos em Portugal. Nunca vi a troika, com quem reuni de três em três meses enquanto deputado, dizer que era preciso pôr em causa o esforço de qualificação de adultos.

Pedro Marques

Ministro do Planeamento e das Infraestruturas

No quadro anterior, o QREN, houve 2,5 milhões de formandos, segundo Poiares Maduro. “Muitas vezes foram as mesmas pessoas que tiveram mais do que uma formação, o que, em si mesmo, também é já um indicador por estarem a fazer tantas formações sem conseguirem obter um emprego. Não foi por falta de formação [que não se melhoraram as qualificações]. Se olharmos para as estatísticas europeias, estamos acima da média europeia ao longo de muitos anos em matéria de investimento relativo do país na formação”, acrescentou o ex-ministro.

O Programa Qualifica é financiado em 50 milhões pelos fundos comunitários, através do Programa Operacional Capital Humano, e 59 milhões do Orçamento Nacional. Estes 50 milhões de euros de apoio aos centros Qualifica vão ser distribuídos em duas fases: a primeira com 40 milhões e a segunda com dez. Isto compara com o apoio de 11,2 milhões de euros concedidos aos anteriores centros. Apoios que são concedidos a fundo perdido.

Fundos comunitários e o cumprimento do défice

A polémica não é de agora. O Governo de António Costa tem sido sucessivamente acusado de ter reduzido os níveis de investimento público para conseguir cumprir as metas de consolidação orçamental. Uma redução que terá posto em causa a execução dos fundos comunitários já que requerem uma percentagem de comparticipação nacional.

Miguel Poiares Maduro verbaliza essa crítica: “Não tenho dúvidas que o défice público só foi cumprido devido a corte de investimento. E isso teve consequências ao nível do Portugal 2020, porque há uma contrapartida que tem que ser assegurada pelo orçamento nacional e que este Governo não estava em condições de assegurar”.

Não tenho dúvidas que o défice público só foi cumprido devido a corte de investimento. E isso teve consequências ao nível do Portugal 2020, porque há uma contrapartida que tem que ser assegurada pelo orçamento nacional e que este Governo não estava em condições de assegurar.

Miguel Poiares Maduro

Ex-ministro do Desenvolvimento Regional

O ministro Pedro Marques refuta-a. A crítica “não faz sentido porque a taxa de comparticipação dos fundos é de 85%. Não tivemos a despesa de 25%, mas também não tivemos a receita de 85%”.

[A crítica] não faz sentido porque a taxa de comparticipação dos fundos é de 85%. Não tivemos a despesa de 25%, mas também não tivemos a receita de 85%.

Pedro Marques

Ministro do Planeamento e das Infraestruturas

Ora de facto o corte de investimento que o Executivo fez em 2016 comprometeu a execução dos fundos. O Conselho das Finanças Públicas sublinha que “no que se refere à receita não fiscal e não contributiva assinala-se a divergência na previsão [face ao Orçamento do Estado para 2016] da ‘outra receita corrente’ e da ‘receita de capital’, cujo desvio conjunto representa mais de três quartos do desvio da receita total, dos quais um terço reflete o menor volume de ajudas ao investimento provenientes da União Europeia”.

Contudo, as verbas que Portugal recebe da Comissão Europeia, no âmbito do Portugal 2020 são neutras do ponto de vistas das contas públicas. Ou seja, são contabilizadas como receita e como despesa.

Usando o exemplo citado por Pedro Marques: um projeto de 100 milhões de euros comparticipado a 85% pelos fundos comunitários, pesaria aos cofres do estado em 15 milhões. Os 85 milhões remanescentes são neutros do ponto de vista das contas. Mas claro teriam um efeito positivo na economia, já que é esse o propósito dos investimentos feitos com fundos comunitários.

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Orçamento Participativo será para repetir. E vai ter mais dinheiro

  • Lusa
  • 19 Abril 2017

António Costa diz "que é possível contar com a mobilização dos cidadãos para dar ideias para termos um país melhor”. O Orçamento Participativo deste ano conta com cerca de mil propostas.

O primeiro-ministro, António Costa, afirmou, no Porto, que o Orçamento Participativo Portugal (OPP), realizado pela primeira vez este ano, será para repetir em 2018 e com mais dinheiro. O deste ano conta com cerca de mil propostas.

“Independentemente daquilo que venha a ser o resultado final, já estamos convencidos de que é possível ter um Orçamento Participativo à escala nacional, que é possível contar com a mobilização dos cidadãos para dar ideias e de que a partir dessas ideias teremos um país melhor”, disse durante o encerramento da fase de apresentação de propostas para o OPP, realizada na Fundação de Serralves.

O chefe de Governo adiantou que esta iniciativa permitiu ao Governo perceber melhor o que é importante e prioritário para os cidadãos, sublinhando que puderam aperceber-se que o que o Governo julgava prioritário não está “de todo” nas prioridades das pessoas, e vice-versa.

António Costa considerou que este diálogo é “muito enriquecedor” e uma “grande ajuda” à compreensão mútua, porque ajuda a ter uma democracia melhor compreendida por todos e, isso, melhora a sua qualidade.

A democracia não se faz apenas de quatro em quatro anos, a vida da democracia é alimentada todos os dias pela forma como cada um dos portugueses participa na vida democrática, motivo pelo qual o OPP é um desafio “tão aliciante”, salientou.

“Eu confesso que quando me lançaram o desafio tive muito receio de como seria fazer este exercício a nível nacional, mas a experiência foi extraordinária”, entendeu.

Para António Costa, estes 50 encontros por todo o país tiraram as pessoas de casa, juntaram-nas à volta de uma mesa, obrigaram-nas a discutir ideias, numa experiência que enriquece a democracia.

“Uma coisa é estar em casa e dizer o que nos apetece de forma anónima nas redes sociais, outra coisa completamente diferente é sair do sofá e vir a uma sala debater as ideias”, explicou.

O chefe do Governo agradeceu a participação de todos e apelou a que votem no período de votação naquelas que julgam ser as melhores propostas para ajudar o país a ter uma melhor ciência, justiça, cultura, agricultura e administração interna.

Através do OPP, os cidadãos podem decidir como investir três milhões de euros nas áreas da cultura, ciência, educação e formação de adultos e agricultura. Nas regiões autónomas, podem decidir nas áreas da justiça e administração interna.

A elaboração e discussão de propostas ao OPP encerram a 21 de abril e, entre 24 de abril e 12 de maio, será feita a sua análise técnica e transformação em projetos por cada um dos ministérios, secretarias regionais e serviços. Há, no total, cerca de mil propostas.

Posteriormente, entre 01 de junho e 15 de setembro, decorrerá a fase de votação e, nesse último mês, a apresentação pública dos vencedores.

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Petróleo a cair a pique arrasta bolsa de Nova Iorque

  • Marta Santos Silva
  • 19 Abril 2017

O mergulho do preço do petróleo levou consigo os índices de referência de Wall Street. Já o dólar fortaleceu-se, registando mesmo o maior salto mais alto dos últimos seis meses.

As bolsas norte-americanas fecharam no vermelho devido à queda acentuada das cotações do petróleo, que desvalorizavam a mais de 3% após uma atualização dos inventários de gasolina dos Estados Unidos. Dos três principais índices norte-americanos, só o tecnológico Nasdaq se salvou, mas por pouco: o índice subiu apenas 0,23%.

O índice de referência de Wall Street, o S&P 500, caiu 0,27% para os 2.335,85 pontos, acompanhado pelo Dow Jones. O índice industrial foi o que teve a queda mais acentuada dos três, em parte devido à derrapagem das ações da IBM, que chegou a cair 5%. O Dow Jones caiu assim 0,58% para os 20.403,81 pontos. O Nasdaq, por sua vez, ficou-se nos 5.863,04 pontos.

A vaga vermelha deveu-se ao aumento, ao contrário do que se esperava, dos inventários de gasolina nos Estados Unidos para 1,54 milhões de barris após nove semanas a cair, o que levou o petróleo a descer mais de 3% nos mercados internacionais. O Brent, em Londres, deslizava 3,78% para os 52,87 dólares, enquanto o WTI em Nova Iorque caía 3,85% para os 50,39 dólares por barril. O impacto do aumento das reservas de gasolina faz-se sentir com especial força por chegar no princípio da época de férias — a que os norte-americanos chamam driving season por pôr muitos mais carros nas estradas.

Wall Street contrariou a tendência positiva europeia, com a onda de otimismo a seguir-se à convocação de eleições por Theresa May para junho, no Reino Unido. A aproximação das eleições incertas em França também tem afetado os mercados. “Continuamos muito vulneráveis a riscos políticos”, disse Christopher Jeffery, analista da Legal & General Investment Maganement em Londres, à Bloomberg.

“As sondagens da primeira volta das eleições francesas estão muito próximas. Não temos indicação de como se vai resolver o drama na Coreia do Norte. E estes fatores são mais importantes para nós do que o ir e vir dos resultados a curto prazo”, salientou, apontando para um aumento da volatilidade nos mercados.

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Mexia: Renováveis são principal foco de crescimento da EDP

  • Lusa
  • 19 Abril 2017

O presidente executivo da EDP diz que a OPA recentemente lançada sobre a EDP Renováveis reforça a aposta no segmento das energias renováveis.

O presidente executivo da EDP, António Mexia, diz que as energias renováveis são o principal motor de crescimento da empresa e que a OPA recentemente lançada sobre a EDP Renováveis reforça a aposta nesse segmento.

“Essa operação vai acentuar o principal foco de crescimento da companhia”, afirmou aos jornalistas António Mexia, no final da assembleia geral anual de acionistas da EDP, na qual foram aprovados todos os pontos que constavam na ordem de trabalhos, entre os quais as contas de 2016, com mais de 99% dos votos do capital representado.

Mexia salientou por diversas vezes que, uma vez que está em curso a Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a EDP Renováveis, não pode fazer comentários sobre a operação além dos que já foram apresentados ao mercado.

“É uma fase de silêncio”, afirmou o gestor, depois de ter dito que neste momento a EDP aguarda a aprovação da operação por parte da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Questionado sobre se a OPA foi um tema discutido na reunião magna, Mexia revelou que o negócio foi abordado e que foram apresentadas “as condições que são conhecidas do mercado”.

Segundo o responsável, a EDP “entrou no momento certo” no negócio das renováveis, há cerca de uma década, e a intenção de passar a controlar a totalidade do capital da EDP Renováveis “mantém o perfil” da EDP.

Quanto às vendas anunciadas recentemente pela EDP no segmento do gás (Portgas e Naturgas, em Espanha), Mexia sublinhou que “o ‘timing’ faz todo o sentido”, explicando que são ativos que não eram considerados estratégicos para a atividade da EDP.

“Há escolhas a fazer. A reação do mercado mostra a qualidade destes movimentos e das operações. Podendo falar só da venda, os comparáveis dão mérito a estas operações”, assinalou.

Já Eduardo Catroga, chairman da EDP, destacou que o que está em causa é a venda de “ativos infraestruturais” e que “não há venda do negócio” do gás da companhia, que vai continuar com uma oferta ‘dual’ [no gás e na eletricidade] em Portugal e Espanha.

Catroga aproveitou para destacar a aprovação na reunião magna de todas as propostas por mais de 99% dos votos presentes (o quórum foi de 70%), considerando que tal indica “satisfação dos acionistas com os resultados da empresa”.

E salientou: “Há uma grande estabilidade relativamente aos grandes investidores. Temos 300 mil acionistas, mas temos também um núcleo duro que dá estabilidade acionista, dá estabilidade à gestão e dá estabilidade à estratégia da empresa”.

De acordo com Catroga, “há uma sintonia [entre os acionistas e a equipa de gestão] que é um ponto forte para a EDP”.

Sobre a continuidade dos atuais membros dos órgãos sociais da EDP, quer Mexia, quer Catroga, consideraram que é uma matéria da competência dos acionistas e que ainda é cedo para falar sobre a mesma.

“É uma questão prematura. Estamos focados em alcançar os objetivos estratégicos que constam do plano 2016-2020”, vincou Catroga.

“A minha tarefa é diária. Se os acionistas quiserem [que Mexia continue a liderar a empresa], querem. Se não quiserem, não querem”, lançou Mexia, depois de já ter admitido vontade de continuar no setor energético e na EDP.

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Livro Bege: Economia dos EUA está a crescer “moderadamente”

  • Juliana Nogueira Santos
  • 19 Abril 2017

O relatório da Reserva Federal dá conta de um crescimento "modesto a moderado", impulsionado pela confiança dos consumidores.

“A economia expandiu-se a um ritmo modesto a moderado dos princípios de janeiro até meados de fevereiro”. É assim que Reserva Federal define o estado da economia dos Estados Unidos no seu Livro Bege. Este relatório, disponiblizado oito vezes por ano, agrega os dados das 12 delgações da Reserva Federal dos Estados Unidos e mostra uma melhoria generalizada dos indicadores económicos nacionais.

A prosperidade é coletiva

O relatório da Reserva Federal dá conta de uma economia próspera, com os consumidores a gastarem mais e as vendas a retalho e as vendas automóveis a registarem uma subida moderada. Mais fortes estão também os setores do turismo e da energia.

É assim retratada uma economia que está a manter o ritmo de expansão de “modesto a moderado”, com melhorias que se irão sentir na confiança dos consumidores e das empresas. No entanto, o relatório destaca que os empresários se revelaram menos otimistas em relação às perspetivas a curto prazo, comparativamente ao anterior Livro Bege.

Imobiliário abranda

A registar um crescimento menos expressivo está o mercado imobiliário. As vendas de casas abrandaram e alguns distritos registaram baixos inventórios, o que se assmiu como um obstáculo para a procura.

Os preços das casas aumentaram ligeiramente ou mantiveram-se na maioria das regiões, sendo que a construção, tanto residencial como comercial, aumentou “moderadamente”. Os créditos à habitação também foram mais procurados pelos norte-americanos.

Preços mais altos e mais empregos

O preço dos bens e serviços foi o indicador que mais alterações registou relativamente ao relatório passado. Ainda que a maior parte dos distritos tenha afirmado que os preços subiram “moderadamente”, quatro deles registaram uma subida bastante significativa.

Em termos de emprego, e em paralelo com os dados nacionais que mostram uma melhoria forte da taxa de desemprego, a Reserva Federal dá conta de um crescimento no emprego em quase toda a nação, ainda que dois distritos tenham afirmado que pouco terá mudado.

Os salários também melhoraram “modestamente a moderadamente”. O Livro Bege refere ainda algumas dificuldades registadas neste período e que se prendem com a escassez de trabalhadores para as áreas da informática, do turismo e hotelaria, da construção e das indústrias manufatureiras.

Este aumento generalizado dos preços levou a que a inflação atingisse os 2,1%, um patamar aconselhado pela Fed. Isto, em conjunto com as melhorias constantes da taxa de desemprego, levou a que a Reserva Federal subisse a taxa de juro de referência e anunciasse que vão ocorrer duas subidas ainda este ano.

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EDP e sindicatos chegam a acordo para aumento salarial

  • Lusa
  • 19 Abril 2017

Entre proposta e contraproposta, a EDP e os sindicatos acordaram um aumento dos salários de 1,7% a ter efeito ainda este ano.

A Energias de Portugal (EDP) e a Fiequimetal chegaram hoje a acordo para uma atualização salarial de 1,3% para este ano, revelou Joaquim Gervásio, porta-voz da federação intersindical, à Lusa.

“Chegámos a acordo, mas foi um bocado ‘arrancado a ferros’, porque a empresa não queria dar um aumento significativo aos trabalhadores”, avançou o responsável da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (Fiequimetal).

“Num ano em que a empresa [EDP] subiu os seus lucros em 5,0% [para 961 milhões de euros] e vai aumentar em 3,0% os dividendos distribuídos aos acionistas, andou três meses a oferecer aos trabalhadores um aumento de apenas 0,7%”, realçou Joaquim Gervásio, no final da reunião com a administração em que foi alcançado o acordo para o aumento salarial de 1,3% em 2017 e para o prémio de produtividade.

"Chegámos a acordo, mas foi um bocado ‘arrancado a ferros’, porque a empresa não queria dar um aumento significativo aos trabalhadores.”

Joaquim Gervásio

Porta-voz da Fiequimetal

“Foi o acordo possível. É um aumento na mesma linha do ano anterior e só foi possível com muito esforço”, vincou o porta-voz da Fiequimetal. Inicialmente, os sindicatos que integram esta federação pediam uma atualização salarial de 4%, tendo a EDP oferecido os já mencionados 0,7%. Na contra resposta, a Fiequimetal baixou a exigência para os 3,1% e as posições mantiveram-se inalteradas até à reunião de hoje.

“A EDP teria condições mais do que suficientes para dar maior qualidade de vida aos trabalhadores”, considerou Joaquim Gervásio, acrescentando que está convencido que o facto de se realizar hoje a assembleia-geral anual de acionistas da EDP ajudou a consumar o acordo relativamente a esta matéria.

A atualização salarial é extensível à totalidade dos cerca de seis mil trabalhadores do grupo em Portugal.

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Como é que o FMI vê a banca portuguesa, ponto a ponto

  • Rita Atalaia
  • 19 Abril 2017

O FMI alerta que a banca nacional continua a ser uma das mais problemáticas na Zona Euro no que toca ao malparado. Apesar de reconhecer os esforços feitos, o fundo alerta que é preciso fazer mais.

O Global Financial Stability Report do Fundo Monetário Internacional (FMI) reconhece que Portugal tem feito esforços para devolver a estabilidade ao setor financeiro. Mas deixa um alerta: o país continua a ser um dos casos mais problemáticos no que toca ao crédito malparado. Apesar de estes ativos tóxicos pressionarem a rentabilidade dos bancos, a “limpeza” dos balanços não está a ser feita de forma suficientemente célere.

É, por isso, preciso fazer mais, defende o FMI. Mas como? Reduzindo os custos operacionais… através do encerramento de balcões. Apesar de os bancos portugueses estarem a incluir nos seus planos estratégicos a diminuição do número de agências, olhando para os gráficos do fundo, esta redução tem sido muito tímida. Fique a conhecer como é que a entidade liderada por Christine Lagarde analisa a banca portuguesa, ponto a ponto.

Como é que o FMI vê a banca portuguesa, ponto a ponto

Malparado? Portugal ainda está no top 3

Apesar de a Irlanda continuar a ser o país que apresenta os níveis de malparado mais elevados, o FMI destaca Portugal como um dos casos mais problemáticos. Até ao final do terceiro trimestre, o país apresentava o segundo rácio de malparado mais elevado entre os países considerados — está no top 3 na Zona Euro, de acordo com os dados mais recentes da Autoridade Bancária Europeia. Um fardo que obriga os bancos a colocarem mais provisões de parte, o que penaliza a rentabilidade das instituições financeiras.

O fundo afirma que a diminuição do peso do crédito em incumprimento foi relativamente pequena. “Ocorreram reduções relativamente pequenas, em comparação com os picos, nos dois países com rácios de malparado mais elevados, Itália e Portugal”. O rácio de crédito em incumprimento em Portugal era de 12,6%, tendo recuado apenas 0,2 pontos percentuais face ao máximo. Só Itália reduziu menos: 0,1 pontos percentuais.

O FMI alerta também que ainda há uma série de entraves estruturais que limitam a alienação destes empréstimos em incumprimento. Uma venda que poderá ser feita, segundo a Comissão Europeia, num mercado secundário para os NPL (crédito malparado).

Há demasiados balcões

Os bancos portugueses “têm de reduzir custos operacionais”, alerta o FMI. E é o que as instituições financeiras têm feito através de despedimentos de funcionários e da redução do número de balcões. Entre o final de 2011 e o primeiro semestre de 2016, o último período para o qual a Associação Portuguesa de Bancos tem dados disponíveis, o número de agências em Portugal caiu em 1.620, para um total de 4.686.

Se o BCP e o BPI têm feito um esforço para reduzir o número de balcões, a Caixa Geral de Depósitos ainda tem sido ainda mais “aplicada”. No caso do banco estatal, este processo terá de ser muito mais rápido, uma vez que esta é uma das condições impostas pelas autoridades europeias para que a injeção de capital que recebeu do Governo, no âmbito do plano de recapitalização do banco liderado por Pualo Macedo, não seja considerada ajuda estatal. A meta é de reduzir entre 160 a 180 balcões até 2020 (61 fecham este ano).

Mas, para o FMI, isto não é suficiente. Portugal é incluído num conjunto, com Itália e Espanha, onde o fundo considera haver “um número elevado de balcões em comparação com os ativos bancários”. O relatório exemplifica o excesso através da divisão dos ativos da banca de cada país pelo número de balcões e funcionários. Enquanto, por exemplo, na Irlanda existem 1,05 mil milhões em ativos por cada balcão e 50 milhões por funcionário, em Portugal só há 80 e nove milhões de euros, respetivamente.

Reforços de capital? Sim… mas é preciso fazer mais

“Foi anunciado, em março de 2017, o acordo final com a Comissão Europeia para uma recapitalização de cinco mil milhões de euros da Caixa Geral de Depósitos. As negociações para vender o Novo Banco continuam. O BCP recebeu uma injeção de capital privado e a OPA do CaixaBank pelo BPI foi concluída”. É assim que o FMI reconhece os esforços feitos por Portugal para devolver a estabilidade ao setor financeiro.

O fundo nota que os “rácios de capital foram reforçados, foram recapitalizados bancos em Itália e Portugal, os bancos utilizam menos financiamento de curto prazo, a regulação continua a ser reforçada e a supervisão melhorada”. Mas também refere que é preciso fazer mais.

O fundo explica que para os bancos portugueses regressarem “à rentabilidade e financiarem de forma bem-sucedida o crescimento económico, devem limpar os balanços através de abordagens abrangentes”. Planos que, segundo o Banco Central Europeu, têm de ser apresentados pelos próprios bancos, sendo que Mario Draghi admite ser mais ou menos intrusivo consoante a gravidade da situação de cada instituição.

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Popular Portugal já concluiu reestruturação. E está a crescer 10%

A reestruturação que implicou a saída de 300 pessoas já está finalizada, representando poupanças de 20 milhões de euros. Apesar do ajuste, banco está a crescer.

O Popular Portugal já concluiu a sua reestruturação que implicou a saída de quase 300 colaboradores e o encerramento de 47 agências, num ajustamento que vai permitir poupanças de 20 milhões de euros, adiantou ao ECO fonte oficial da instituição liderada por Carlos Álvares. Apesar de encolher, o banco está a crescer. Cerca de 10% ao ano em crédito concedido, o que é uma prova de que o Popular está em Portugal para continuar, assume.

À margem dos problemas da casa-mãe em Espanha, que na semana passada reuniu os seus acionistas para lhes dizer que “estão condenados a aumentar o capital” depois de prejuízos históricos de 3,5 mil milhões de euros em 2016, em Lisboa, fala-se em expansão do negócio mesmo com a redução da estrutura para fazer face aos novos desafios tecnológicos.

“Apesar deste ajuste da estrutura, estamos a crescer no primeiro trimestre 100 milhões de euros no crédito a PME e particulares. Se anualizarmos este montante, dá 400 milhões, isso implica estar a crescer 10% em crédito a pequenos negócios e pequenas empresas”, referiu a mesma fonte. “Estamos a crescer em quota de mercado das PME e felizmente estamos a crescer em crédito e recursos, o que revela uma aposta para continuar”, salientou.

Isto acontece numa altura em que o Popular português vai transformar-se numa sucursal do Popular espanhol. Essa operação foi aprovada em assembleia geral da semana passada e só deverá concretizar-se apenas no último trimestre do ano. O banco está neste momento a avançar com os trâmites dessa transformação e lá para outubro ou novembro será sucursal.

"Estamos a crescer em quota de mercado das PME e felizmente estamos a crescer em crédito e recursos, o que revela uma aposta para continuar.”

Fonte oficial

Popular Portugal

Metade dos despedidos de volta ao trabalho

Até ao momento, 40 dos quase 300 colaboradores que saíram do banco já arranjaram novos empregos ou iniciaram novos negócios. A expectativa é de que até final do ano metade dos que foram despedidos esteja na mesma situação.

Para tal, o banco contratou uma empresa de outplacement, que está a fazer esse caminho com todos os colaboradores que saíram do banco e que manifestaram-se interessados nessa solução. Contas feitas, com a reestruturação está feita, são menos 20 milhões de euros de custos para o Popular Portugal.

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PCP avança com pedido para comissão parlamentar de análise à dívida

  • Margarida Peixoto
  • 19 Abril 2017

Comunistas formalizaram esta quarta-feira o pedido para a formação de uma comissão parlamentar eventual para avaliar o endividamento público e externo. PS tinha-se mostrado contra a ideia em março.

O PCP formalizou esta quarta-feira o projeto de deliberação para criar uma comissão parlamentar eventual para avaliar o endividamento público e externo. Os comunistas já tinham revelado esta intenção em março e o PS disse, na altura, estar contra a ideia. Também o PSD e o CDS se opuseram.

“A enorme dimensão da dívida pública constitui um sério problema que não pode ser escamoteado”, lê-se no texto da deliberação. Paulo Sá, deputado do PCP, explicou no final do debate de plenário desta tarde que é importante criar um espaço “próprio, exclusivo, para debate destas matérias com uma dimensão institucional”.

Para o PCP, explicou o deputado comunista ao ECO, a comissão de orçamento e finanças, que tem como funções acompanhar também estes assuntos, não chega para dar o devido peso ao tema. Esta comissão não perderia as suas funções, argumentou Paulo Sá, apenas seria acrescentado um espaço que pudesse aprofundar o assunto.

A ideia dos comunistas é que todos os grupos parlamentares tenham oportunidade de expor os seus pontos de vista e, até, de convidar personalidades para aprofundar o assunto.

A dívida pública portuguesa fechou 2016 nos 130,4% do PIB e ano após ano as perspetivas de entrada numa tendência claramente descendente têm vindo a ser adiadas.

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