Elon Musk vai ligar os cérebros humanos aos computadores

  • ECO
  • 30 Março 2017

A nova companhia que o fundador da Tesla criou quer ligar os cérebros humanos aos das máquinas para nos permitir alcançar uma maior capacidade cognitiva. É o futuro, cada vez mais próximo.

Elon Musk não desiste de avançar com a tecnologia… a todos os níveis. Depois da Tesla e dos carros futurísticos, agora fundou uma nova companhia, a Neuralink, que terá como objetivo ligar os cérebros humanos aos computadores.

Fontes da Neuralink contaram ao The Wall Street Journal (conteúdo em inglês/ acesso pago) que a empresa está a desenvolver aquilo que designam como um “laço neural”, uma tecnologia que permitirá às pessoas comunicarem diretamente com os computadores, sem terem de passar por um intermediário físico. Ou seja, sem terem de escrever no teclado do computador ou usar os seus restantes componentes para enviarem informação do seu cérebro para o “cérebro” da máquina.

A Neuralink foi registada na Califórnia em julho do ano passado como uma companhia de pesquisa médica e envolve o implante de elétrodos — condutores de corrente elétrica — nos cérebros humanos que permitiam às pessoas fazerem uploads ou downloads dos seus pensamentos para um computador ou a partir de um computador. No fundo, este sistema permitiria aos utilizadores atingirem níveis mais elevados de desempenho cognitivo.

Ainda não há muita informação sobre como a empresa vai avançar nos próximos tempos, mas o seu fundador já veio anunciar, na sua conta do Twitter, que o esclarecimento está para breve, com um artigo que deverá sair no blogue Wait But Why na próxima semana.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Prestação da casa cai… mas pouco

Encargos mensais com o crédito à habitação reduzem-se entre 0,2% e 1,4% no próximo mês. Empréstimos com indexantes de prazos mais alargados continuam a ser os mais beneficiados.

Com a entrada num novo mês à vista, muitos portugueses preparam-se para assistir a uma revisão do valor da prestação da casa. E as notícias voltam a ser boas. Quem vir revista a taxa de juro do empréstimo da casa no próximo mês volta a sentir um alívio dos encargos. O corte oscila entre um mínimo de 0,2% e um máximo de 1,4%, descidas que refletem a cada vez mais escassa margem para a descida dos juros.

Na revisão de abril, e à semelhança do que tem vindo a acontecer, quanto mais alargado for o prazo do indexante associado ao empréstimo, maior será o benefício. É o que acontecerá no caso dos agregados cujos empréstimos da casa estão associados à Euribor a 12 meses, já que só agora vão tirar partido da descida do indexante registada ao longo do último ano.

Assumindo o cenário de um crédito no valor de 100 mil euros, a 30 anos, e com um spread de 1%, resulta numa poupança mensal de 4,48 euros, com a prestação a baixar para 316,61 euros mensais. O número de famílias que irá tirar partido dessa redução será contudo baixo, já que a Euribor a 12 meses ainda tem pouca expressão no total do crédito à habitação, apesar de a generalidade dos bancos já a estarem a privilegiar na concessão de novos empréstimos.

No caso das famílias cujos créditos usam como referência a Euribor a seis meses, o valor da prestação encolhe 0,6%, com esta a situar-se nos 310,69 euros. Ou seja, menos 1,89 euros face ao valor da prestação em vigor desde outubro do ano passado. Já os empréstimos que seguem a evolução da Euribor a três meses, apresentam a redução mais curta. Esta será de apenas 58 cêntimos por mês, com os encargos mensais a baixarem para os 306,75 euros (menos 0,2% face à anterior revisão) ao longo dos próximos três meses.

Juros negativos até março de 2019

Em qualquer dos três casos, o valor da prestação fixada a partir do próximo mês é o mais baixo de sempre. Algo que resulta do nível historicamente baixo da taxa de juro de referência do Banco Central Europeu, que se encontra fixada em 0% há precisamente um ano, e que arrastou os indexantes utilizados nos créditos à habitação de taxa variável para terreno negativo, nível em que ainda se mantêm.

Contudo, qualquer dos indexantes já apresenta uma tendência de estabilização, perante a crescente expectativa em relação a uma inversão dos juros de referência na Europa. Por um lado, a economia europeia começa a dar sinais positivos. Por outro, o rumo da política monetária do outro lado do Atlântico também reforça essa possibilidade, isto depois de neste mês e março a Reserva Federal dos EUA ter avançado com a segunda subida de juros desde novembro do ano passado.

Perspetivas para o rumo da Euribor

Fonte: Bloomberg

O mercado antecipa que, mais cedo ou mais tarde, o rumo na Europa terá de ser semelhante. A evolução dos futuros para as taxas Euribor atesta precisamente essa expectativa. Se ainda até há poucos meses, estes indicadores apontavam para que só em 2021 a Euribor a três meses entrasse em terreno positivo, a realidade hoje é muito diferente.

O mercado aponta para os juros se mantenham em terreno negativo apenas até março de 2019, para a partir daí registarem incrementos. A boa notícia é de que os futuros também apontam para que a subida seja muito gradual, colocando a Euribor a três meses nos 0,5% apenas em meados de 2021.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

AEP está preocupada com o sistema financeiro

A Associação Empresarial de Portugal lamenta não ter sido ouvida no plano de reestruturação da Caixa Geral de Depósitos, um banco público que "deve estar ao serviço das empresas".

A Associação Empresarial de Portugal (AEP) está preocupada com o sistema financeiro e lamenta que as empresas não tenham sido consultadas na elaboração do plano de reestruturação da Caixa Geral de Depósitos.

Não posso deixar de manifestar alguma preocupação com o sistema financeiro”, disse o presidente da AEP, Paulo Nunes de Almeida, aos jornalistas, à margem de uma conferência em Matosinhos. O responsável sublinhou ainda que está expectante quanto à forma como vai decorrer a alienação do Novo Banco.

Não posso deixar de manifestar alguma preocupação com o sistema financeiro.

Paulo Nunes de Almeida

Presidente da AEP

O empresário, que dirige a associação, sublinhou ainda alguma estranheza por as empresas não terem sido ouvidas no processo de reestruturação do banco público. “Não percebo como é que foi feito o processo de reestruturação da CGD sem consultar as principais instituições que representam as empresas”, disse o presidente da AEP revelando que não foi ouvido, embora não pudesse falar pelas restantes associações empresariais. Na opinião de Paulo Nunes de Almeida está em causa um banco público que “tem de estar ao serviço das empresas”.

“A Caixa é muito importante no apoio à internacionalização das empresas e tem de ter um papel interventor”, disse Paulo Nunes de Almeida. E deu o exemplo dos Estados Unidos, um mercado onde a CGD “tem de manter uma posição ou até reforçar”, porque “é muito importante para que se reforcem posições nesse mercado”. O presidente da AEP não sabe se a presença neste mercado está em causa, precisamente porque não foi ouvido no âmbito da reestruturação, mas a presença nos mercados onde as empresas nacionais estão “é importante para internacionalização”.

Paulo Nunes de Almeida sublinhou ainda a importância de a Caixa dar “todo o apoio ao setor industrial” e alertou para o facto de os empresários se queixarem de, nos últimos meses, terem “deixado de ter um interlocutor”. “É preciso mostrar ao mercado que podem contar com a Caixa”, acrescentou.

Os empresários queixam-se de, nos últimos meses, terem deixado de ter um interlocutor. É preciso mostrar ao mercado que podem contar com a caixa.

Paulo Nunes de Almeida

Presidente da AEP

Outro capítulo ao qual é necessário dar atenção, segundo o presidente da AEP, é o papel da Caixa “no apoio às empresas com os fundos estruturais” mas também na ligação aos apoios disponibilizados pela Instituição Financeira de Desenvolvimento, um banco grossista cujos instrumentos só chegam às empresas através da banca comercial.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Portugal fecha fronteiras durante a visita do Papa

  • Lusa
  • 30 Março 2017

Portugal vai fechar as fronteiras durante a visita do Papa. Já tinha feito o mesmo durante a cimeira da Nato e o Euro 2004.

O Conselho de Ministros aprovou hoje a reposição temporária do controlo de fronteiras durante a visita do papa Francisco em maio a Fátima, disse à agência Lusa fonte do Governo.

Segundo a mesma fonte, a reposição do controlo de fronteiras decorrerá entre 00:00 de 10 de maio e as 00:00 de 14 de maio.

O papa Francisco estará em Fátima entre os dias 12 e 13 de maio para as comemorações do centenário das aparições, obrigando a um reforço das medidas de segurança.

Portugal já tinha encerrado temporariamente as fronteiras durante a cimeira da NATO, realizada em Lisboa em 2010, e o Euro 2004.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ikea de Loulé espera dois milhões de visitantes no primeiro ano

  • Lusa
  • 30 Março 2017

O diretor da nova loja Ikea diz que a unidade foi "feita para as pessoas que vivem no Algarve", onde a comunidade estrangeira residente é muito forte. A abertura é esta quinta-feira.

A nova loja Ikea de Loulé, cuja abertura ao público está marcada para quinta-feira, deverá receber dois milhões de visitantes no primeiro ano de atividade, estimou hoje o diretor da unidade, Abdelhak Ayadi.

Num encontro com jornalistas, aquele responsável revelou que não se trata de uma loja “standard”, mas sim “feita para as pessoas que vivem no Algarve“, onde a comunidade estrangeira residente é muito forte, razão pela qual foram feitas algumas adaptações. “Para ser relevante para os estrangeiros, temos que estar em contacto com eles, por isso, temos a comunicação toda em português e em inglês, desde as direções às etiquetas com os preços”, referiu, sublinhando que o catálogo e o “site” também estão nas duas línguas.

De acordo com Marta Cunha, “designer” de interiores da Ikea, alguns produtos e soluções disponíveis na loja de Loulé foram selecionados tendo em conta as especificidades locais e as necessidades dos algarvios.

Um estudo sobre as características das habitações no Algarve demonstra, por exemplo, que 65% têm terraços ou varandas, o que faz com que nesta loja haja uma maior variedade de mobiliário exterior. Segundo Marta Cunha, as casas são também maiores do que a média nacional e, por se tratar de uma região turística, o mercado de arrendamento é distinto do resto do país, o que se reflete na preferência dos algarvios pela compra de sofás-cama, ilustrou.

Com base na política ambiental do grupo, vão ser instalados na loja 1.600 painéis solares até ao verão de 2018, um investimento de um milhão de euros, que permitirá produzir o equivalente a 25% do consumo médio de energia elétrica daquela loja. A abertura da loja Ikea será “mais sóbria” do que o normal, como sinal de respeito pela família da mulher que na passada semana morreu na sequência de um acidente no exterior do cais de descarga da loja.

“Decidimos cancelar e adiar algumas atividades e a abertura, amanhã [na quinta-feira], não será normal, será mais sóbria”, disse o diretor da unidade, frisando que não pode adiantar muito mais sobre o acidente, que ainda está sob investigação. A loja Ikea de Loulé integra-se num projeto do grupo sueco que inclui um centro comercial, com abertura prevista para o verão de 2017, e um ‘outlet’, que deverá abrir no próximo outono, num investimento total de 200 milhões de euros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Novo Banco. 600 milhões não chegam para resolver problema dos grandes investidores

  • ECO
  • 30 Março 2017

Para resolver o problema dos grandes investidores que sofreram perdas com a resolução do BES, 600 milhões de euros não chegam, avança o Expresso.

600 milhões de euros não chegam — os grandes investidores “nunca aceitarão” um acordo que preveja uma indemnização deste montante, adianta uma fonte do grupo, liderado pela BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, e pela Pimco, um dos maiores investidores em dívida, ao Expresso. Na quarta-feira, a Bloomberg tinha noticiado que as autoridades nacionais estão em negociações com os grandes investidores para chegar a um entendimento, tendo avançado este valor.

De acordo com o jornal, os grandes investidores argumentam que os 600 milhões de euros correspondem apenas ao valor que lhes é legalmente devido. O número foi calculado pela consultora Deloitte e corresponde às responsabilidades do Novo Banco para com aqueles credores, por terem perdido 2.200 milhões de euros com a transferência de obrigações para o banco mau (o BES).

A fonte ouvida pelo Expresso confirma a existência de contactos com as autoridades nacionais, mas recusa que estejam a decorrer verdadeiras negociações sobre o assunto.

Em causa está a decisão do Banco de Portugal, tomada já depois da data da resolução, de redefinir o perímetro do Novo Banco e do BES, transferindo linhas de obrigações para o banco mau que, num primeiro momento, tinham ficado no Novo Banco. Os mercados foram surpreendidos por esta decisão e o grupo de grandes investidores garante que não investirá em dívida portuguesa enquanto não for alcançado um entendimento.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Crédito Agrícola quer mudar lei para ter novos acionistas

  • Lusa
  • 30 Março 2017

Depois da Caixa Económica Montepio Geral, agora é a vez do Crédito Agrícola propor uma mudança da lei para passar a sociedade anónima. Ou seja, poder receber novos acionistas.

O Crédito Agrícola apresentou há três meses ao Banco de Portugal uma proposta para alteração do regime jurídico que visa transformar a Caixa Central, entidade de topo do grupo, em sociedade anónima, esperando concluir o processo em 2017.

“Esta proposta não altera a natureza cooperativa do grupo”, destacou Licínio Pina, presidente do Crédito Agrícola, explicando que a transformação em sociedade anónima vai permitir à Caixa Central aceder a novas formas de financiamento junto do mercado de capitais.

Ainda assim, e apesar de esta alteração abrir a possibilidade de entrada de novos acionistas no grupo, Licínio Pina vincou que “as caixas agrícolas terão sempre o controlo do capital“, apontando para a possibilidade de estas entidades subscreverem ações preferenciais.

“Os nossos acionistas são as caixas agrícolas”, reforçou o gestor, acrescentando que se aguarda agora a resposta do Banco de Portugal ao novo “conceito” do grupo, havendo a “expectativa” e o “desejo” de que o processo esteja concluído ainda este ano.

Estamos disponíveis para colaborar com o regulador para encontrar a melhor solução”, afirmou o líder do Crédito Agrícola durante a conferência de imprensa de apresentação dos resultados do grupo em 2016, em Lisboa.

Lucro continua a aumentar

As declarações são feitas depois de o Crédito Agrícola ter registado um um resultado líquido de 59,7 milhões de euros em 2016, uma subida de 10% face ao lucro de 54,1 milhões de euros em 2015, informou hoje o banco cooperativo.

Licínio Pina, presidente do Crédito Agrícola, salientou a “capacidade e disponibilidade” demonstradas pela instituição para dar resposta às necessidades dos seus clientes num “contexto de incerteza que paira sobre alguns dos principais bancos” que operam em Portugal. No negócio bancário, o lucro ascendeu a 72,1 milhões de euros no ano passado, mais 28% do que em 2015.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Saiba quanto vai ter de pagar de PEC

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 30 Março 2017

Diploma que reduz PEC já está em vigor. Empresas têm até amanhã para avançar com o pagamento. A Ordem dos Contabilistas Certificados disponibiliza simulador para ajudar nas contas.

Publicado o diploma que reduz o Pagamento Especial por Conta (PEC), as empresas têm entre hoje e amanhã para entregar este valor de acordo com as novas regras. Para ajudar a fazer as contas, a Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC) publicou um simulador na sua página de internet.

Esta ferramenta pretende “ajudar os profissionais a determinar o valor que os sujeitos passivos devem entregar a título de PEC”, tendo já em conta as novas regras transitórias, explica a OCC.

Com o diploma publicado na quarta-feira ao final do dia, já em vigor, o valor que resulta do cálculo do PEC, nos termos do artigo 106º do Código do IRC, é reduzido em 100 euros e, no montante que daqui resultar, há ainda um corte adicional de 12,5%. São abrangidas apenas empresas sem dívidas ao Fisco ou à Segurança Social e que, em 2016, tenham pago pelo menos um salário mínimo. Em 2018, esta última restrição deixa de existir. Em 2019, deverá entrar em vigor um novo regime simplificado de IRC.

O período para pagar o PEC decorre até ao final do mês, embora a entrega possa ser feita em duas prestações — março e outubro. Ontem, o ministério das Finanças enviou um comunicado onde enunciava os procedimentos que as empresas devem ter em conta:

  • Quem ainda não pagou o PEC relativo a 2016, deverá fazê-lo conforme o estipulado no novo regime;
  • As empresas que optem pelo pagamento em duas prestações e já tenham pago a primeira, “podem deduzir ao valor da segunda prestação o valor pago em excesso na primeira”.
  • Em alternativa, os sujeitos passivos que já tenham feito o pagamento, “podem ainda reclamar do valor do PEC pago em excesso”, no “prazo de 30 dias contados da data da entrada em vigor da nova lei”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Revista de imprensa internacional

  • ECO
  • 30 Março 2017

No primeiro dia após o Brexit, as capas e manchetes de vários jornais internacionais continuam a falar dele. Mas não é o único assunto do dia.

No dia seguinte ao arranque do Brexit, este ainda está no olho do furacão e no centro das atenções dos principais meios internacionais. Mas, além dele, hoje também há destaque para os candidatos às presidenciais francesas, para a revelação de mais um escândalo de corrupção no Brasil e em Espanha, e até para se voltar ao romance de Trump com os russos. Leia cinco das principais notícias que marcam a atualidade mundial esta quinta-feira.

The Guardian

David Davis garante que a carta de Theresa May sobre o Artigo 50 não virá a ameaçar a segurança da Europa

O ministro do Brexit já veio assegurar que a carta que Theresa May, primeira-ministra do Reino Unido, escreveu sobre o Artigo 50 não vai ameaçar a segurança da União Europeia (UE). Na dita carta, May tinha alertado os líderes da UE de que caso não se chegasse a acordo quanto aos pontos fulcrais da justiça e dos assuntos internos do Reino Unido, tal resultaria num enfraquecimento do apoio que este dá à UE quanto ao combate ao crime e o apoio à segurança. Claro que se instalou a desconfiança entre os líderes europeus, e alguns meios de comunicação, como o tabloide The Sun, aproveitaram para fazer manchetes como “O vosso dinheiro ou as vossas vidas”. Por isso, David Davis veio esta quinta-feira, no programa Good Morning Britain, contrariar a “ameaça”: “Não, não vamos (retirar o apoio à segurança). Temos de negociar uma alteração para essa parte do tratado, e é isso que estamos a fazer”.
Leia a notícia completa no The Guardian (conteúdo em inglês / acesso livre).

El País

Irregularidades em pagamentos de mais 133 milhões de euros na linha de comboios que liga Espanha e França

Um novo relatório do Tribunal de Contas espanhol mostra que houve gastos irregulares durante as obras na estação de La Sagrera, em Barcelona que incorpora a Linha de Alta Velocidade (no original, AVE) que liga Espanha a França. Esses gastos irregulares, pagos com dinheiro público dos contribuintes espanhóis, ascende a 133,8 milhões de euros, distribuídos por sete contratos diferentes para o desenvolvimento das obras na linha, que se preveem que estejam concluídas em 2020 na fronteira com França. Entre as irregularidades apresentadas no relatório do Tribunal de Contas contam-se preços inflacionados, pagamentos de obras que não chegaram a ser realizadas, certificados pagos antecipadamente, prazos por cumprir e adjudicações de contratos menores “por fora”.
Leia a notícia completa no El País (conteúdo em espanhol / acesso gratuito).

Le Figaro

Jean-Luc Mélechon é a grande estrela das presidenciais francesas

O candidato às presidenciais francesas, cuja primeira volta arranca dentro de menos de um mês, fica à frente na sondagem que o jornal apresenta relativamente à popularidade dos vários adversários. “19 pontos de avanço numa campanha presidencial que dura há um mês! Sem dúvida, Jean-Luc Mélencohn está a caminho de se tornar a estrela da temporada”, afirma o jornal. Além de caracterizar o progresso na popularidade que Mélenchon tem registado, a publicação ainda analisa o avanço ou recuo dos restantes candidatos.
Leia a notícia completa no Le Figaro (conteúdo em francês / acesso gratuito)

The Washington Post

Um apanhado de quem é a “Fonte D” e do que revelou sobre as relações entre Trump e a Rússia

O jornal norte-americano faz manchete com uma longa contextualização de quem é a “Fonte D”, ou Sergei Millian, o homem por detrás das revelações mais graves que integraram o dossier sobre os contactos entre os membros da campanha de Trump e membros do Governo russo. As revelações de Millian surgiram em junho do ano passado e foram primeiramente reveladas pelo Wall Street Journal e depois confirmadas pelo The Washington Post, e foram essenciais para formar o dito dossier, composto pelo antigo espião Christopher Steele.
Leia a notícia completa no The Washington Post (conteúdo em inglês / acesso livre).

O Globo

Escândalo da Fetranspor, que embolsou 90 milhões de reais pagos pelos passageiros

O jornal brasileiro tem o exclusivo do escândalo mais recente na economia do país: desta vez, revela que a rede de transportes públicos Fetranspor embolsou perto de 90 milhões de reais pagos pelos passageiros. Tudo porque uma pequena mudança na legislação, aprovada pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) em dezembro do ano passado, permitiu que empresas de autocarros de transporte público embolsassem perto de 90 milhões de reais em créditos do RioCard pagos pelos passageiros. É que, embora o RioCard seja uma bolsa de crédito em dinheiro dos clientes, a Alerj permitiu que os empresários, após o prazo de validade dos cartões, ficassem desobrigados de devolver aos utilizadores os valores não utilizados.
Leia a notícia completa no jornal O Globo (conteúdo em português / acesso livre).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Onofre na calha para suceder a Fortunato Frederico

Depois de 18 anos à frente da APICCAPS (associação dos industriais do calçado), Fortunato Frederico diz que está na hora de "dar lugar aos jovens". Agora vai dedicar-se à fundação dos filhos.

 

O empresário Luís Onofre perfila-se para suceder a Fortunato Frederico à frente da APICCAPS-Associação dos Industriais do Calçado. As eleições na associação do calçado deverão acontecer em abril e, para já, apenas uma lista manifestou a intenção de apresentar a sua candidatura, encabeçada pelo empresário de São João da Madeira.

Fortunato Frederico está há 18 anos na presidência da associação setorial e é simultaneamente presidente do maior grupo português de calçado, a Kyaia, detentora da marca Fly London. Em declarações ao ECO, o ainda presidente da APICCAPS diz que “está na hora de dar lugar aos mais jovens“. Sem querer adiantar muito sobre o assunto, Fortunato Frederico diz que “há um processo eleitoral que se vai desenrolar pelo que vamos ver o que vai acontecer”.

Para já, o empresário diz: “Vou dedicar-me à fundação dos meus filhos, as energias que gastava na associação vou canalizar para a fundação. Aliás, se quero que a fundação faça alguma coisa de útil para a sociedade tenho de me dedicar”.

Já Luís Onofre, em declarações ao ECO, diz que “ainda não é o momento para falar sobre este tema das eleições”.

 

Onofre preferiu destacar o bom comportamento que o setor do calçado tem tido ao longo dos últimos anos. E adianta que, “apesar da crise que se vive nos mercados, o comportamento do setor tem sido positivo”. Para Onofre há mesmo mercados “onde já se nota alguma recuperação como é o caso da Rússia, o que não deixa de ser importante para nós”.

Luís Onofre destaca ainda o grande profissionalismo que está associado ao setor, com bom marketing e boas campanhas.

Onofre abre loja no Porto

Sobre a sua marca, Onofre diz que ainda não tem fechado os números de 2016, mas lembra que “2015 foi o nosso melhor ano de sempre, com uma faturação de 12 milhões de euros”.

Com uma loja aberta em plena Avenida da Liberdade em Lisboa, o empresário prepara-se agora para abrir uma loja própria no Porto. “Vamos abrir uma loja no Porto, em plena Avenida da Boavista, mesmo ao lado do Ermenegildo Zegna”, refere.

Onofre tem ainda previstas mais aberturas mas adianta que “para já, vamos concentrar-nos nesta nova loja no Porto”.

A baixa do Porto, mais concretamente a Avenida dos Aliados, pode ser uma hipótese de futuro mas “é preciso ver como é que a baixa vai evoluir, para já ainda é uma incógnita”.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Procalçado: 40 anos a dar corda – e sola – aos sapatos

O grupo Procalçado, especialista e líder europeu em solas para calçado, tem vindo a inovar e a diversificar o produto. O calçado de plástico, sob a marca Lemon Jelly, é a grande aposta da empresa.

É uma das maiores empresas de calçado nacional. O grupo Procalçado, que se lançou no mercado em 1973 pela mão de José Pinto, com a marca de solas For Ever, cresceu e diversificou o negócio, quer no produto como na marca. Para além das solas, o grupo apostou também na criação de sapatos profissionais com a marca Wock e na moda, sobretudo feminina, com a Lemon Jelly.

 

Complexo industrial da Procalçado

 

José Pinto, presidente do conselho de administração e vice-presidente da APICCAPS (associação do setor), olha para o grupo com um misto de satisfação e orgulho, e diz que nunca pensou “chegar até aqui”. E como foi esse caminho? “Foi longo e difícil”, reconhece, em entrevista ao ECO.

“A empresa foi fundada por mim. Temos 44 anos. Eu já trabalhava na indústria de calçado, como empregado, e entendi que podia dar um passo em frente e criar o meu próprio negócio. Comecei por uma pequena área comercial e depois por uma área industrial, fui lutando com todas as minhas forças e com muita coragem. Naturalmente que ser industrial durante 44 anos tem muitos momentos altos e muitos momentos baixos”, adianta.

Revolução interna

Há sete anos, e depois de o setor atravessar um momento conturbado com a retirada de algumas importantes multinacionais, a Procalçado provoca uma pequena ‘revolução interna‘. Uma mistura de cansaço por fabricar apenas solas, aliado à vontade de crescer, levou o grupo a aventurar-se no mundo dos sapatos. Mas “não podíamos coincidir com os nossos clientes que são fabricantes de calçado de pele e de couro, não podíamos ofender os nossos clientes, os mesmos que nos trouxeram até aqui. Evoluímos para outro tipo de calçado, na área do plástico”.

Numa primeira fase, a Procalçado entrou na área profissional, com um tipo de modelos próprio para o mercado hospitalar e restaurantes, debaixo da marca Wock. Daí até ao calçado de moda, especialmente para o universo feminino, foi um passo.

A inspiração, reconhece José Pinto, veio do outro lado do Atlântico, do Brasil, onde a Melissa estava a dar cartas. “Começamos a divergir dentro daquela linha deles, isso entusiasmou-nos a testar novos processos. Desenvolvemos técnicas e moldes e lançamos a Lemon Jelly”. A empresa tinha ainda a experiência de produzir para a prestigiada marca inglesa, Hunter.

“O resultado é um produto muito bonito, com ótimos acabamentos, muitas aplicações, cores maravilhosas e com um cheiro próprio a limão, uma coisa suave para não agredir. É que o PVC tem sempre um cheiro não muito agradável e, quando entramos na fábrica, é essa fragrância que sentimos”, confessa o fundador da empresa.

Foi um momento de viragem no grupo. “Uma revolução. Porque repare, uma coisa é ter uma fábrica com cem trabalhadores e outra coisa é passar para uma fábrica com 400”, explica.

Investimento de sete milhões de euros

Para criar a nova marca, o grupo foi obrigado a investir perto de sete milhões de euros. “Tivemos de montar uma fábrica, crescer em pavilhões e armazéns para suportar o produto acabado. É um calçado de categoria, envolveu um número de pessoas muito grande, e não estávamos preparados nem em número de funcionários, nem fisicamente”.

Sandálias da marca Lemon Jelly

 

O balanço não podia ser mais positivo. O grupo fatura hoje 25 milhões de euros e emprega mais de 400 trabalhadores. E, apesar dos 40 anos de idade, continua a apostar no crescimento com base na inovação e em desenvolvimento tecnológico.

A aposta internacional é também uma constante. A Procalçado exporta 90% do que produz a partir do complexo industrial nos Carvalhos, a cerca de 20 quilómetros do Porto.

“Temos de ir a todas: na área das solas vendemos aos industriais de calçado, e os sapatos temos que ir vender ao comércio internacional. São duas coisas diferentes mas são da mesma família”.

Presença nos cinco continentes

E para onde exporta a Procalçado? A resposta sai rápida da boca do fundador da empresa: “Para todo o mundo. Estamos presentes nos cinco continentes, porque Portugal é pequenino e não podemos contar com ele”.

A For Ever exporta para mais de 50 países, e a própria Lemon Jelly exporta para todo o mundo, sendo que os países que compram mais sapatos são a Alemanha e França dentro da Europa. Fora, Estados Unidos e Canadá competem como melhores compradores. Já a Wock, é mais vendida sobretudo no mercado europeu.

Exemplos de solas que são feitas pela Procalçado

 

Apesar de toda a inovação ligada a novos produtos, as solas, o ponto de partida da empresa, continuam a ser o maior negócio do grupo, com a área dos sapatos a pesar no conjunto (Wock e Lemon Jelly) 25%.

A For Ever, faz solas para algumas das principais marcas de calçado do mundo (Hunter, Camel, Armani Jeans, ECCO, Gabor) e, apesar de reunir uma grande coleção, a marca é especialista em projetos por medida. De resto, a empresa tem um lema dirigido aos criadores de calçado: “Se o conseguir sonhar, nós conseguimos torná-lo real”. As solas do grupo estão presentes em várias áreas de especialização, desde a moda ao exército.

José Pinto diz que isso só é possível porque a empresa se adequa aos tempos modernos. “Investimentos em tecnologia e maquinaria, de modo a poder responder às necessidades dos nossos clientes. Até porque hoje exige-se qualidade, rigor, versatilidade e rapidez”.

A Lemon Jelly na vertente masculina

 

E relativamente ao calçado de plástico? Qual das áreas pesa mais, a moda ou o profissional? Apesar de a empresa não divulgar os números para cada uma das novas marcas, a Lemon Jelly já pesa mais do que a Wock.

Em 2016, a gama de moda [Lemon Jelly] já teve mais peso porque gere uma gama de modelos muito maior do que a área hospitalar uma vez que as senhoras são mais exigentes.

José Pinto

Presidente do grupo Procalçado

O presidente da Procalçado não gosta de fazer previsões mas garante que a Lemon Jelly é a que tem maior margem para crescer. “As previsões a longo prazo não são fáceis porque as políticas comandam o mundo e a instabilidade gera problemas nos nossos projetos. Por isso temos de ir caminhando lentamente”, assinala.

A sucessão

Para José Pinto, a indústria do calçado vive hoje um novo paradigma. O setor que estava no início do século XXI a fazer um calçado médio ou menos de médio, resolveu pôr mãos à obra e fazer uma grande aposta em investigação e tecnologia. “Foi assim que passámos a produzir uma linha de calçado de médio para cima e conquistámos outro tipo de mercado”.

Hoje, garante José Pinto, “sentimo-nos bem e somos o segundo país, logo atrás de Itália, a ter o preço mais caro do sapato”.

Para isso, garante e pega no seu exemplo pessoal, a nova geração de industriais teve e tem um papel fundamental. A sucessão, um tema tão querido e simultaneamente tão maltratado no universo das empresas familiares, parece resolvido na Procalçado. José Pinto (filho) é hoje o CEO da empresa e foi dele a ideia de criar a Lemon Jelly, por exemplo. “Ele queria deixar a sua marca”, remata.

José Pinto, fundador e presidente da Procalçado

 

Sobre o setor, José Pinto garante que “chegou ao “grau máximo”. Penso que não vamos ultrapassar Itália em termos de preço, até porque Itália tem tradição, é um país grande, um país de marca, de desenhadores e pintores. É um país de criação, coisa que Portugal não é”. A somar a tudo isto “há escola”. “Em Portugal apenas existem uns centros tecnológicos, alguns deles quase falidos. Penso que o segundo lugar é ótimo, Itália tem capacidade e indústrias auxiliares que nós não temos”.

Lojas próprias

Uma vez estabilizados os investimentos mais recentes, como a criação da Lemon Jelly, o grupo equaciona a abertura de lojas próprias. “Não temos escritórios fora de Portugal, mas é uma ideia que prevalece, assim como abrir lojas próprias. Para já é preciso estabilizar os nossos projetos”, afirma o presidente do grupo de calçado.

José Pinto garante que “não há um ‘timing’ definido mas está no nosso horizonte. Esperamos que se desanuvie um pouco por toda a Europa porque estes casos de atentados terroristas como o de Londres desestabilizam-nos”.

Mas desengane-se quem pensa que Portugal será a primeira opção a receber uma loja Lemon Jelly. “Não começarei por Portugal, aqui já há muitas lojas abertas, e muitas até estão a fechar, temos que vender onde se consome”, garante.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Calçado: o velho setor que se fez novo

Com as exportações em 2016 a crescerem 3,3% para perto dos dois mil milhões de euros, o calçado continua a 'calcorrear' caminho. Os Estados Unidos são agora a porta para continuar a internacionalizar.

A atriz Vitória Guerra dá a cara pela campanha da APICCAPS para a indústria mais sexy da Europa.APICCAPS

Quando uma indústria se autointitula “a mais sexy da Europa”, algo mudou. Luís Onofre ou Carlos Santos são hoje a imagem de um setor de calçado que se soube reinventar e assumir-se “sensual” e atrativa. Ambos, ainda que de gerações diferentes, souberem antever o futuro: criaram a sua própria marca, apostaram no estilismo, no design e na criatividade, e hoje vendem sapatos que rondam o valor do salário mínimo nacional: os quinhentos euros. São a fase mais visível de uma indústria que esteve condenada ao fracasso e que hoje é um caso de sucesso que os políticos nacionais — de todos os quadrantes — gostam de enaltecer.

Os números falam por si. O setor do calçado exportou, em 2016, perto de dois mil milhões de euros, um novo máximo histórico que faz esta indústria afirmar-se como uma das que mais contribui para a balança comercial nacional, e está a crescer há sete anos consecutivos. Relativamente a 2015, as exportações da indústria do calçado cresceram 3,2%. E se é verdade que o crescimento não tem o fulgor de outros anos, este ganha especial relevo quando comparado com o de outros produtores mundiais, como é o caso de Itália que terá decrescido 0,9% e de Espanha, cuja queda é de 7,8%.

Do total produzido em Portugal, 94,8% vai para os mercados externos.

Portuguese Soul – Shoes factories

Fortunato Frederico, presidente da APICCAPS (Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos) e do grupo Kyaia, que detém a marca Fly London, adianta, em declarações ao ECO, que “o ano de 2016 ficou marcado por um novo marco histórico para as exportações de calçado: ficámos muito perto da meta a que nos tínhamos proposto e que eram os dois mil milhões de euros, mas não a alcançámos”.

A justificação parece simples. “Tivemos fatores externos que vieram perturbar as nossas previsões como, por exemplo, a queda do poder de compra na Europa, as sanções à Rússia e Angola. Diria que foram estes os principais fatores”.

2016 ficou marcado por um novo marco histórico para as exportações de calçado: ficámos muito perto da meta a que nos tínhamos proposto e que eram os dois mil milhões de euros, mas não a alcançámos.

Fortunato Frederico

Presidente da APICCAPS e do grupo Kyaia

O presidente da associação do setor enaltece, contudo, o facto de a “indústria estar a crescer há sete anos consecutivos, alguns dos quais com taxas de crescimento a dois dígitos”. Agora, acrescenta: “Estamos numa fase de consolidação”.

Luís Onofre comunga desta visão de Fortunato Frederico, e garante que “o setor está no bom caminho”. “Não sei como será o futuro, mas hoje há um grande respeito pela indústria nacional e pela nossa mão-de-obra”, explica, em entrevista ao ECO.

Onofre, que criou marca própria e que é hoje um dos nomes sonantes do setor diz que “já não somos vistos como os obreiros de luxo de marca”. Criámos as nossas próprias marcas e, mais importante, em Portugal fazemos todo o tipo de sapatos, de homem, senhora, desportivos”.

Não sei como será o futuro, mas hoje há um grande respeito pela indústria nacional e pela nossa mão-de-obra.

Luís Onofre

Empresário

Fortunato Frederico, por seu turno, diz que estes números são a prova de que temos “que rapidamente diminuir o peso da Europa no nosso setor”. A Europa, segundo o empresário, pesa “80% nas nossas exportações e temos que espalhar-nos ainda mais pelo mundo, de modo a que o mercado europeu — que está em crise — passe a representar qualquer coisa como 50% a 60%”.

Moldes de sapatos usados nas fábricas.

Porquê a Europa?

Há vários fatores que justificam que o principal mercado para as exportações de calçado seja a Europa. Desde logo a proximidade, depois a própria União Europeia — com a inexistência de barreiras alfandegárias — e, finalmente, o facto de a Europa ser vista como um mercado com poder de compra e que sabe valorizar o produto.

Portugal há muito que deixou de ser visto como um mercado mão-de-obra barata. A saída para a Ásia de algumas das grandes multinacionais, sobretudo estrangeiras, no início do século XXI, obriga a uma mudança da paradigma na indústria. Para trás ficavam os tempos em que as exportações do setor assentavam na produção subcontratada e nas vendas a essas grandes indústrias. A flexibilização, ao nível do produto e também das encomendas — por mais pequenas que fossem –, e a rapidez de resposta, passaram a ser a “arma” dos industriais nacionais.

A par disto, o mercado europeu valoriza o produto e tem apetência pela componente da moda e do design, as mesmas que Portugal se viu obrigado a introduzir e que fez com que apresente hoje o segundo maior preço médio de exportação, logo atrás da poderosa Itália.

Números do setor do calçado. Fonte: APICCAPSRaquel Sá Martins

Em 2016, o calçado português aumentou a penetração em quase todos os mercados externos, sendo mesmo relevante que as exportações portuguesas de calçado estejam a aumentar desde 2010, para todos os principais mercados do calçado português, com exceção do Reino Unido.

França, Alemanha, Holanda, Espanha e Reino Unido absorvem mais de 70% das exportações nacionais e sendo o mercado francês o que continua a ser o principal cliente dos sapatos portugueses. Portugal vende 416,8 milhões de euros para França, seguida pela Alemanha, com 341 milhões, Holanda com 271 milhões, Espanha com 191 milhões e Reino Unido com 133 milhões.

Indústria do calçado é uma das mais tradicionais em Portugal.

Fortunato Frederico recorda que “França sempre foi um grande consumidor de sapatos portugueses, mas depois há os países nórdicos que são muito fortes a comprar certo e determinado tipo de sapatos, e ainda a Alemanha”.

As fábricas portuguesas não são fábricas para servir o mundo inteiro, cada um tem de arranjar o seu nicho. Desde que tenha uma fábrica que produza 500 a 1.000 pares de sapatos por dia, não tem problemas.

Fortunato Frederico

APICCAPS

À conquista da América e de Trump

Mas como em tudo na vida, há sempre um mas… a grande concentração num mercado como a Europa acarreta riscos e deixa o setor mais vulnerável às crises. E foi por perceber isso que o setor está em “expansão” pelo mundo.

Ainda que as exportações continuem a concentrar-se nos principais mercados europeus, as maiores taxas de crescimento, durante o ano de 2016, foram registadas em mercados não tradicionais do setor e que apresentam maior oportunidade de diversificação. Segundo dados da APICCAPS, a China terá registado um crescimento de 3108%, os Emirados Árabes Unidos de 608%, os Estados Unidos de 461%, a Austrália de 363% e a Polónia de 295%.

Aliás, para o mercado dos Estados Unidos, o setor registou mesmo vendas de 76,6 milhões de euros, um crescimento de quase 14% face a 2015, mas de perto de 450% quando comparado com 2011. Os Estados Unidos são, de resto, o mercado fora da União Europeia para onde Portugal mais exporta.

Para Fortunato Frederico não há dúvida: as alternativas à Europa terão de ser a Ásia e a América do Norte, nomeadamente Estados Unidos e Canadá. “Países onde, de resto, o grupo Kyaia está a sustentar o seu crescimento e que nos dá perspetivas de um futuro mais promissor”.

Para o presidente da associação do setor, “é importante começar a realizar feiras nos Estados Unidos“. E nem a incerteza relacionada com a presidência de Donald Trump o parece demover: “Trump está apenas a estalar com o verniz que estava posto, a globalização tem de ter outras regras, e penso que é isso que Trump quer dizer”.

A questão da Ásia é mais difícil. Para Fortunato Frederico, “quando se fala na Ásia, as pessoas pensam logo na China. E, para entrar nesse mercado, é preciso uma estrutura muito forte: é um mercado apetecível mas muito difícil e onde tudo funciona muito com base na amizade. É mais fácil entrar em mercados como a Tailândia, Coreia do Sul ou Japão”, assegura.

Mercado francês continua a ser o maior comprador de sapatos produzidos em Portugal.

Uma ideia que vem de encontro ao plano estratégico do setor, desenhado para o período de 2014 a 2020, e que adianta que a Ásia é uma boa alternativa ao mercado europeu, mas alerta para a necessidade de Portugal ter de encontrar e explorar nichos de mercado “com elevado poder de compra”.

Já sobre a América Latina, Fortunato Frederico tem uma opinião muito particular: “É um mercado difícil porque ainda não tem a economia a que estamos habituados na Europa. Na Colômbia, por exemplo, não há estruturas e isso torna o processo mais difícil”.

Mas haverá ainda margem para crescer ao nível das exportações? Fortunato Frederico não tem dúvidas.

"As exportações ainda têm margem para crescer, a indústria é que pode não ter margem para produzir.”

Fortunato Frederico

APICCAPS

“Somos um país relativamente pequeno, empregamos cerca de 39 mil pessoas e não podemos ter a ambição de fazermos o que o têxtil fez há uns anos, que foi sobredimensionar-se. Mais do que a quantidade, temos de crescer pela valorização do produto”.

De destacar que Itália continua a ser, dentro da União Europeia, o maior exportador de calçado, com uma quota de 25%, seguida pela Alemanha com 12%. Já Portugal, segundo dados da APICCAPS relativos a 2014, “tem mantido o seu peso relativamente estável nos últimos cinco anos, assumindo-se como o sétimo maior exportador comunitário, com uma quota de 5,5%”.

Exportações Portuguesas de Calçado. Principais Compradores.
Valores em milhares de euros. Dados: APICCAPS
Raquel Sá Martins

Espanha lidera importações

Dados da APICCAPS demonstram que, em 2016, as importações portuguesas de calçado cifraram-se perto dos 598 milhões de euros, um crescimento de 13,14% face a 2015. Entre os principais mercados a que Portugal compra mais sapatos surge Espanha, com 257 milhões de euros, seguida pela Bélgica com 55,3 milhões de euros, a China com 55,1 milhões, a Holanda com 53,6 milhões de euros, França com 51,7 milhões de euros, e Itália, com 47 milhões de euros.

Emprego

A indústria do calçado emprega atualmente mais de 38 mil pessoas (38.661, segundo estimativas da APICCAPS), sendo que a produção anual ultrapassa os 81.000 pares de sapatos. De 2011 a 2016 (os dados de 2016 são ainda estimativas da APICCAPS), o setor criou 4.157 postos de trabalho, sendo que o perfil de qualificação foi também alterado, com as empresas a empregarem cada vez mais mão-de-obra qualificada.

Em termos do número de empresas, a indústria fechou 2016 com 1.473 empresas, menos duas que no ano anterior. Para Fortunato Frederico, o setor começa a sentir falta de mão-de-obra. “Na Kyaia já demos emprego a pessoas com 50 e poucos anos. Até aos 65 anos ainda estão bem para trabalhar, mas gostava de meter jovens porque daí podem fazer-se bons quadros. E o que me preocupa é que, se não aparecerem agora jovens para formarmos daqui a uns anos, não temos bons quadros”.

O presidente do grupo Kyaia diz que “nas grandes cidades ainda vão aparecendo mas no interior já não há. Isto tem a ver com existir menos desemprego mas também com o facto de a taxa de natalidade estar a descer. Sem segurança, as pessoas não têm filhos”.

Made in Portugal

O novo paradigma do setor: deixar de produzir em série para dar resposta a encomendas, por mais pequenas que sejam, implica um trabalho contínuo, quer ao nível da política comercial, quer ao nível da internacionalização. E apesar de Portugal ostentar o segundo preço médio mais caro da indústria, logo atrás de Itália, o “made in Portugal” ainda sente a sombra de Itália.

“A Itália faz sombra ao calçado português não pelo produto em si, mas pela imagem do país. Nós nunca tivemos um Leonardo da Vinci nem um Umberto Eco. No produto, penso que os nossos sapatos estão 10% abaixo do preço de Itália mas, em termos de imagem do país, estaremos muito mais abaixo”, considera Fortunato Frederico.

Quanto ao preço, o presidente da APICCAPS frisa: “No global, a grande diferença resulta da imagem que o país tem. Eventualmente, daqui a uns anos, com o turismo a crescer como esta, a imagem de Portugal melhora, mas isto é um processo lento. Claro que os italianos também têm muita qualidade nos sapatos e inovam muito”.

E em Portugal, é fácil vender sapatos… portugueses? “Penso que os portugueses ainda não valorizam muito o sapato português, valorizam muito mais um sapato italiano. Hoje fazem-se sapatos muito bons em Portugal, mas ainda encontramos muitas marcas espanholas e italianas que gozam de muita reputação entre nós. Mas é um caminho que estamos a trilhar e daqui a meia dúzia de anos…”, refere o empresário.

Daqui a cinco anos gostava de ver o calçado português a ser vendido ao mesmo preço que o calçado italiano. Essa era a minha alegria.

Fortunato Frederico

Presidente da APICCAPS

O regresso das multinacionais

Algumas das multinacionais que outrora deslocalizaram a sua produção de Portugal para a Ásia estão a encetar o movimento contrário. Fortunato Frederico diz que é o “fenómeno da globalização”. “Numa dada altura é bom para as empresas saírem e, a dada altura, pode ser bom regressarem. A insegurança no mundo é um fator importante para esse regresso. Portugal tem uma imagem segura: para além de não existirem fenómenos climatéricos naturais adversos tem estado também a salvo de ataques terroristas, e tudo isso conta e é um fator competitivo para Portugal”.

E o presidente da associação do calçado dá mesmo alguns exemplos. “A ECCO regressou, a Gabor — que é uma grande empresa e muito bem organizada — está a reforçar, a Memphisto está a investir seis milhões em Viana do Castelo para reforçar a sua capacidade produtiva. E outras poderão vir”.

Vantagens do setor do calçado

  • Base industrial diversificada, com capacidade manufatureira reconhecida, assente na flexibilidade e rapidez de resposta
  • Know-how relativo à atuação nos mercado
  • Crescente reputação internacional de Portugal como origem de produtos de moda e design

Riscos do setor do calçado

  • Uma indústria tão exposta internacionalmente tem sempre associado o risco de um abrandamento económico nas economias mais desenvolvidas
  • Volatilidade do preço da matéria-prima e eventual aparecimento de alternativas com melhores performances e menor custo
  • Outros países procuram emular a estratégia de Portugal

(Fonte: Plano estratégico 2014-2020 da APICCAPS)

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.