Investimento imobiliário dispara para perto dos 2 mil milhões. Estrangeiros pesam 80%

O investimento imobiliário bateu recordes em 2017 e chegou aos 1,9 mil milhões. Os ativos de retalho e escritórios são os que mais contribuem para o crescimento.

O volume de investimento no mercado imobiliário em Portugal chegou aos 1,9 mil milhões em 2017 — um valor inédito, nota a JLL, na apresentação do estudo Market 360.º, que cobre todas as áreas de investimento do imobiliário. Foi uma escalada de 50% desde o ano anterior, e foram os estrangeiros os que mais ajudaram na subida. Cerca de 80% do investimento teve origem internacional, e dirigiu-se sobretudo ao retalho e aos escritórios. Em 2018, a consultora imobiliária espera que a trajetória continue no mesmo sentido.

Portugal é visto como um investimento muito maduro” afirma Fernando Ferreira, responsável pela área de Capital Markets na JLL. “Grandes investidores querem algo mais rentável e retiram dinheiro de outras aplicações para apostar no imobiliário”, explica, justificando o valor de transação mais elevado desde que há registo, os 1,9 mil milhões de euros de 2017.

“O retalho continua a agregar o maior volume de investimento”, aponta o relatório, representando 35% do capital investido. A venda de grandes ativos neste setor contribuiu largamente para a ascensão do volume de investimento. Mariana Rosa, responsável de Office Agency e Corporate Solutions, realça a forma como novas zonas ganham vida, como é o caso do eixo ribeirinho, para onde se deslocou a EDP — e depois empresas como a Vieira de Almeida, WPP e Farfetch. Por oposição, a Expo já só tem uma disponibilidade inferior a 3%.

O retalho é seguido do setor dos escritórios, responsável por uma fatia de 31% da aposta em imobiliário. Neste campo, a captação de multinacionais tem sido um dos grandes motores. Contudo, Fernando Ferreira assinala a “pouca rotação” destes ativos e a “falta de oferta”.

Os centros comerciais e escritórios chegaram a “um empate” ao nível da yield prime, a taxa correspondente ao ativo de melhor desempenho de cada setor. Situou-se nos 4,75% em 2017. A taxa do comércio de rua ficou próxima, nos 4,5%. “As yields registaram novos mínimos históricos, revelando o forte apetite dos investidores, ao mesmo tempo que se mantêm superiores à maioria dos mercados europeus”, conta o relatório, realçando a liquidez dos mercados internacionais como mais um fator adjuvante na captação de investimento estrangeiro.

Os investidores domésticos também se revelaram bastante dinâmicos“, relata o estudo, apontando para um aumento no número de transações feitas por estes investidores, de 24% em 2015 para 45% em 2017. Apesar do número de transações, contribuíram apenas 20% para o total do volume investido.

No setor residencial, este desequilíbrio está a diminuir, pelo menos de acordo com a realidade da imobiliária. Na JLL, a percentagem de estrangeiros a adquirir habitação recuou dos 65% para os 57%, dado o aumento da procura doméstica por estes ativos. A procura interna “tem tendência a aumentar”, comenta Patrícia Barão, responsável pela área Residencial na JLL. Justifica com a maior liquidez — a concessão de créditos à habitação aumentou 44% entre 2017 e 2016 — mas também com o facto de o imobiliário ser um “refúgio seguro” face às condições de investimento pouco interessantes oferecidas pela banca.

Segundo a JLL, uma estimativa “contida” para o volume de investimento em 2018 são os 2,5 mil milhões. E “há quem diga três mil milhões”, avança Fernando Ferreira. Em parte, dadas as operações que não foram concluídas em 2017. “Existe produto”, assegura o responsável de Capital Markets, “há duas seguradoras neste momento no mercado com portefólios”, que, acredita, contribuirão para aumentar bastante a fasquia do ano corrente.

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A manhã num minuto

  • Rita Frade
  • 31 Janeiro 2018

Não sabe o que se passou durante a manhã? Fizemos um vídeo que reúne as notícias mais relevantes, em apenas um minuto.

Mário Centeno disse esta manhã, no arranque da sua audição na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças, que “cumprimos“: “temos mais 288 mil empregos do que em dezembro de 2015“.

Embora a tranche mais cara do empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI) já tenha sido devolvida, Portugal não deverá abrandar o ritmo na gestão do seu elevado endividamento público. Acelerar operações de recompra de dívida no mercado? É uma estratégia que faz sentido adotar a partir de agora, dizem os analistas ouvidos pelos ECO. Emitir títulos com prazos mais ambiciosos? Também.

“Cumprimos”, disse Mário Centeno, no arranque da sua audição na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças, esta quarta-feira, na Assembleia da República. O ministro trazia os números estudados e os dossiês preparados para focar a discussão nos progressos da economia.

A réstia de esperança que existia para a Ricon desvaneceu-se esta manhã. A solução que estava a ser trabalhada, segundo anunciou, Pedro Pidwell, administrador de insolvência, depois da assembleia de credores realizada esta terça-feira, afinal não avançou. Empresa vai mesmo para liquidação, apurou o ECO junto de fontes próximas ao processo.

A Efacec, empresa controlada pela empresária Isabel dos Santos, vai inaugurar uma nova unidade de mobilidade elétrica. O evento que acontece, na próxima segunda-feira, na Maia, sede da empresa, vai contar com a presença da sua principal acionista.

As imobiliárias, a Sonae Sierra, como um dos grandes vendedores, e a equipa que assessorou a venda do Dolce Vita Tejo, o segundo maior centro comercial do país, explicam o interesse dos investidores e garantem que não tem nada de invulgar.

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Por cada três carros novos na estrada, um é usado… importado

As vendas de automóveis cresceram. O aumento foi bastante inferior ao do ano anterior, mas não no caso dos importados. A importação de usados continua a crescer, agravando a saúde do parque automóvel.

Há mais carros novos nas estradas portuguesas. Foram vendidos, no ano passado, mais de 200 mil veículos, um crescimento, sim, mas bem menor do que o registado no ano anterior. Um abrandar, no regresso à normalidade do mercado, que não se vê no caso dos importados. Com os descontos no ISV destes veículos, o peso destes no total das vendas de novos está a acelerar. Por cada três novos há mais um importado usado… com uma idade média de cinco anos.

“Em 2017, o número de matrículas de automóveis importados usados equivalia a 29,8% das vendas de novos, tendo sido matriculados 66.193 veículos usados”, referem os dados da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), divulgados no âmbito do balanço do último ano do mercado automóvel nacional. O mercado dos novos “teve um crescimento de 7,7% face ao ano de 2016. Esta percentagem de crescimento significa que o mercado está a estabilizar para os seus valores normais”, nota, destacando o peso do rent a car (24%) no número final.

“O mercado de importados ganhou uma grande dinâmica nos últimos dois anos com a redução do Imposto Sobre Veículos. Há dois anos, o Governo decidiu atribuir também um desconto para veículos de cinco a dez anos”, salientou Hélder Pedro, secretário-geral da ACAP, acrescentando que a “idade média dos importados é de cinco anos”. Este fenómeno, em conjunto com o do fim do incentivo ao abate de veículos, está a contribuir para aumentar a idade média do parque total.

"O mercado de importados ganhou uma grande dinâmica nos últimos dois anos com a redução do Imposto Sobre Veículos. ”

Hélder Pedro

Secretário-geral da ACAP

O parque circulante em Portugal era, no final do ano passado, de 5,923 milhões de veículos, dos quais 4,7 milhões correspondem a ligeiros de passageiros, sendo que a idade média dos ligeiros de passageiros subiu para 12,5 anos. “Acima dos 10 anos é considerado que o parque está a envelhecer. É preciso medidas para rejuvenescer”, nota Hélder Pedro.

“Fizemos petição para se retomar o incentivo ao abate. O Governo entendeu até à data não o fazer (foi descontinuado em 2011). Os automóveis que são abatidos são cada vez mais velhos”, acrescenta. Em 2017, segundo dados da ACAP, a idade média dos veículos abatidos nos centros para o efeito era de 21,4 anos. Há menos de uma década era de cerca de 15 anos.

Abate? Sim. E mais cheques para elétricos

Os números das vendas de automóveis novos incluem um crescimento expressivo nos veículos com sistemas alternativos de locomoção face aos tradicionais motores de combustão. A ACAP destaca o “crescimento de três dígitos, verificado nos veículos elétricos e híbridos plug-in, que é revelador da crescente procura que existe neste segmento”.

“Só para termos a noção exata, em 2010 venderam-se cinco veículos híbridos plug-in. Em 2017, as vendas foram de 2442 unidades. Nos veículos elétricos, o crescimento foi de 117% em 2017. A crescente eletrificação do parque automóvel é uma realidade incontornável no futuro próximo”, defende a associação, exigindo, por isso, o “fim do limite de mil unidades nos incentivos aos carros elétricos”, bem como “a dedução do IVA das despesas com veículos híbridos a gasolina”.

A ACAP considera que permitir apenas a dedução do IVA nos veículos a gasóleo “limita a atividade das empresas e das empresas de transportes”. Obriga-as, devido à fiscalidade, a continuar a apostar no gasóleo num contexto de mudança do mercado. “Verifica-se uma quebra do peso do diesel nas vendas de veículos novos. Se era de 72% em 2013, caiu para 61% em 2017″, nota.

Luta de Classes. Governo está a negociar

Outra das reivindicações da ACAP prende-se com a forma como os diferentes veículos são taxados nas portagens, com muitos automóveis a passarem a ser considerados Classe 2, com todos os custos que isso acarreta. É, diz Hélder Pedro, “um tema da máxima prioridade”. A associação tem discutido o problema com o Governo, mas cabe agora ao Executivo negociar.

Os critérios de portagem desatualizaram-se face ao mercado. A diretiva europeia da proteção de peões obriga a elevar a altura dos veículos à frente. Isso levou vários automóveis para Classe 2 [já que têm mais de 1,10 metros ao eixo dianteiro]”, conta. Neste sentido, o “Governo criou há dois anos um grupo de trabalho… Reuniram de dezembro de 2016 e julho 17, tendo sido produzido um extenso relatório que foi entregue ao Governo”. Nesse relatório, a ACAP defende que “carros com peso inferior a 2.300 kg devem ser Classe 1”, abandonando-se o critério da altura.

Agora, “o Governo tem de juntar as concessionárias e negociar. Tem contratos longos, longe de terminar. Foram assinados com base nessa classificação [de portagens]”, diz Hélder Pedro. “Está em causa o interesse nacional, por isso, o Governo tem de se sentar com elas [as concessionárias] para negociar a alteração das portagens”, diz, notando que recentemente questionou o Executivo para saber em que ponto estão as negociações.

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Caixa de Previdência: Reformas de advogados vão ser pagas pelos cidadãos

A sustentabilidade da Caixa de Previdência pode passar pela solução que prevê que parte das taxas de justiça - pagas pelos cidadão comum que vá a tribunal - reverta para as reformas dos advogados.

A Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores (CPAS) pode voltar a ter nos seus cofres, todos os anos, uma percentagem do valor que o Estado cobra aos cidadãos que queiram ir a tribunal. Ou seja: de forma a que a sustentabilidade da mesma não esteja em causa, a própria instituição e o grupo de trabalho nomeado pela Ministra da Justiça em agosto de 2016, admitem que uma das soluções será a de voltar à chamada taxa de Procuradoria. Que permite que a CPAS receba uma percentagem do valor total das custas judiciais. Uma regra que esteve em vigor até 2008, ano em que o Código das Custas Processuais foi alterado.

A essa medida seguiu-se, em 2015, a aprovação do Regulamento da CPAS que aumentou consideravelmente as contribuições que todos os advogados e solicitadores têm de pagar para terem direito à reforma. E que já levou a que, na sexta-feira passada, cerca de três mil profissionais (advogados, solicitadores e agentes de execução) se tenham manifestado em frente à Ordem dos Advogados e à CPAS, exigindo a descida dessas contribuições.

Mas recuemos no tempo. Em agosto de 2016, a ministra da Justiça Francisca Van Dunem e o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social Vieira da Silva, reuniram um grupo de trabalho precisamente para discutir este novo Regulamento, já contestado pelas classes visadas desde que entrou em vigor. Queixam-se não só das taxas de contribuição (que têm aumentado gradualmente) mas também da ausência de assistência em questões de doença ou de parentalidade. A título de exemplo, uma advogada que acabe de ser mãe, não tem direito a uma licença de maternidade paga. Ou se um advogado estiver doente, não terá direito a pedir uma baixa, como um cidadão comum que o pode fazer à Segurança Social.

Esse grupo de trabalho – composto por membros do Governo mas também por elementos das três classes profissionais em causa – redigiu em novembro as suas conclusões que, não sendo vinculativas, serão tidas em conta pelo Governo. Hoje, quarta-feira, a pedido dos deputados do PSD, o relatório final desse mesmo grupo de trabalho foi disponibilizado no site do Parlamento. Que admite “que foi identificada a bondade de ser recuperado, como fonte de financiamento, o valor de parte da receita de procuradoria ou da taxa de justiça em processos judiciais como receita da Caixa de Previdência prevista no anterior Regulamento”. Medida que terá sido referida pela própria CPAS, nas sugestões enviadas ao Governo. O ECO tentou contactar o presidente da CPAS, António Faustino, mas sem sucesso.

Os trabalhos do grupo criado em agosto de 2016 centraram-se, essencialmente, nesta questão da sustentabilidade da CPAS, que foi aliás o argumento de Paula Teixeira da Cruz em 2015 quando as novas regras foram aprovadas. Agora, o presidente da CPAS alega que a instituição está de boa saúde financeira e apresentou a esse mesmo grupo de trabalho relatórios técnicos elaborados pela Willis Towers Watson que revelam que o regime se manterá “financeiramente equilibrado, pelo menos, até 2031, ano até ao qual foi feita a última projeção”. Mas a consultora alerta para uma “necessidade de avaliação permanente do regime e recomenda que seja aproveitado este hiato de estabilidade do regime para analisar, atempadamente, as respostas a dar às alterações ocorridas”.

No que toca a essa sustentabilidade, “os indicadores disponibilizados pela CPAS relativamente ao primeiro trimestre de 2017 já se revelam positivos”, refere o grupo de trabalho, em jeito de conclusão. Que acrescenta ainda que “em complemento dos benefícios referidos, a Caixa pode promover a celebração com instituições de seguro, de contratos de seguro de grupo, com vista à cobertura de riscos dos seus beneficiários”.

O presidente da Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores, há duas semanas, explicou-se à classe, depois das críticas de que foi alvo por mais de 600 advogados na carta aberta enviada a Marcelo Rebelo de Sousa. António Faustino, eleito em dezembro de 2016, sublinha que “a par dos benefícios previstos nesta sede, a CPAS oferece, anual e gratuitamente, aos beneficiários um seguro de acidentes pessoais e um seguro de assistência médica permanente (que representa um custo anual de cerca de 340 mil euros)”, explica o advogado. Adiantando ainda que está “em desenvolvimento um procedimento, que se prevê venha a ser concluído no início do segundo trimestre de 2018, relativo à contratação de um seguro de saúde, também gratuito, para todos os beneficiários cumpridores da respetiva obrigação contributiva”.

Atualmente, os 243,60 euros são a contribuição mínima exigida a quem tem mais de quatro anos de profissão. “Um montante que não tem praticamente qualquer contrapartida”, queixam-se os signatários dessa mesma carta enviada no início do ano. “Ao contrário dos restantes cidadãos, os advogados não recebem subsídio se estiverem de baixa. Não recebem subsídio parental, se tiverem filhos. Numa situação de baixa normal não só não têm qualquer assistência digna como é obrigatório cumprir com o referido pagamento, apesar das dificuldades”.

Ao ECO, António Faustino respondeu, na altura: “importa frisar que a proteção na doença dos advogados e dos solicitadores é assegurada pelo Serviço Nacional de Saúde em igualdade de circunstâncias com todos os demais cidadãos, lamentando-se, profundamente, o aproveitamento e a exploração, que se quis mediática, do caso concreto de uma advogada que se encontra acometida por uma doença grave, situação que, naturalmente, merece toda a solidariedade”. A carta inclui um testemunho de uma advogada há 15 anos, numa pequena cidade do interior, que “devido à doença há quase um ano que não consigo trabalhar. A Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores não me atribui qualquer subsídio quando estou doente mas exige-me que pague 243,60 euros por mês para assegurar a minha reforma. Que provavelmente nem chegarei a receber”.

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Centeno assume que investimento ajudou a cortar défice de 2016, mas não de 2017

  • Margarida Peixoto
  • 31 Janeiro 2018

Mário Centeno assumiu que o corte nas despesas de capital ajudou baixar o défice em 200 milhões de euros, em 2016. Mas garante que o mesmo já não aconteceu em 2017 - verificou-se o contrário.

O ministro das Finanças, Mário Centeno, assumiu esta quarta-feira que a redução do investimento ajudou a cortar o défice em 2016, em 200 milhões de euros. Contudo, frisou que o mesmo já não se verificou em 2017. No ano passado, verificou-se precisamente o contrário.

Na audição do ministro na Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças, as críticas ao baixo investimento público foram comuns da direita à esquerda políticas. Inês Domingos, deputada do PSD, frisou que “o investimento público em 2017 ficou abaixo do orçamentado”, Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, notou que dizer que sempre foi assim “não é uma resposta aceitável”. E também o PCP e o CDS criticaram a falta de investimento público.

Perante as críticas, Mário Centeno foi primeiro notando o aumento dos recursos humanos — médicos e enfermeiros — no Serviço Nacional de Saúde. Lembrou repetidamente o “enorme investimento no sistema financeiro” que representou a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, e garantiu que o investimento público leva tempo, que está em grande medida dependente dos quadros comunitários de apoio.

Em 2016 o défice melhorou, números redondos, próximo de mil milhões de euros. Desses mil milhões de euros, o contributo do saldo de capital foi de 200 milhões de euros.

Mário Centeno

Ministro das Finanças

Mas a certa altura, Centeno valeu-se nos números e acabou por assumir a ajuda do corte do investimento para a redução do défice de 2016. “Em 2016 o défice melhorou, números redondos, próximo de mil milhões de euros. Desses mil milhões de euros, o contributo do saldo de capital foi de 200 milhões de euros”, revelou o ministro. Ou seja, cerca de 20% da redução do défice, ou o equivalente a quase uma décima do PIB.

“Por isso é que o impacto no défice é muitíssimo menor, e houve de facto em 2016, de 200 milhões de euros, mas já não existiu em 2017,” somou. “Em 2017 o saldo de capital tem um contributo negativo para a evolução do défice, porquê? Porque a despesa de capital aumentou mais do que a receita de capital”, concretizou Mário Centeno. Em 2017, o contributo negativo do investimento foi de cerca de 50 milhões de euros.

Tal como o ECO já contou, o investimento público subiu 20% em 2017, mas ficou, ainda assim, aquém da meta que tinha sido estabelecida pelo próprio Governo.

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Restaurante de Jamie Oliver já abriu. E é o chef que convida Lisboa a conhecê-lo

  • Juliana Nogueira Santos
  • 31 Janeiro 2018

O primeiro restaurante do chef britânico em Portugal abriu oficialmente esta terça-feira e Oliver quis deixar o convite a todos os portugueses para irem conhecê-lo.

“Olá Lisboa!” É com um sorriso e os braços abertos que Jamie Oliver se dirige, na página de Facebook do seu novo restaurante em Lisboa, aos portugueses. O chef britânico utilizou a rede social para comunicar que o Jamie’s Italian no Príncipe Real está oficialmente aberto ao público.

“O meu primeiro Jamie’s Italian em Portugal já está aberto na deslumbrante área do Príncipe Real”, afirma Oliver em vídeo. O famoso chef apresenta rapidamente o seu menu, tratando-se de “verdadeira cozinha italiana rústica” com o toque pessoal de Oliver.

“Fazemos massas frescas todos os dias, com os melhores ingredientes, além de saladas saudáveis, grelhado, pratos principais incríveis, pizzas deliciosas e deliciosas sobremesas”, detalha ainda.

Ainda que a apresentação para a imprensa tenha sido nesta terça-feira, dia 30 de janeiro, o restaurante já tinha começado a servir pratos sem avisar, na passada sexta-feira. O restaurante situa-se no número 28 A da Praça do Príncipe Real, em Lisboa.

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Gabriela Figueiredo Dias: “Criptomoedas serão formas banais do investimento no futuro”

Para a líder da CMVM, moedas digitais vão ser uma coisa banal no futuro. Mas alerta para os perigos de abuso, menor transparência, fraude e falhas de supervisão que elas trazem para os investidores.

Blockchain, Initial Coin Offering (ICO), tokens, criptomoedas…. ainda que os reguladores de todo o mundo olhem com alguma desconfiança para o novo mundo das moedas digitais, para Gabriela Figueiredo Dias, presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), estes novos conceitos pouco mais vão ser do que “formas banais do investimento” no futuro, integrando já hoje uma transformação tecnológica no setor financeiro que as autoridades não se podem alhear.

“O movimento da inovação tecnológica nos serviços financeiros (Fintech) está já aí e avança com uma força inexorável (que nem todos e nem sempre quisemos admitir)”, escreve Gabriela Figueiredo Dias num artigo de opinião publicado na revista Exame.

“Depois da negociação algorítmica (atualmente incorporada, mas ainda recentemente alvo da desconfiança dos reguladores), crowdfunding, sandboxes, blockchain, robot advice, ICO, tokens, criptomoedas são conceitos hoje já incluídos no léxico comum e, no futuro, formas banais do investimento“, acrescenta a líder do polícia do mercado de capitais no artigo com o título “Mercados, gerações e tendências”.

Depois da negociação algorítmica (atualmente incorporada, mas ainda recentemente alvo da desconfiança dos reguladores), crowdfunding, sandboxes, blockchain, robot advice, ICO, tokens, criptomoedas são conceitos hoje já incluídos no léxico comum e, no futuro, formas banais do investimento.

Gabriela Figueiredo Dias

Presidente da CMVM

Mas, como em todas as evoluções, também este movimento impulsionado pelas fintech apresenta vários riscos, lembra a presidente da CMVM, que nos últimos meses apertou a vigilância no mercado português em relação a negociação de produtos financeiros relacionados com as moedas digitais. Quais os riscos? “De abuso, menor transparência, novas formas de fraude”, elenca.

E prossegue a lista de potenciais perigos: “De falhas de supervisão, pela diferente velocidade do conhecimento dos supervisores face à vertigem da evolução e inovação tecnológicas. E o supremo risco do alheamento dos reguladores e policy makers em relação à realidade e da negação da inovação e do seu potencial: oferta de serviços mais sofisticados, menos complexos, a custos menores; e um potencial relevante, se devidamente compreendido e conformado, de vantagens para a inclusão financeira, o rigor e a transparência das operações e a eficácia da supervisão”.

Para Gabriela Figueiredo Dias, estas novas realidades impostas pela transformação tecnológica são “simplesmente” para “aceitar e acompanhar”. É que “não estar lá deixou, há muito, de ser uma opção para os reguladores”, defende. E “recusar a transformação digital seria negar a realidade e perder em definitivo a oportunidade de a conformar, em termos adequados e proporcionados”, justifica.

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Aumentos na Função Pública? Mário Centeno diz que salários já estão a crescer

  • Margarida Peixoto
  • 31 Janeiro 2018

O tom da discussão foi marcado pelo socialista João Galamba, que já avisou que dificilmente haverá aumentos salariais em 2019. Mas o Bloco de Esquerda confrontou o ministro das Finanças.

A discussão tinha sido lançada pelo deputado socialista João Galamba: dificilmente haverá margem para aumentos salariais para a função pública em 2019. Mariana Mortágua, deputada bloquista, assumiu esta quarta-feira a surpresa pelo debate ter sido aberto “sem discussão prévia” mas não só partiu para a frente de batalha, como ainda alargou o tema aos salários do setor privado — também têm de crescer. O que respondeu o ministro das Finanças? Centeno usou a matemática para demonstrar que os salários já estão a crescer.

“O PS resolveu lançar o debate sobre os salários da função pública sem qualquer discussão prévia”, notou Mariana Mortágua, durante a audição do ministro das Finanças na Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças, na Assembleia da República. “Muito bem”, anuiu. E estabeleceu as prioridades do Bloco de Esquerda: revisão das carreiras dos funcionários públicos, resolução do problema da falta de pessoal e fim do congelamento salarial. “Os funcionários públicos perderam 10% do seu salário em 10 anos”, sublinhou.

Depois, abriu a discussão ao terreno do setor privado: “Não podemos admitir que a regra no privado seja a estagnação.” E, por isso, os bloquistas querem com “urgência” concretizar a alteração da lei laboral que permita efetivar a atualização salarial.

A resposta de Mário Centeno não foi direta, mas para bom entendedor meia palavra basta. O ministro recorreu aos números para concluir que os salários já estão a crescer.

“Numa recessão destruímos empregos abaixo da média, e por isso o salário médio sobe”, começou por explicar Centeno. “Quando há criação de 288 mil novos empregos, o efeito de composição é o inverso”, continuou, garantindo que “é muito difícil ter a média salarial a crescer” com esta dimensão de emprego. “E está a crescer 2%”, assegurou o ministro.

Para reforçar o raciocínio, Centeno notou ainda que em média, o crescimento mensal das contribuições para a Segurança Social tem sido de 7%, o que, simplificando, quer dizer que “o salário que os portugueses levam para casa no seu conjunto está a crescer 7%”, simplificou.

Por outras palavras, em termos médios cada trabalhador tem um salário 2% mais elevado, mas o conjunto da massa salarial, diz o ministro, está a subir 7% — o que se explica porque muitos trabalhadores que estavam no desemprego (e que por isso não tinham salário nem faziam descontos para a Segurança Social) recuperaram um posto de trabalho e viram a sua remuneração crescer.

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CTT: das 800 saídas, cerca de metade “são saídas naturais”

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 31 Janeiro 2018

Francisco Lacerda recusa falar em despedimentos. Por ano saem cerca de 150 a 160 pessoas por "razões naturais", diz o líder dos CTT, que foi ouvido na comissão parlamentar de Economia.

O presidente executivo dos CTT vincou esta quarta-feira que, entre as 800 saídas planeadas, cerca de metade deve corresponder a saídas “naturais”.

Francisco Lacerda está a ser ouvido na comissão parlamentar de Economia sobre a situação da empresa, no âmbito de um requerimento do PS. Depois de apresentar alguns números relativos ao negócio, o líder dos CTT indicou que, num período de três anos, a entidade terá condições para funcionar com menos 800 pessoas na frente de distribuição, mas defendeu que isso não significa despedimentos.

Por ano, saem cerca de 150 a 160 pessoas “por razões naturais”, disse Lacerda, apontando para casos de reforma ou outros. No conjunto de três anos, estarão em causa cerca de 450 saídas, acrescentou ainda. Ou seja, das 800 saídas, “qualquer coisa como metade são saídas naturais”, notou o líder dos CTT, enquadrando o número num universo de 12 mil empregados.

As pessoas não se reveem naquilo que leem nos jornais ou na televisão sobre o que dizem sobre os CTT.

Francisco Lacerda

Presidente executivo dos CTT

Francisco Lacerda referiu ainda que há cerca de 500 trabalhadores com contrato a prazo e, além disso, indicou que os CTT estão a “conversar” com trabalhadores, sobretudo os que se encontram mais perto da idade de reforma, para tentar “encontrar condições” que levem os funcionários a entender que a saída é “uma boa alternativa” — no entanto, estes casos não são entendidos como saídas naturais porque envolvem uma “ação” que “tem a ver com uma negociação para uma rescisão por acordo”.

O PCP quis saber se já tinha terminado o processo de encerramento de estações, mas Francisco Lacerda diz que “não há uma resposta direta” para dar. “Em cada momento analisamos e decidimos”, frisou.

650 mil pensões pagas através dos CTT

Já em resposta ao Bloco de Esquerda, Francisco Lacerda apresentou alguns números relativos às pensões que chegam aos beneficiários através dos CTT. Desde 2005, os novos pensionistas já têm de indicar uma conta bancária, “ou seja todos os pensionistas que recebem por vale postal reformaram-se até 2004”, afirmou o presidente dos CTT.

Mas mesmo assim, ainda são pagas 650 mil pensões por mês, continuou Francisco Lacerda, adiantando também que são pagas “em casa das pessoas 255 mil pensões por ano”. Neste caso, trata-se de um serviço não obrigatório: “levamos o dinheiro a casa das pessoas”, explicou.

Ambição não é “ter a melhor qualidade do mundo, mas ter boa qualidade”

Durante a audição, o deputado social-democrata Paulo Rios acusou os partidos mais à esquerda de “tentar gerar a imagem do caos no país” e avisou que o PSD vai tentar “evitar que se tente transformar os CTT numa nova Autoeuropa”.

Já durante a resposta, Francisco Lacerda frisou que a ambição dos CTT é “ter boa qualidade”. “Não direi ter a melhor qualidade do mundo, mas ter boa qualidade”, disse. O presidente executivo entende mesmo que “as pessoas não se reveem naquilo que leem nos jornais ou na televisão sobre o que dizem sobre os CTT”.

(notícia atualizada às 13:46)

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Parlamento aprova por unanimidade vogais da Anacom

  • Lusa
  • 31 Janeiro 2018

Os nomes de João Miguel André Monteiro Coelho, Sandro Mendonça e Paula Cristina Meira Lourenço foram aprovados por unanimidade.

A comissão parlamentar de Economia, Inovação e Obras Públicas aprovou esta quarta-feira, por unanimidade, o relatório sobre a audição dos três vogais indigitados para a administração da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), disse o deputado do PCP Bruno Dias à Lusa.

A comissão tinha agendada “a apreciação e votação do relatório sobre a audição” dos vogais João Miguel André Monteiro Coelho, Sandro Mendonça e Paula Cristina Meira Lourenço para o Conselho de Administração do regulador das telecomunicações. Os três nomes já tinham sido ouvidos na comissão parlamentar, depois de em 18 de dezembro último o Governo ter remetido à Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP) uma proposta para a sua nomeação.

Em julho do ano passado, a mesma parlamentar tinha chumbado dois dos nomes propostos pelo Governo para o regulador das comunicações pelas ligações à PT/Altice, e um terceiro por falta de experiência. Na altura, apenas o nome de João Cadete de Matos, proposto para presidente do regulador, foi aprovado na comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas, acabando por iniciar o mandato em agosto por um período de seis anos.

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PSD e CDS acham “absurdo” discutir Centeno no plenário europeu

  • Lusa
  • 31 Janeiro 2018

Os dois partidos, pela voz de Nuno Melo e Paulo Rangel, demarcaram-se da ideia de discutir as alegações judiciais contra Centeno ao plenário do Parlamento Europeu.

O PSD e o CDS demarcaram-se esta quarta-feira da pretensão do presidente do Partido Popular Europeu (PPE) de debater no plenário do Parlamento Europeu as “alegações contra o presidente do Eurogrupo”, Mário Centeno, considerando-a “impertinente” e “absurda”.

Um dia após Manfred Weber, líder parlamentar do PPE — a maior família política europeia, que inclui as delegações dos sociais-democratas e democratas-cristãos ao Parlamento Europeu — ter avançado com a ideia de haver um debate na próxima sessão plenária sobre o caso que envolveu buscas no Ministério das Finanças, Paulo Rangel (PSD) e Nuno Melo (CDS) demarcaram-se desta iniciativa, repudiada pelos deputados portugueses de outros grupos políticos.

O líder da delegação do PSD explicou que “o presidente (do PPE na assembleia) queria levar a questão à Conferência de Presidentes (que reúne os líderes das famílias políticas) para eventualmente saber se haveria um debate em plenário ou não” e garantiu que “o PSD, assim que soube, porque isto foi agendado apenas pelo presidente, lavrou logo um protesto enorme por considerar que é completamente impertinente estar a por qualquer questão”.

"Tanto quanto sabemos, não há nenhum motivo para qualquer dúvida neste momento.”

Paulo Rangel

Líder da delegação do PSD

“Não há nenhuma investigação pessoal e não tem qualquer relevância. Tanto quanto sabemos, não há nenhum motivo para qualquer dúvida neste momento. Sabemos que também os presidentes dos outros grupos não querem debater a questão sequer na Conferência de Presidentes, e portanto o PPE já não insistirá nisso. Provavelmente o assunto nem sequer vai ser discutido na Conferência de Presidentes”, agendada para quinta-feira, apontou.

“Tendo em conta a nossa posição, que foi muito firme e foi expressa ontem (terça-feira) por escrito e oralmente duas vezes, penso que o assunto estará totalmente esvaziado. Julgo que os nossos argumentos tiveram alguma valia, mas também não há dúvida de que os outros grupos, felizmente – e penso que aí os deputados portugueses terão tudo um papel -, chamaram a atenção para que isto no fundo é um não assunto. Se do ponto de vista nacional já era uma coisa bastante caricata, do ponto de vista europeu é ainda mais”, completou.

Também Nuno Melo, do CDS, considerou que a ideia de colocar o assunto na agenda da sessão plenária que decorre em Estrasburgo entre segunda e quinta-feira da próxima semana “não faz nenhum sentido”.

"À política o que é da política, à justiça o que é da justiça, sendo que no caso, se é verdade que decorre uma investigação em Portugal, como é público, o ministro Mário Centeno não foi sequer constituído arguido, e portanto esta é uma audição que é absurda no tempo e inclusivamente nos seus pressupostos. E em relação a isso eu não tenho uma avaliação partidária, tenho uma posição que é de princípio.”

Nuno Melo

Deputado do CDS

“À política o que é da política, à justiça o que é da justiça, sendo que no caso, se é verdade que decorre uma investigação em Portugal, como é público, o ministro Mário Centeno não foi sequer constituído arguido, e portanto esta é uma audição que é absurda no tempo e inclusivamente nos seus pressupostos. E em relação a isso eu não tenho uma avaliação partidária, tenho uma posição que é de princípio”, disse.

Por seu turno, o líder da delegação do PS ao Parlamento, Carlos Zorrinho, considerou tratar-se de “uma decisão absurda”, que disse só poder entender “como uma tentativa de denegrir a imagem de um político, a imagem de um país, e uma incapacidade por parte do PPE de aceitar que, através de uma linha política diferente, mais próxima das pessoas, mais próxima das empresas, seja possível atingir resultados económicos de grande significado”.

“É completamente extemporâneo, não há nada factual, por isso acredito que a Conferência de Presidentes não vai viabilizar este debate”, disse, manifestando-se convicto de que Rangel, enquanto vice-presidente do PPE “também ajudará a impor o bom senso”.

Os eurodeputados falavam minutos antes de uma cerimónia de homenagem a Mário Soares pelo Parlamento Europeu, na qual participa o primeiro-ministro, António Costa, que na segunda-feira renovou a confiança no ministro das Finanças e frisou que Mário Centeno “não sairá do Governo em circunstância alguma” relacionada com investigações sobre alegados benefícios em troca de bilhetes de jogos de futebol.

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Cativações: Governo deixou 560 milhões por gastar do Orçamento de 2017

  • Margarida Peixoto
  • 31 Janeiro 2018

O ministro das Finanças, Mário Centeno, revelou esta quarta-feira o valor das cativações que não foram libertadas no Orçamento do Estado do ano passado. Em 2018 há 1.086 milhões de euros cativos.

O Governo deixou por aplicar 560 milhões de euros do Orçamento do Estado de 2017, que tinham o OK do Parlamento para serem gastos. Mário Centeno, ministro das Finanças, revelou esta quarta-feira que este foi o valor dos cativos finais no ano passado.

“Muitos dos senhores deputados ficaram cativos de uma discussão mal colocada”, começou Mário Centeno, aludindo à polémica que marcou o verão de 2017, quando os deputados se uniram da esquerda à direita para criticar a cativação de verbas, cujo gasto estava autorizado pela Assembleia da República, sob a alçada do ministro das Finanças.

Mário Centeno garantiu que os 560 milhões de euros do OE2017 que ficaram por gastar são “muitos inferiores a 2016 e também a 2014″ e adiantou o valor de partida do Orçamento do Estado para 2018: 1.086 milhões de euros. Este é, segundo o ministro, “o valor mais baixo dos últimos cinco anos”.

Tendo em conta que esta ferramenta de gestão orçamental dificulta o controlo da ação do Governo por parte do Parlamento, os deputados chegaram no final do ano passado a acordo para alterar a Lei de Enquadramento Orçamental, no sentido de passar a incluir um reporte obrigatório do ponto de situação das cativações por parte do Executivo em funções, à Assembleia da República. Tal como o ECO já contou, este reporte só começa em maio e será trimestral até setembro. A partir desse mês passará a ser mensal.

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