Voltar a Portugal? “Não considero que o meu trabalho à frente do Lloyds tenha terminado”
Ainda não é desta que Horta Osório regressa a Portugal. O gestor diz ao ECO que liderar o Lloyds "continua a ser um desafio muito interessante", no dia em que o banco revelou lucros recorde.
O Lloyds Banking Group obteve os melhores resultados de sempre. No dia em que o banco conseguiu registar lucros recorde de 5,3 mil milhões de libras, o ECO enviou algumas perguntas ao português que está ao comando daquele que é, segundo António Horta Osório, o “maior banco digital no Reino Unido”.
Para acompanhar a revolução tecnológica, a instituição financeira que lidera decidiu investir três mil milhões de libras durante os próximos três anos na digitalização do banco, o equivalente, “em termos anuais, a todo o investimento no ano passado em fintech no Reino Unido”, revela Horta Osório, por escrito, o que vai ajudar o Lloyds a adaptar-se ao “comportamento dos clientes, ajudando-os a evoluir para um mundo digital e multicanal”.
Este é agora o grande desafio do gestor, depois de ter liderado a reestruturação do banco, que voltou a ser totalmente privado depois de anos com o Estado como acionista no seguimento de um resgate. Depois de devolver o dinheiro aos contribuintes, o Lloyds quer agora dar mil milhões de libras aos acionistas através de um programa de recompra de ações, o maior pacote de remuneração acionista de sempre do banco. Mas a sua missão ainda não acabou. Está na hora de voltar a Portugal? “Não considero de maneira nenhuma que o meu trabalho à frente do banco tenha terminado”, garante.
Está à frente do Lloyds Bank desde 2011. No primeiro triénio focou-se em salvar o banco, no segundo na sua reestruturação e digitalização, culminando na saída do Tesouro. Qual vai ser o objetivo nos próximos três anos?
Apresentámos hoje o plano estratégico do Lloyds para os próximos três anos (2018-2020). Nesse plano estão definidos três objetivos principais: prestar, cada vez mais, o melhor serviço aos nossos clientes prosseguindo o caminho de digitalização do banco e de formação dos seus colaboradores. O Lloyds já é atualmente o maior banco digital do Reino Unido, com 13,5 milhões de clientes e uma quota de mercado de 22%. Nos próximos três anos vamos investir três mil milhões de libras, mais 40% que no anterior, na digitalização interna de todos os procedimentos bancários e na formação dos colaboradores do banco, assegurando que todos estão preparados para o mundo digital. Além disso, queremos aumentar a nossa presença no mercado de seguros e pensões, onde estamos sub-representados, e temos como objetivo chegar aos 50 mil milhões de libras de volume de planos de pensões e seguros. Em terceiro lugar, anunciámos o objetivo de aumentar a rentabilidade sobre os capitais próprios para entre 14 e 15% o que levará a aumentos adicionais da remuneração aos nossos 2,4 milhões de acionistas.
A digitalização pode levar a uma redução do número de agências e, consequentemente, dos trabalhadores?
O plano que hoje apresentamos não tem a ver com estes aspetos mas sim com a satisfação dos nossos clientes e o acompanhamento das suas necessidades. Anunciámos o maior investimento de sempre no banco com o objetivo de o continuar a adaptar ao comportamento dos clientes ajudando-os a evoluir para um mundo digital e multicanal.
Um dos desafios desta nova realidade é a concorrência com as fintech. Vê esta relação com uma cooperação ou uma ameaça?
Vejo como uma relação de cooperação sendo que os bancos têm bases sólidas de clientes e mais diversificadas. De qualquer modo, o Lloyds tem vindo a apostar fortemente na digitalização, sendo já o maior banco digital do Reino Unido com a mobile app com maior rating do país. E vai continuar a fazê-lo: o investimento que hoje anunciámos é equivalente, em termos anuais, a todo o investimento no ano passado em fintech no Reino Unido.
Já está há sete anos à frente do banco. Qual foi o seu maior desafio enquanto presidente do Lloyds?
O maior desafio foi conseguir devolver o dinheiro dos contribuintes britânicos com lucro dado que o banco tinha sido intervencionado e estava perto da falência quando assumi funções. Mas o meu foco total é nos desafios e nos projetos que temos pela frente e que nos vão permitir continuar a crescer e a apoiar a economia real do Reino Unido.
Vai continuar à frente do banco ou pondera regressar a Portugal?
Como já disse algumas vezes, estou comprometido com o Lloyds. Não considero de maneira nenhuma que o meu trabalho à frente do banco tenha terminado. O Lloyds é o maior banco do Reino Unido e tem, por isso, uma enorme responsabilidade no apoio a umas das principais economias mundiais. Continua a ser um desafio muito interessante liderar este banco.
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