Hotéis nacionais nunca estiveram tão cheios. “2017 foi o ano da consolidação”
Os hotéis registaram uma taxa de ocupação média de 71%, um "resultado histórico" que foi acompanhado pelo aumento dos preços.
A hotelaria nacional conseguiu, ao fim de uma década, superar os resultados do ano de referência de 2007, antes da crise financeira que levou à contração do setor em 2008. No ano passado, os hotéis registaram uma taxa de ocupação média de 71%, um “resultado histórico” que foi acompanhado pelo aumento dos preços, naquele que foi “o melhor ano de sempre nos indicadores operacionais” para a hotelaria nacional.
Os dados são da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) e foram apresentados, esta quinta-feira, durante a Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), que decorre até domingo. “2017 foi o melhor ano de sempre nos indicadores operacionais, com a taxa de ocupação a registar um resultado histórico e com o rendimento médio por quarto disponível (RevPar) a crescer a dois dígitos, o que demonstra que o preço acompanhou a procura”, indica a AHP.
A taxa de ocupação registada no ano passado é superior em três pontos percentuais em relação a 2016. Foi só nesse ano que a hotelaria conseguiu ultrapassar o anterior recorde da taxa de ocupação de 67% registado em 2007. Mas só no ano passado é que os resultados alcançados foram claramente superiores. A Madeira é a região com o melhor resultado, ao alcançar uma ocupação média anual de 83%, enquanto Lisboa e Porto registaram taxas de 80% e 76%, respetivamente.
O preço médio praticado pelos hotéis subiu para 88 euros, o que traduz um crescimento de 10% face a 2016. Lisboa registou o preço médio mais elevado, de 107 euros, o que corresponde a um aumento de 14%. No Algarve, o preço médio fixou-se nos 100 euros, mais 8% do que em 2016.
A contribuir para esta evolução estiveram os turistas estrangeiros. O peso das dormidas de nacionais em 2017 foi de apenas 29%, enquanto as dormidas de hóspedes estrangeiros responderam por 71% do total. O Reino Unido destaca-se como o principal mercado, seguido pela Alemanha, Espanha e França.
Cristina Siza Vieira, presidente executiva da AHP, comenta que “2017 foi o ano da consolidação no turismo do trabalho consistente que vem sendo desenvolvido” Ainda assim, alerta para a estagnação do indicador da estada média, que se fixou nos 1,97 dias. “Tem claramente muita margem para crescer”, disse.
Para este ano, acrescenta a responsável, não haverá surpresas e a tendência será de continuação dos bons resultados. “Os nossos associados esperam crescimento em todos os indicadores, exceto na estadia. Onde se espera maior crescimento é na receita”, adiantou. A AHP antecipa ainda que abram 61 novos hotéis este ano e que 23 já existentes sejam remodelados.
Aeroporto e “assimetrias” dos destinos preocupam setor
Apesar dos bons resultados, os operadores do setor continuam a salientar vários pontos que podem limitar o crescimento. Durante a BTL, Raul Martins, presidente da AHP, destacou cinco preocupações principais:
- Dificuldade em recrutar recursos humanos qualificados: “Somos um setor em franco crescimento e precisamos de contar com profissionais que nos apoiem em número e em qualidade”;
- “A gestão da procura no sentido de mitigar assimetrias. Temos de garantir sustentabilidade dos destinos mais procurados e criar mecanismos para os menos procurados”;
- “O aeroporto de Lisboa: será impossível receber mais turistas enquanto a nossa principal porta de entrada estiver congestionada”;
- “A estadia média: se o número dos hóspedes dificilmente aumentará, concentremos esforços em aumentar dormidas, preferencialmente nos destinos menos procurados. Cada noite adicional num hotel é um dia a mais de investimento”;
- “A preservação ambiental do nosso país”.
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