Seguros PPR pagam cinco vezes mais juros do que os depósitos
Os PPR sob a forma de seguros estão cada vez mais rentáveis. Os juros oferecidos superaram cinco vezes os dos depósitos a prazo, atraindo uma "fatia" maior da poupança dos portugueses.
“PPR”. A sigla remete para poupar para reforma, mas também pode ser uma alternativa atrativa para rentabilizar poupanças com outros objetivos. Em 2017, os PPR sob a forma de seguro pagaram mais do que no ano anterior, distribuindo um retorno cinco vezes superior face à aplicação financeira mais popular junto dos portugueses: os depósitos a prazo.
Dados da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) mostram que os Planos Poupança Reforma (PPR) sob a forma de seguro apresentaram uma rentabilidade média de 1,59%, em 2017. Este retorno representa uma aceleração face à taxa de juro de 1,53% paga, em média, por estes produtos no ano anterior.
Apesar de se tratar de uma subida muito ligeira, os seguros PPR distanciam-se ainda mais em termos de remuneração face aos depósitos a prazo, cujas taxas de juro se encontram em mínimos históricos. A remuneração dos seguros PPR compara com juros médios de 0,28% oferecidos nos novos depósitos a prazo disponibilizados no ano passado. Ou seja, os seguros PPR pagaram cinco vezes mais do que as aplicações a prazo dos bancos.
"Se os depósitos apresentam taxas muito baixas, os seguros PPR poderão obter algum rendimento superior nos títulos sob a forma de obrigação.”
Mas como é possível que os seguros PPR paguem mais do que os depósitos? O “segredo” estará no investimento em obrigações. António Ribeiro, economista da Proteste investe, explica que uma das características dos seguros PPR é a “estabilidade do rendimento” que é assegurada pelo tipo de ativos em que investem: depósitos e obrigações.
“Se os depósitos apresentam taxas muito baixas, os seguros PPR poderão obter algum rendimento superior nos títulos sob a forma de obrigação“, explica António Ribeiro. “Se se analisar vários anos, por exemplo nos últimos cinco anos, o rendimento dos seguros PPR tem vindo a descer, mas nos últimos dois anos está estável. Isto acontece porque as taxas de juro já desceram para valores negativos e têm-se mantido mais ou menos estáveis, pelo que o que gera algum rendimento é o mercado de obrigações”, acrescenta o economista.
Depósitos cada vez menos atrativos
Fonte: Banco de Portugal
A quebra da remuneração oferecida nos depósitos a prazo e a “falta de alternativas rentáveis” é, aliás, segundo António Ribeiro um dos fatores que ajuda a justificar a tendência crescente que se observa nas aplicações em seguros PPR. No ano passado, o investimento em PPR sob a forma de seguro aumentou 30,1%, com as novas contribuições a ascenderem a mais de 2.234 milhões de euros. Em 2016, tinham totalizado 1.718 milhões de euros. O valor captado por esta categoria de produtos no ano passado foi, aliás, o mais elevado desde 2014. Naquele ano, os portugueses colocaram 2.452 milhões de euros em PPR sob a forma de seguros.
A mesma tendência observa-se ainda nos PPR sob a forma de fundos de investimento. Em 2017, captaram 707 milhões de euros, em termos líquidos, multiplicando por cinco o montante arrecadado no ano anterior. As subscrições líquidas de fundos PPR registadas no ano passado foi ainda o mais elevado pelo menos numa década. O histórico disponibilizado no site da APFIPP tem início em 2007.
Juros dos seguros PPR em alta
Fonte: APS
Com os juros dos depósitos a prazo em valores muito próximos de zero, os aforradores encontram nos PPR sob a forma de seguro e fundos formas alternativas de rentabilizar as suas poupanças. No caso dos seguros PPR, estes oferecem a vantagem de a grande maioria ter garantia de capital, a par de rendibilidades mínimas garantidas, que muitas vezes batem as dos depósitos. No caso dos fundos PPR, esse tipo de garantias não existe, mas o potencial de retornos também poderá ser maior consoante o rumo dos ativos em que investe.
Desse modo, enquanto os valores aplicados em depósitos se mantêm com a grande fatia das poupanças dos portugueses, mas estabilizados em torno de máximos históricos, o valor aplicado em PPR não para de aumentar. No final de 2017, os portugueses tinham 142,7 mil milhões de euros aplicados em depósitos. Já as quantias alocadas a PPR ascendia a mais de 16,5 mil milhões, um recorde que já representa o equivalente a quase 12% do total dos depósitos.
PPR ganham cada vez mais aplicações
Fonte: APS e APFIPP
Para além de representarem uma forma de rentabilizar poupanças, os próprios bancos estarão a empurrar os seus clientes rumo aos PPR, procurando ganhar as comissões que estão associadas a este tipo de investimento. “Não existem alternativas rentáveis, pelo que provavelmente a escolha de um PPR acabará por ser uma sugestão do banco”, admite António Ribeiro.
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