Todos contra tarifas de Trump. UE alerta para “risco de turbulências severas no mercado global”
De Macron a Trudeau, passando por Merkel e Juncker. Muitas são as vozes críticas às tarifas impostas pelos EUA às importações de bens europeus e canadianos. UE e Canadá prometem resposta à altura.
Não foi à China, mas aos vizinhos mexicanos e canadianos, bem como aos parceiros europeus de longa data que os Estados Unidos decidiram impor tarifas aduaneiras. O primeiro-ministro canadiano não se deixou ficar e já prometeu retaliar. Deste lado do oceano, a Comissária do Comércio alertou, por sua vez, para o “o risco de turbulências severas no mercado global” e garantiu que à uma resposta “proporcional” a caminho.
Esta quinta-feira, o Presidente norte-americano anunciou a imposição de tarifas aduaneiras sobre as importações de aço (25%) e de alumínio (10%) com origem no México, no Canadá e na União Europeia. Além destas taxas, a Administração Trump vai também criar quotas que serão aplicadas aos bens com origem na Coreia do Sul, Argentina, Austrália e Brasil. Da China, não há sinais neste documento, apesar de terem sido os sínicos a ocupar, durante muito tempo, o lugar de alvo preferencial da guerra comercial despoletada pelos Estados Unidos.
Em reação às medidas divulgadas por Donald Trump, Jean-Claude Jucker (citado pela CNBC) adiantou que a União Europeia iria responder na mesma moeda e defendeu que as tarifas em questão são “injustificadas”. Entretanto, Cecilia Malmstrom, Comissária do Comércio, referiu mesmo que: “Não vamos entrar em nenhuma negociação”, citada pelo Financial Times (acesso condicionado, conteúdo em inglês). “Oferecemos-lhe diálogo e negociações futuras sob a condição de os Estados Unidos retirarem essa ameaça. Eles não o fizerem e aqui estamos nós”, continuou, dizendo que o Executivo comunitário vai mesmo denunciar o caso à Organização Mundial de Comércio (OMC) e avançou que está a ser preparada uma resposta “proporcional”.
Recorde-se que, em março, quando Donald Trump ameaçou, pela primeira vez, a União Europeia com as medidas protecionistas que acabou por efetivar, estava em cima da mesa um plano de retaliação que passava pela imposição de tarifas a uma longa lista de bens norte-americanos, do whisky à manteiga de amendoim. “Iremos focar-nos em produtos emblemáticos, de interesse comercial para os EUA”, disse na altura Bruxelas. Resta saber se — agora que os Estados Unidos escolheram prosseguir com o ataque às importações europeias — o plano europeu se mantém ou sobe de tom.
Todos contra Trump
“Profundo desapontamento”. Foi esse o sentimento exprimido pelo porta-voz do Governo britânico, face às medidas anunciadas por Donald Trump. Do outro lado do Canal da Mancha, Emmanuel Macron também se juntou à crítica, considerando as tarifas em questão “erradas” e “ilegais”, avança a Time. Angela Merkel, por sua vez, avisou que estas medidas têm o perigo de desencadearem “espirais” que podem afetar todos os envolvidos.
Além de prometer uma resposta “proporcional”, Cecilia Malmström alertou para a intensificação do “risco de turbulências severas no mercado global”. A comissária defendeu que a decisão dos Estados Unidos é “infeliz, porque as motivações de segurança que os Estados Unidos evocam não são relevantes”. “É infeliz, porque [os Estados Unidos] estão a enfraquecer ainda mais as relações transatlânticas”, acrescentou ainda.
O México também já confirmou que está a preparar a aplicação de tarifas semelhantes aos bens norte-americanos e o Canadá anunciou a imposição de taxas similares sobre o aço, o alumínio e outros produtos. No Twitter, Justin Trudeau declarou as medidas de Trump “inaceitáveis”, “ilegais” e “contraprodutivas”.
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O Canadá planeia, assim, impor tarifas de 16,93 mil milhões de dólares (cerca de 14,2 mil milhões de euros) sobre os bens norte-americanos até que as taxas em causa sejam levantadas, confirma a ministra dos Negócios Estrangeiros desse país.
China escapa à guerra comercial?
Fora da lista de alvos das tarifas aduaneiras de Donald Trump, ficou a China, que diz agora querer trabalhar em prol do multilateralismo. “Acreditamos que todos os países, sobretudo as economias desenvolvidas, devem aderir ao multilateralismo, face a ações indiscriminadas e que não são construtivas”, declarou o ministro do Negócios Estrangeiros chinês.
O responsável pediu a todos os países que se oponham às medidas dos EUA e que adotem o sistema internacional de comércio “aberto e transparente”, que tem como centro a Organização Mundial do Comércio.
Segundo a Casa Branca, a China registou, no ano passado, um excedente de 375,2 mil milhões de dólares (320 mil milhões de euros) no comércio com os EUA. Diminuir este défice comercial norte-americano tem sido um dos objetivos de Donald Trump, que exigiu a redução de pelo menos” 200.000 milhões de dólares (170.000 milhões de euros) até 2020. Para isso, Pequim comprometeu-se a “aumentar significativamente” as compras de produtos agrícolas e recursos energéticos norte-americanos.
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