Carlos Tavares contrata americanos para ajudar a transformar o Montepio
Americanos da Bain & Company vieram a Lisboa para ajudar Carlos Tavares a operar uma transformação da Caixa Económica Montepio em seis meses.
Uma equipa da consultora norte-americana Bain & Company está a trabalhar com o conselho de administração da Caixa Económica Montepio Geral na elaboração do plano de transformação do banco, previsto para ser apresentado em setembro, apurou o ECO.
Foram estes os consultores externos contratados por Carlos Tavares para o ajudar a fazer um “diagnóstico profundo” do banco, num trabalho a ser desenvolvido até final do verão e do qual resultará um plano de transformação que visará produzir “resultados num espaço de três a quatro anos”, segundo a mensagem enviada aos trabalhadores no início do mês passado.
Quem é a Bain & Company? Uma empresa fundada em 1973, com sede em Boston e, apesar de estar presente em 36 países, não tem escritório em Lisboa. Foi criada pelos mesmos fundadores da Bain Capital, o fundo de private equity que comprou uma carteira de crédito malparado de 476 milhões de euros à Caixa Geral de Depósitos em julho do ano passado. Porém, apesar de terem feito parte do mesmo grupo numa fase inicial, há 30 anos que as duas companhias optaram por seguir rumos diferentes e hoje em dia estão 100% separadas.
Oficialmente, a Caixa Económica Montepio não comenta a contratação da Bain & Company. Mas o ECO sabe que a larga experiência que vai além do setor financeiro e a abordagem rápida da consultora foram critérios importantes para a escolha de Carlos Tavares, que acumula as funções de presidente executivo e de presidente do conselho de administração a título provisório até… setembro. Nessa altura, por obrigação do Banco de Portugal, terá de decidir se continuará como CEO ou como chairman da instituição — cargo para o qual foi inicialmente apontado.
Está em vista “uma profunda reestruturação” de todo o grupo Caixa Económica Montepio Geral, banco e participadas. Tavares disse aos trabalhadores que não vai fazer tábua rasa do que foi feito no passado, mas pretende “acelerar de forma substancial o processo de adaptação às novas realidades e desafios do setor. Quer “eliminar redundâncias e silos organizativos” e deseja tornar a instituição financeira num banco vocacionado para a economia social e para as PME.
Este reset parcial deu um primeiro passo quando Tavares fez uma revisão em baixa às contas anuais (não auditadas) apresentadas pelo seu antecessor, José Félix Morgado: em vez de lucros de 30,1 milhões, afinal a Caixa Económica Montepio obteve um resultado líquido de 6,4 milhões, após o reforço de imparidades para “limpeza” créditos complicados.
Ao mesmo tempo que decorrem estes trabalhos, com vista ao “caminho de mudança e reforma” que o banco precisa “criticamente de percorrer”, conforme Tavares preconizou quando tomou posse a 21 de março, banco e associação mutualista criaram um grupo de trabalho conjunto que está a avaliar toda a oferta de produtos mutualistas comercializados pela caixa económica para responder às exigências imediatas do Banco de Portugal e Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.
Como o ECO avançou em primeira mão, o produto financeiro Capital Certo, cuja venda aos balcões se encontra suspensa, vai passar a designar-se Poupança Mutualista, numa reformulação que vai incluir ainda a informação que é prestada aos clientes na comercialização desta aplicação. Hoje são dez páginas, com muita informação, tão detalhada que se torna de difícil compreensão. Carlos Tavares quer reduzir as dez páginas a apenas três, uma com a identificação da Associação Mutualista, outra com as características do produto e, finalmente, uma última com indicadores financeiros da própria associação.
Outra das alterações poderá passar pelo nome da própria instituição. Carlos Tavares admite a possibilidade de a Caixa Económica Montepio Geral mudar de nome, mas quer manter a marca Montepio.
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