Portugal está melhor do que Itália, diz economista. Porquê?
Apesar do "rígido" programa de resgate, a flexibilização do mercado de trabalho e a escolha de um Governo não populista colocou a economia portuguesa à frente da italiana, diz Luigi Zingales.
Ao contrário de Portugal, Itália evitou ser resgatada durante a crise financeira mas, poucos anos depois, os sinais de recuperação são mais fortes no primeiro país do que no segundo. “Gostava que a Itália tivesse as mesmas perspetivas que Portugal tem atualmente”, sublinha o professor Luigi Zingales, em declarações à Bloomberg, durante o Fórum do BCE em Sintra.
De acordo com o académico da Booth School of Business da Universidade de Chicago, Portugal teve de enfrentar um programa de resgate “bastante rígido”, mas a economia nacional está a dar agora sinais positivos. Entre as medidas que estão a ajudar nessa recuperação, Zingales destaca a “flexibilização” da contratação, que se refletiu num corte dos custos de produção, no consequente aumento da competitividade e na recuo dos níveis de desemprego.
Em contraste, desde a crise financeira, o país de Giuseppe Conte registou fracas melhorias. Itália optou por alinhar os aumentos salariais com o desempenho da produtividade e acaba de escolher um Executivo antissistema que planeia alargar os gastos públicos, mesmo face à imensa dívida pública do país (uma das mais altas de toda a Zona Euro), o que tem contribuído para a referida conjetura económica.
O novo Governo italiano pretende sustentar o aumento do investimento na Saúde e nas Infraestruturas, impondo aos cidadãos um novo imposto fixo de 15%, o que leva os economistas citados pelo The Guardian a temer um agravamento significativo do défice do país. “O acordo atual entre as duas forças políticas [a Liga e o Movimento 5 Estrelas] é incompatível não só com as regras da União Europeia, mas também com a estabilidade económica”, salienta o professor Marcello Messori.
Por cá, a tentação populista foi evitada, mas o Executivo de António Costa tem optado por evitar a rigidez das reformas estruturais, nomeadamente com o aumento do salário mínimo nacional. Sobre esta tendência, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia já expressaram a sua preocupação e reforçaram que continua a ser “essencial que as políticas apoiem a adaptabilidade do mercado de trabalho”.
Nessa nota divulgada a semana passada, as entidades destacaram que “a evolução continuada e positiva do mercado trabalho também parece ser suportada por políticas estruturais iniciadas pelo programa de ajustamento macroeconómico”.
Além disso, o BCE e a Comissão Europeia defenderam que “a utilização alargada de contratos temporários de trabalho poderia ser mais bem combatida através de contratos sem termo mais flexíveis do que pela introdução de restrições nos contratos temporários”, o que contraria a posição do Governo de Costa — que tem proposto a limitação “das possibilidades legais de uso de contratos de trabalho a termo”.
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