Esta empresa “andou a pregar no deserto” sobre a cibersegurança. Mas o mundo mudou
O líder da Multicert sente que, durante anos, a empresa tentou explicar aos clientes a importância da cibersegurança. Mas, hoje, as empresas estão "verdadeiramente preocupadas" com o assunto.
Durante anos, a empresa portuguesa Multicert correu atrás de clientes para tentar explicar a importância da cibersegurança no negócio e nas operações. Porém, nos últimos seis meses, o jogo “virou”, garante o presidente executivo da empresa, Jorge Alcobia, em conversa com o ECO.
“No campo da cibersegurança, éramos sempre nós a empurrar o tema, a ir falar com os clientes. Mas, nos últimos seis meses, virou um pouco ao contrário. Começámos a ser chamados pelas empresas, que começam a estar verdadeiramente preocupadas com este assunto”, explicou Jorge Alcobia, presidente executivo da empresa, à margem da 10.ª edição da eID Conference, que decorreu esta semana em Lisboa.
O sentimento é o de que, durante “muito tempo”, a Multicert “andou a pregar no deserto” acerca deste e de outros temas ligados à digitalização e transformação digital. Por causa do ataques informático massivo que afetou severamente empresas como a Maersk e a Saint-Gobain no ano passado, ou a fuga dramática de dados pessoais de 145,5 milhões de cidadãos norte-americanos após o ataque à Equifax, cidadãos e empresas estão hoje mais cientes de que a segurança da informação e dos sistemas é essencial.
“Há até exemplos no mundo desportivo, de coisas que depois não correram propriamente bem”, lembrou Jorge Alcobia. “Eu vejo aqui uma esperança de que haja, agora, uma transformação digital que depois toca em tudo”, acrescentou, apontando para evoluções tecnológicas que vão facilitar vários processos, como a melhoria da experiência do utilizador com o desenvolvimento de sistemas mais intuitivos, ou mesmo a autenticação biométrica com recurso à impressão digital ou ao reconhecimento da íris.
Para o líder da Multicert, a tendência é evidente, e a necessidade torna-a uma “preocupação transversal”. “Fizemos aqui [na eID Conference] uma pequena sondagem e o que se viu é que a maioria das pessoas preferiria ser autenticada pela biometria. Estamos a falar de pessoas em que a idade média está acima dos 40 anos. A maioria preferia a biometria. Se nós baixarmos a idade média para os 15 ou 20 anos, então a [percentagem seria] esmagadora”, estimou Jorge Alcobia. Dito isto, rematou: “As pessoas não querem mais esta forma de relacionamento, com papéis, estar em filas…”
“No campo da cibersegurança, éramos sempre nós a empurrar o tema, a ir falar com os clientes. Mas, nos últimos seis meses, virou um pouco ao contrário.
“Portugal está numa fase de transformação digital”
Esta décima edição da eID Conference ditou o regresso do evento a Portugal, pela primeira vez desde a primeira edição, depois de vários anos a somar passagens por países como Malásia, Turquia e Colômbia.
“Sendo uma edição emblemática, por ser a décima e ser um número redondo, pensámos fazê-la aqui. Porque é a nossa casa e, além do mais, achamos que Portugal está agora numa fase de transformação digital. Fazia sentido trazer a conferência de novo a Lisboa e falar aqui com empresas portuguesas, com os bancos e com as seguradoras, para saber o que estão a fazer”, explicou Jorge Alcobia, líder da Multicert.
A conferência decorreu esta quinta e sexta-feira, com o gestor a fazer um balanço “muito positivo” desta edição, sobretudo “em termos do conteúdo das apresentações”. A conferência serviu de palco a empresas como o Novo Banco (que defendeu a aplicação do digital nos balcões físicos), ou os CTT (que garantiram que o negócio do correio ainda faz sentido, mesmo numa era de digitalização). Foi também aqui que se soube que o município de Cascais vai testar um sistema de autenticação biométrica. A Multicert é uma empresa de segurança e autenticação digital que conta com os CTT como acionistas.
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