Luigi Di Maio acusa Draghi de “envenenar ambiente” com avisos sobre Itália
"Na minha opinião, estamos num momento em que é necessário apostar em Itália e surpreende-me que um italiano envenene o ambiente desta maneira", disse o líder do Movimento 5 Estrelas.
O líder do Movimento Cinco Estrelas, Luigi Di Maio, afirmou esta sexta-feira que o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, “envenena o ambiente” quando adverte sobre a tensão em Itália e pede diálogo sobre o orçamento para 2019.
“Na minha opinião, estamos num momento em que é necessário apostar em Itália e surpreende-me que um italiano envenene o ambiente desta maneira“, afirmou Di Maio, que é também vice-primeiro-ministro, num programa de televisão que será emitido hoje à noite pela televisão pública italiana, que já divulgou alguns excertos.
Draghi afirmou na quinta-feira, em Frankfurt, que a política monetária do Banco Central Europeu (BCE) “está orientada para garantir a estabilidade de preços e não para financiar défices orçamentais” e disse que, nesta altura, tem havido um contágio apenas “limitado” das subidas de juros registadas em Itália a outros países. O presidente do BCE disse ainda estar confiante quanto a um acordo entre a Comissão Europeia e as autoridades italianas.
A Comissão Europeia rejeitou na terça-feira o plano orçamental de Itália para 2019 e deu ao Governo italiano três semanas para apresentar um novo orçamento. A Itália é o primeiro país a ver o seu projeto orçamental “chumbado” pela Comissão Europeia desde a implementação do “semestre europeu” de coordenação de políticas económicas e orçamentais, instituído em 2010.
O Governo italiano apresentou como meta do défice para 2019 o valor de 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB), o triplo do estimado pelo anterior executivo (0,8%). “Estamos a trabalhar num orçamento para ajudar os mais fracos” afirmou Di Maio no programa, reiterando no entanto que Itália não tenciona abandonar a União Europeia ou a zona euro.
Draghi defende independência dos bancos centrais face ao poder político
O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, defendeu esta sexta-feira a independência dos bancos centrais em relação ao poder político para cumprir o seu mandato de conseguir a estabilidade de preços. “A credibilidade depende da independência: o banco central não deve estar sujeito ao domínio orçamental ou político e deve ser livre de eleger os instrumentos mais adequados para cumprir o seu mandato“, disse Draghi numa conferência em Bruxelas.
As declarações foram feitas no mesmo dia em que Draghi foi criticado pelo vice-primeiro-ministro de Itália, Luigi Di Maio, que o acusou de “envenenar o ambiente”, apesar de ser italiano. As declarações do dirigente do Movimento Cinco Estrelas surgiram depois de Draghi ter advertido, na quinta-feira, para a tensão em torno de Itália e ter defendido um diálogo com a Comissão Europeia sobre o orçamento italiano para 2019.
O presidente do BCE defendeu “o valor” de um banco central capaz de “atuar decisivamente sem pressão política, em particular na zona euro”. Segundo Draghi, durante a crise financeira, ficou provado que coordenar respostas políticas entre os governos era difícil de conseguir e as soluções “tinham tendência para chegar apenas sob severa pressão do mercado” sendo “com frequência insuficientes”.
Face a esta situação, defendeu a utilidade de bancos centrais “poderosos, independentes e não eleitos” que tenham um mandato claro. Para reforçar esta ideia, Draghi, citado pela agência EFE, disse que foi a independência que permitiu ao banco central a adoção de medidas não convencionais, como o programa alargado de compra de ativos, para cumprir o seu mandato na sequência da crise financeira.
O presidente do BCE salientou que o Tribunal de Justiça Europeu confirmou que este programa de compra de dívida está em linha com o mandato do banco central.
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