Quem fez mais greve na Função Pública?
Foram mais de 45 mil os trabalhadores que pararam a 26 de outubro, o equivalente a 14,3% menos do que há um ano, apesar da união entre CGTP e UGT. Dois terços das cirurgias previstas foram adiadas.
19.021 trabalhadores das escolas do ensino básico e secundário fizeram greve a 26 de outubro, data da última paralisação na Função Pública, o equivalente a 15,3% do total de funcionários que reuniam condições para participar nesta forma de protesto. No entanto, foi na saúde que a percentagem de trabalhadores que aderiu à greve foi maior — mais de um quinto não foi trabalhar.
O balanço sobre a última greve na Função Pública já foi publicado no site da Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP). E os dados permitem tirar várias conclusões. Uma delas é ver quais são os ministérios onde houve mais trabalhadores a fazer greve e que peso teve no serviço em causa.
Entre os 19 ministérios identificados pela DGAEP, depois da educação, foi na saúde onde o maior número de trabalhadores aderiu à greve (15.663), seguido da justiça (2.682), do Ministério das Finanças (2.572) e dos órgãos de soberania e entidades independentes (1.994).
No entanto, quando se observa a percentagem de trabalhadores em greve face ao total de funcionários em condições para parar em cada um dos serviços, a ordem não é aquela. Em primeiro lugar surge a saúde. Nos hospitais, centros de saúde e outras entidades, e nas administrações regionais de saúde o número de trabalhadores que aderiu à greve representou 22,2% do total.
Em segundo lugar surge o Ministério das Finanças, onde apesar de terem sido 2.572 os trabalhadores a parar para fazer greve, estes representaram 21,1% do total. O ranking dos ministérios onde o número de trabalhadores em greve atingiu um peso mais elevado é composto ainda pelo Ministério da Justiça (20,2%), pelos órgãos de soberania e entidades independentes (19,3%).
Os professores e funcionários das escolas surgem em quinto lugar na lista dos ministérios com maior percentagem de trabalhadores a fazer greve. Dos 124.392 funcionários em condições de fazer greve no dia 26 de outubro, 15,3% decidiram fazê-lo. No entanto, as consequências para os serviços foram maiores. Dos 4.555 estabelecimentos de educação e ensino básico e secundário (onde se incluem tanto serviços centrais como serviços desconcentrados e periféricos) 1.504 fecharam, ou seja, 33% não teve condições para abrir.
CGTP e UGT juntas, mas adesão à greve baixou
No total, 45.662 trabalhadores fizeram greve a 26 de outubro, o equivalente a 14,3%, o que levou ao fecho de 23,2%. Esta greve da Função Pública foi a primeira desde que António Costa tomou posse que juntou CGTP e UGT. No entanto, o número de trabalhadores que aderiu à paralisação caiu face ao verificado um ano antes (a 27 de outubro de 2017), quando 55.381 trabalhadores fizeram greve, 17,3% do total. No entanto, o número de serviços que não abriu portas é muito semelhante (23,9%).
A greve de 26 de maio de 2017 foi a que registou o nível de adesão mais baixo (11,7%).
A coordenadora da Frente Comum (afeta à CGTP), Ana Avoila, revelou que a paralisação da Função Pública neste dia registou “fortíssimos níveis de adesão” até ao final da manhã, na ordem dos 85%, sendo “uma das maiores greves dos últimos anos”, justificando esta opção com “uma perceção muito maior dos trabalhadores” sobre “a degradação continuada dos salários”, uma vez que os funcionários públicos não têm aumentos há dez anos. As negociações para os aumentos salariais ainda não foram retomadas, apesar de o Orçamento do Estado para 2019 estar já em fase final de aprovação no Parlamento. No documento, o Governo reservou 50 milhões de euros para aumentar os salários no Estado.
Os dados da DGAEP permitem ainda uma observação mais pormenorizada do que aconteceu no setor da saúde. 66,5% das cirurgias programadas não se realizaram e 25,3% das consultas ficaram sem efeito naquele dia. No caso das cirurgias regista-se uma ligeira descida face à última greve (de 27 de outubro de 2017) quando 68,7% das cirurgias previstas ficaram por fazer, um padrão próximo do verificado nesta legislatura, mas melhor do que foi registado na anterior, quando a 27 de junho de 2013 as cirurgias não realizadas chegaram a a atingir 92,6% das que estavam programadas.
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