Compras de Natal estão mais digitais. Há muitos milhões de encomendas a caminho
Os portugueses aderem cada vez mais à internet para porem a prenda no sapatinho. Transportadoras em Portugal esperam milhões de encomendas até ao Natal.
O Natal dos portugueses está cada vez mais digital. Apesar de o país estar abaixo da média europeia nas compras feitas pela internet, há cada vez mais gente a recorrer a lojas virtuais para pôr as prendas no sapatinho. É nesse sentido que apontam os milhões de encomendas que as transportadoras registaram na Black Friday e na Cyber Monday, e que preveem ainda vir a registar ao longo da quadra natalícia. São números recorde, recolhidos pelo ECO, que também põem a descoberto a real dimensão destes fenómenos no país.
Este ano, no geral, a campanha da Black Friday e da Cyber Monday decorreu entre 23 e 26 de novembro. O período é visto pelas marcas como o início da temporada das compras de Natal e é também o momento em que o volume de compras e de encomendas online atinge o pico máximo do ano.
CTT entregam mais de 1,5 milhões de encomendas
Os CTT são a empresa que detém a maior parcela deste negócio das encomendas. E, pela primeira vez, os correios aceitaram revelar números relativos a esta temporada de descontos e promoções. “Na semana da Black Friday e da Cyber Monday, o volume de entregas de encomendas ultrapassou 1,1 milhões”, disse ao ECO fonte oficial dos CTT.
Os correios estão ainda à espera de mais meio milhão de encomendas “com origem no mercado asiático”, ainda referentes a “encomendas originadas nesses eventos”, que deverão chegar a Portugal esta semana. Para comparação, semanas antes, na promoção do Single’s Day — que é conhecida como a “Black Friday chinesa” –, os CTT tinham entregado 300 mil encomendas em Portugal
Claro que nem todas as encomendas dirão respeito a prendas de Natal, pois muitos aproveitam os descontos em compras para si mesmos. Mas, face aos descontos, que em alguns casos chegaram aos 50%, os portugueses estão a aproveitar cada vez mais para encher o pinheiro de Natal com presentes.
Chronopost e Seur esperam 2,2 milhões de encomendas até ao Natal
Veja-se os dados do DPDgroup, a empresa que detém a Chronopost e a Seur, duas importantes transportadoras no mercado português: na temporada da Black Friday e da Cyber Monday, o grupo “registou um número de encomendas que ultrapassou as 285 mil”, acima das estimativas que tinha avançado antes ao ECO.
Fonte oficial da companhia acrescentou também que “este valor representou um crescimento de 22% face ao mesmo período de 2017 e de 47% face aos restantes meses do ano”. Para toda a temporada de compras do Natal, o DPDgroup estima que “o volume de atividade” entre a sexta-feira de Black Friday e o dia de Natal possa atingir 2,2 milhões de encomendas transportadas pelas subsidiárias.
Já a DHL Express, operadora internacional de serviço expresso, registou, durante a campanha da Black Friday e da Cyber Monday, “um aumento do volume de envios de 30% no mercado português”, afirmou fonte oficial da empresa.
Worten vê subida “muito significativa”
Inês Drummond Borges, diretora de marketing da Worten, não esconde a satisfação com a campanha da Black Friday deste ano. “As receitas registadas em 2018 especificamente nos dias da Black Friday subiram de forma muito significativa face a 2017 e, nas vendas online, esta subida foi particularmente expressiva”, diz ao ECO, salientando que o tráfego no site da Worten subiu cerca de 60% nesta altura.
A retalhista da Sonae focada na eletrónica de consumo, foi uma das primeiras marcas no país a apostar na Black Friday, uma iniciativa de descontos e promoções que acontece sempre no dia seguinte à quinta-feira de ação de graças nos EUA. E apesar de a marca já fazer “campanhas promocionais nesta altura do ano há muito tempo”, só em 2017 é que adotou “este conceito de comunicação”. A responsável da Worten fala em “campanhas muito fortes”, com “uma adesão crescente por parte do consumidor”.
Contactada, a Fnac não revelou números relativos à campanha da Black Friday, que dá o tiro de partida para a temporada das compras de Natal: “A Fnac, de momento, não tem dados disponíveis para divulgar”, disse fonte oficial da empresa.
E para se perceber que o fenómeno não se estende apenas às principais retalhistas, o KuantoKusta, uma plataforma digital de comparação de preços, estreou-se este ano na Black Friday com um novo conceito de loja online. Fonte oficial revelou ao ECO que a empresa movimentou “mais de 17 milhões de euros entre custo por clique e vendas”, um valor que foi “impulsionado pelos mais de 445 mil utilizadores que visitaram o site entre sexta-feira e domingo”. No total, foram 1,7 milhões de visitas “durante a semana da Black Friday”, garante a mesma fonte.
Quanto aos pagamentos, a SIBS, gestora da rede Multibanco, não quis revelar, para já, o volume de transações processadas neste período da Black Friday, ainda que fonte próxima da companhia tenha admitido vir a fazê-lo perto do final deste ano. Porém, fonte oficial da EuPago, uma fintech portuguesa de pagamentos digitais, mais voltada para o e-commerce, e que é parceira da SIBS, disse ter processado transações no valor de “um milhão de euros” no período em que as promoções da Black Friday e da Cyber Monday estiveram em vigor.
Queixas ainda são residuais. Mas ASAE acompanha o fenómeno
Quer online quer na loja, qualquer consumidor pode estar sujeito a problemas. Mas só este ano é que a Deco passou a contabilizar as reclamações específicas da semana da Black Friday e da Cyber Monday. A associação de defesa do consumidor registou apenas 27 queixas, relativas a “trocas e devoluções”, mas também a “promoções falsas”, em que artigos foram vendidos a um preço superior ao da semana anterior à da Black Friday.
Apesar do reduzido número de queixas da Deco, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) realizou uma ação de fiscalização durante o período da campanha e instaurou 66 processos de contraordenação durante a Black Friday. Entre os principais motivos estiveram os falsos descontos e não cumprimento das regras relativas à afixação de preços nas lojas físicas. A ASAE fiscalizou, no total, 310 operadores económicos, com vendas online e lojas abertas ao público.
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