Rio vai convocar conselho nacional para votar moção de confiança
Rui Rio acusa Luís Montenegro de prestar um serviço ao Governo, ao criar instabilidade no PSD em vésperas de eleições. Lembra que o partido "é grande demais para estar subjugado a agendas pessoais".
Na véspera de completar um ano como presidente do PSD, Rui Rio acaba de anunciar que vai convocar conselho nacional para votar moção de confiança. O líder responde assim ao desafio lançado por Luís Montenegro para convocar de imediato eleições para a liderança do partido.
“Se esse for o seu entendimento, o conselho pode retirar a confiança à direção nacional e assumir democraticamente a responsabilidade de a demitir. Se os contestatários não conseguiram reunir as assinaturas para a apresentação de uma moção de censura, eu próprio facilito-lhes a vida e apresento, no âmbito da mesma disposição estatutária, uma moção de confiança“, diz Rui Rio, numa declaração aos jornalistas, este sábado no Porto.
O conselho pode retirar a confiança à direção nacional e assumir democraticamente a responsabilidade de a demitir.
“Há momentos para unir e momentos para clarificar”, diz o presidente do PSD, lembrando que foi o primeiro a tentar unir o partido, logo no congresso nacional, ao apresentar listas conjuntas com o seu adversário, Pedro Santana Lopes, para os órgãos nacionais. “Infelizmente persistem aqueles que preferem a guerrilha permanente à unidade do partido, apesar do seu candidato, em quem tudo apostaram, já nem sequer estar no PSD”, diz Rui Rio numa referência à saída de Santana Lopes para formar o Partido Aliança.
“O momento é de clarificação“, acrescenta Rui Rio, sublinhando que “a manutenção do clima de guerrilha que tem vindo a ser fomentado não é possível fazer um trabalho eficaz na construção de uma alternativa que o país precisa e que o PSD tem obrigação de apresentar”. Rio recusa assim o apelo à realização de eleições diretas sugerido por Luís Montenegro e manifesta o desejo que o conselho nacional escolha “livremente” qual deve ser o rumo do partido. Um conselho que lhe poderá ser mais favorável.
De acordo com o Expresso, foi na sexta-feira que a direção do PSD entregou ao presidente do Conselho Nacional, Paulo Mota Pinto, o requerimento para a convocação extraordinária daquele órgão. Um requerimento que não pede urgência nem sugere uma data, confirmou o próprio Mota Pinto, ao Expresso. A data do Conselho Nacional extraordinário do PSD será marcada no início da semana, revelou Mota Pinto à Lusa.
Rio acusa Montenegro de servir o PS e António Costa
“Lançar o PSD numa nova disputa interna à porta de eleições é fazer o jogo do PS e prestar serviço de primeiríssima qualidade a Costa”, acusa Rui Rio, justificando assim a sua opção de rejeitar o repto lançado por Montenegro. Na sexta-feira à noite, depois de uma reunião de 45 minutos com Marcelo Rebelo de Sousa — que alegadamente nada teve a ver com a vida do PSD — Rio tinha dito que não ia fazer de conta que nada aconteceu.
Lançar o PSD numa nova disputa interna à porta de eleições é fazer o jogo do PS e prestar serviço de primeiríssima qualidade a Costa.
Num ataque direto ao seu opositor, o presidente do PSD frisou que “Luís Montenegro entende que o partido se deve atolar num longo processo interno abandonando a oposição ao PS“. “Não há memória de na história da democracia um dirigente ter lançado tamanha confusão e instabilidade no seu partido a tão pouco tempo de eleições“, atira Rui Rio. “É difícil de imaginar um maior serviço ao PS e ao Governo“, acrescenta.
Para Rui Rio esta atitude, revela “a maturidade política e o sentido de responsabilidade” de Montenegro, que na sua opinião não está à altura da “complexidade que as circunstâncias exigem”. Na opinião do presidente do PSD, o seu adversário “apenas se move pela tentativa de manter lugares nas próximas listas do partido”.
“O PSD não é um partido unipessoal. É grande demais para estar subjugado a agendas pessoais“, defende Rio. “O PSD é grande demais para estar sujeito a constantes manobras táticas ao serviço de interesses”, umas “mais às claras” outras “mais obscuras, sob um manto de secretismo”, acrescentou Rio, naquela que pode ser entendida como uma referência à Maçonaria.
Para Rui Rio, nem o partido nem o país devem estar subjugados às vontade de alguém que teve a possibilidade de se apresentar como candidato à liderança do PSD, mas que, “por razões táticas”, optou por não o fazer. “Tem o país de padecer por Luís Montenegro ter agora vontade de ser presidente do PSD?“, questionou o líder, recordando que, no passado, apesar dos vários apelos que recebeu para liderar o PSD em diversas ocasiões, nunca o fez porque “nunca participaria em golpes palacianos para enfraquecer uma liderança legitimamente eleita”.
O presidente do PSD reiterou ainda a sua visão e a sua estratégia para a liderança do partido e do país. Ou seja, apoiar as reformas estruturais que o país necessita. Rio lembra que assumiu a liderança do PSD com “um sentido de missão e de disponibilidade para trabalhar em prol de Portugal“. E que é “obrigação patriótica de todos os partidos estarem disponíveis para dialogar de modo a levar a cabo essas reformas”. Declarações para aqueles que o acusam de dar a mão a António Costa, nomeadamente através da assinaturas de acordos no âmbito da descentralização, mas também dos fundos comunitários.
“Os partidos têm de ser capazes de se reforma e libertar das teias de interesse em que se envolverem“, afirma Rio. E conclui: “Nunca enganei ninguém. Sempre disse que era esta a minha visão e a base do meu projeto. Foi isto que os militantes do PSD livremente escolheram e a isto estou obrigado a cumprir”.
No entanto, de acordo com a mais recente sondagem essa estratégia não está a colher os melhores frutos. O último estudo da Eurosondagem para o Expresso e para a SIC revela que o PSD caiu dois pontos percentuais para os 24,8% nas intenções de voto. Se as eleições fossem agora, este poderia ser o pior que o partido já teve em legislativas desde os 24,3% conseguidos por Sá Carneiro em 1976.
(Artigo atualizado)
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