Dívida privada e pública deixa Portugal exposto a nova crise, diz S&P
A agência de rating Standard & Poor’s alerta para as vulnerabilidades de Portugal, que deixam o país exposto a uma nova crise. A dívida das empresas é um dos fatores de risco.
A dívida privada e pública deixa Portugal vulnerável a uma nova crise, alerta a Standard & Poor’s (S&P). As empresas portuguesas têm o quinto maior nível de esforço no pagamento de juros e outros encargos com a dívida, num universo de 32 países, revela um estudo da agência de rating citado pelo Dinheiro Vivo (acesso livre).
O rácio da dívida pública afigura-se como o quarto maior dos países desenvolvidos, e o décimo da lista global. Estes elementos fazem soar os alarmes da S&P, que adianta, no entanto, que uma possível crise “pode ser inevitável, mas não deve ser tão má quanto a crise financeira global de 2008-2009”.
A dívida empresarial apresenta-se como um dos maiores riscos. O peso do serviço da dívida no total do rendimento disponível das empresas correspondia, em média, a 49,7% no fim do terceiro trimestre do ano passado. Este rácio tinha começado a aliviar, mas parece que a tendência voltou a inverter.
Apesar das reduções conseguidas nos últimos tempos, a dívida pública continua também a deixar Portugal exposto a uma crise. Coloca-nos em décimo na lista dos Estados mais endividados do mundo, em termos de dimensão da economia. Quando se pesa o fardo da dívida, subimos para quarto lugar entre 43 países, com o rácio da dívida pública fixado nos 121,5% em 2018.
A agência de rating reitera que o risco de contágio é menos elevado do que na última crise, mas não deixa de apontar alguns fatores de vulnerabilidade. Entre eles, as taxas de juro “extremamente baixas”, uma “concentração muito maior de emitentes na categoria de rating ‘BBB’”, a diversidade de áreas arriscadas, como mercados de derivados, e ainda os riscos de incumprimento e malparado.
Já nesta quarta-feira, Portugal volta aos mercados, para colocar entre 1.000 e 1.250 milhões de euros em Obrigações do Tesouro a sete e a dez anos. Os juros da dívida portuguesa a dez anos ficaram a cotar perto de mínimos históricos em antecipação deste leilão, promovido pelo IGCP.
O estudo “A próxima crise da dívida: será que a liquidez aguenta?”, do S&P, foi feito com base nos dados do Banco de Pagamentos Internacional e do Fundo Monetário Internacional. Nesta sexta-feira, a agência deverá apresentar uma nova avaliação ao rating de Portugal.
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