João Lourenço afasta Carlos Saturnino da liderança da Sonangol
O chefe de Estado angolano exonerou o Conselho de Administração da petrolífera estatal e nomeou um novo board, presidido por Sebastião Gaspar Martins.
O Presidente da República de Angola, João Lourenço, decidiu exonerar todos os membros do Conselho de Administração da petrolífera estatal Sonangol, incluindo o presidente executivo, Carlos Saturnino. Num outro decreto, o chefe de Estado nomeou um novo board presidido por Sebastião Gaspar Martins.
Segundo um comunicado divulgado pela Casa Civil do Presidente da República, o chefe de Estado exonerou, por decreto, “todas as entidades” que integram o conselho de administração da Sonangol, alegando “conveniência de serviço público” e “apoiado na Lei de Bases do Setor Empresarial Público”.
A composição do novo Conselho de Administração conta com António de Sousa Fernandes, Baltazar Miguel, Jorge Vinhas, Josina Baião, Luís Maria e Osvaldo Macaia como administradores executivos. André Lelo, José Gime, Lopo do Nascimento e Marcolino Moco foram nomeados para os cargos não executivos.
As mudanças de João Lourenço na administração da Sonangol acontecem na sequência da crise de combustíveis que está a afetar Angola desde sexta-feira, que levou a uma escassez de gasolina e gasóleo em todo o país, face a alegadas dificuldades da petrolífera estatal angolana em importar o produto por falta de divisas.
Terça-feira, após uma reunião que João Lourenço manteve com a equipa económica do Governo e com a administração da Sonangol, um comunicado da Casa Civil do Presidente de Angola indicou que a falta de diálogo entre a petrolífera estatal e o Governo “contribuiu negativamente” para o processo de importação de combustíveis e consequente escassez do produto no mercado em todo o país.
“Da análise feita, concluiu-se ter havido falta de diálogo e comunicação entre a Sonangol e as diferentes instituições do Estado, o que terá contribuído negativamente no processo de importação de combustíveis. Foram, no entanto, tomadas as medidas e mobilizados todos os recursos necessários para a completa estabilização do mercado de abastecimento dos combustíveis nos próximos dias”, lê-se na nota divulgada na terça-feira.
Os combustíveis começaram nas últimas horas a regressar lentamente ao mercado, apesar das ainda longas filas para abastecer. A situação afetou várias províncias do país, levando mesmo ao racionamento de energia elétrica.
Num comunicado divulgado no sábado — o único até agora –, a Sonangol EP justificou a escassez de gasolina e de gasóleo com dificuldades no pagamento dos produtos refinados importados em moeda estrangeira, prometendo que, em breve, a situação estaria ultrapassada.
A falta de combustíveis em Angola levou ao disparar dos preços do litro de gasolina e gasóleo um pouco por todo ao país, atingindo, nalguns casos quase o quádruplo.
Trata-se da segunda vez em cerca de mês e meio que Angola sofre condicionamentos de combustível, depois de, em meados de março, a Sonangol, alegando a necessidade de “reestruturar alguns processos” e garantindo que não havia escassez, ter parado a distribuição sobretudo de gasolina.
Segundo indicaram então os Serviços Logísticos Integrados da Sonangol (Sonils), o “condicionamento logístico” serviu para que os reabastecimentos em curso, assim como as reposições posteriores, possam ir ao encontro das necessidades do mercado.
(Notícia atualizada pela última vez às 21h25 com mais informações)
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