Metro de Lisboa retira bancos de carruagens para reforçar capacidade
À imagem do que já fez a Fertagus, também o Metropolitano está a reduzir o número de lugares sentados nas carruagens para ter mais espaço para passageiros de pé e para o transporte de volumes.
O Metro de Lisboa está a retirar os bancos com quatro lugares sentados de algumas carruagens para aumentar o espaço disponível nas composições. O objetivo é que cada carruagem possa transportar um número mais alargado de utentes, mas também para fazer face ao cada vez mais elevado número de passageiros a viajar com volumes.
Por agora, o novo “modelo” das carruagens só se encontra instalado em duas unidades triplas do Metro — composições com ‘3+3’ carruagens –, mas o objetivo da transportadora lisboeta passa por alargar o mesmo a um total de dez unidades triplas, num total de trinta carruagens, confirmou a empresa ao ECO. A empresa explica que se trata de “espaços multiusos” e não espaços específicos para transportar mais passageiros.
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“Presentemente, encontram-se em serviço de exploração duas Unidades Triplas (3 + 3 carruagens) em que foram retirados alguns bancos para criação de um espaço multiusos. Este espaço pode ser utilizado para transporte de crianças em cadeirinhas de bebé e/ou transporte de volumes, situação cada vez mais habitual. Está previsto criar esse espaço multiusos em mais 10 Unidades Triplas (30 carruagens)”, avançou fonte oficial da transportadora, em resposta ao ECO.
O Metropolitano de Lisboa tem registado crescimentos significativos na procura nos últimos dois anos, numa tendência que terá sido reforçada com a entrada em vigor do Programa de Apoio à Redução Tarifária (PART), que na região de Lisboa entrou em vigor logo em abril, reduzindo os preços dos títulos mensais e, por arrasto, trazendo um reforço da procura. Ainda antes deste programa, o Metro já tinha registado uma subida de 7,7 milhões nos passageiros transportados em 2018, para valores próximos de 169 milhões no total do ano.
De acordo com o Metro de Lisboa, a retirada de cada conjunto de bancos com quatro lugares implica um ganho relativo em termos de capacidade. A empresa estima que o aumento não ultrapasse os 2%, considerando uma métrica de 6 passageiros por metro quadrado. Com a nova configuração, cada conjunto de carruagens poderá transportar mais 10 passageiros, calcula.
“Cada Unidade Tripla tem dois espaços multiusos, sendo cada espaço obtido pela remoção de quatro lugares sentados. Em termos de aumento de capacidade, a retirada de 4 + 4 lugares sentados possibilita o transporte de mais 10 passageiros por Unidade Tripla, correspondendo a 2% de acréscimo da capacidade”, detalhou fonte oficial do Metro de Lisboa ao ECO.
Além das alterações à composição das carruagens, o Metro de Lisboa já antes tinha optado por aumentar a velocidade média dos comboios para fazer face ao crescimento da procura, estando também a ultimar o lançamento de um concurso público para renovar os mostradores de tempo de espera das estações e a preparar o avanço das obras há muito esperadas em Arroios e no Areeiro, que, no melhor dos cenários, ainda tardarão cerca de um ano a concluir.
“Sardinhas em lata”
A opção do Metro de Lisboa pela retirada de bancos para aumentar o espaço disponível em cada carruagem vai de encontro à decisão tomada recentemente pela Fertagus na ligação ferroviária entre Lisboa e Setúbal. Face ao aumento da procura provocado pela entrada em vigor dos novos tarifários na região de Lisboa, a transportadora optou por retirar bancos das carruagens e, desta forma, aumentar o total de lugares disponíveis e responder a uma subida de cerca de 20% na procura pelos seus serviços desde abril.
E este tipo de soluções alternativas para responder ao crescimento na procura são bem vistas pelo Executivo. José Mendes, secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, em entrevista recente ao Jornal de Negócios, apontou não ver qualquer problema em trocar algum conforto dos passageiros por mais lugares para os transportar. “Porque não? Aumentam um pouco a oferta e os comboios aguentam perfeitamente.”
Ao longo da mesma entrevista, José Mendes admitia já que um cenário similar ocorresse na oferta do Metropolitano. “Já experimentou fazer uma viagem de metro em Londres? O tempo que demora, e vai tudo sardinha em lata…”, comparou o secretário de Estado, quando confrontado o aumento das queixas dos utentes devido à reduzida oferta. “As pessoas vão apertadas nos metros em todo o mundo”, considerou.
Segundo números avançados pelo governante, nos primeiros dois meses desde o lançamento do PART, Lisboa e Porto ganharam 167 mil novos passageiros, com José Mendes a referir um aumento da procura de transportes de 26% em Lisboa e 16% no Porto.
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