Triciclos de madeira e máquinas para reciclar plástico em casa. Ideias de design inovador
Um triciclo clássico feito de madeira de florestas sustentáveis, máquinas que transformam plástico em algo precioso foram algumas das ideias que marcaram a edição deste ano do Inovdesign.
Facilitar a construção e encontrar soluções simples. Foi com este lema que José Leite criou o Tricycle.2. Um triciclo clássico, três rodas e de fabrico artesanal. Foi com este projeto, inspirado em memórias de infância que a empresa de mobiliário Lislei venceu o prémio Inovdesign 2019.
“Procuro sempre soluções simples para problemas complicados”, revela ao ECO o criador e presidente executivo da Lislei. José Leite está satisfeito com o reconhecimento, mas confessa que não trabalha para os prémios, mas sim para “conceber peças simples com grande durabilidade”. Arquiteto de profissão descreve que tenta sempre “usar madeiras de florestas sustentáveis, de alta qualidade, proveniente de fornecedores ambientalmente certificados”.
A construção dos triciclos tinha por meta minimizar o impacto ambiental e por isso foram implementadas medidas sustentáveis durante todo o processo de produção. “O fabrico implica produção de baixa tecnologia assente, essencialmente, em processos manuais que resultam num objeto cuidado e único“, refere o CEO da Lislei.
Com um design amigável e uma linguagem simples, o triciclo é feito em madeira de Freixo e Valchromat e o assento é ajustável em altura. Já os pneus são em borracha (recuperados numa fábrica de antigos brinquedos similares), o que permite ser usado em diferentes tipos de piso.
Mas José Leite não se ficou por este triciclo desenvolvido para ser usado por crianças a partir dos dois anos. Deu asas à imaginação e concebeu mais brinquedos dentro do género.
Uma das curiosidades destas peças é que todas têm rodas de forma a suscitar o interesse da criança pelo movimento. Face ao uso excessivo das novas tecnologias, o arquiteto salienta a importância de “contrariar a tendência das crianças em usar apenas os polegares, sentados no sofá”.
Máquinas que conseguem transformar o plástico em algo precioso
O triciclo da Lislei foi apenas uma das muitas ideias que estiveram patentes no concurso Inovdesign. Um projeto promovido pela Fundação de Serralves, que visa reconhecer o mérito de empresas que revelem a aplicação de práticas inovadoras na incorporação de design nos seus produtos.
Houve mais oito ideias de negócio selecionadas. Uma delas foi o projeto Precious Plastic. Uma ideia assente na sustentabilidade que cativou o júri e o público em geral. Embora não fosse considerada a ideia vencedora, cativou as atenções tendo em conta a luta global em reduzir a quantidade de plástico no planeta. E foi essa a preocupação que inspirou a Precious Plastic — criar ferramentas que facilitem a reciclagem do plástico.
Através de um processo de quatro máquinas (trituradora, máquina de extorsão, de injeção e compressão) é possível “transformar o plástico em algo precioso”, explica João Feyo, responsável pela implementação da Precious Plastic em Portugal.
O conceito foi criado pelo holandês Dave Hakkens que concebeu este projeto para a tese final do seu mestrado na qual mostrou toda a planificação de como se construem as máquinas para destruir o plástico e todo o processo envolvente. Em 2013 começou a disponibilizar ferramentas para que a reciclagem do plástico e a conversão em peças novas estivesse ao alcance de todos. Piões, cubos, bancos, moldes e azulejos são alguns dos produtos que podem ser criados através do “lixo” plástico.
O Precious Plastic é um movimento mundial que já foi posto em prática visto na prática no Porto, na oficina do arquiteto João Feyo, que não ficou indiferente a esta solução e decidiu implementa-la em Portugal, ao ser desafiado pelo próprio criador da ideia, Dave Hakkens.
“Começámos a construir e a produzir as máquinas de reciclar plástico e qualquer pessoa pode vir à nossa oficina ver como todo o processo é feito. A ideia é que toda a gente, a nível mundial, pegue nesta informação e comece a construir as máquinas e a reciclar o próprio plástico“, refere João Feyo.
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