Portugal obtém juros ainda mais negativos em emissão de 1.500 milhões. Taxa a 12 meses foi de -0,431%
O Tesouro continua a beneficiar das taxas negativas na dívida. Colocou mais 1.500 milhões de euros a seis e 12 meses, conseguindo juros abaixo da taxa de depósitos do BCE.
Portugal conseguiu, novamente, juros negativos recorde numa emissão de dívida de curto prazo. Colocou os 1.500 milhões de euros que pretendia a taxas ainda mais negativas que nas anteriores operação com iguais maturidades, sendo de destacar o facto de os juros terem ficado abaixo de -0,4%, a taxa de depósitos do Banco Central Europeu (BCE).
De acordo com dados da Reuters, a agência liderada por Cristina Casalinho colocou 500 milhões de euros em bilhetes do Tesouro a seis meses, conseguindo neste prazo um juro de -0,454%. Foi ainda mais baixo do que o de -0,396% registado na última emissão comparável, realizada a 15 de maio.
No prazo mais longo, a 12 meses, o juro foi de -0,431%, inferior ao de -0,37% registado na mesma operação de meados de maio. Nesta maturidade, o IGCP colocou 1.000 dos 1.500 milhões de euros que pretendia obter com este duplo leilão de dívida pública de curto prazo.
Em ambas as maturidades a taxa obtida por Portugal ficou, assim, abaixo dos -0,4%, algo que nunca tinha acontecido. Assiste-se a um aprofundar das taxas negativas no mercado que acabou por afundar os juros neste leilão que pode ser explicado com a perspetiva dos investidores de que o BCE venha, muito em breve, a cortar ainda mais a taxa de depósitos.
Benoit Coeuré, membro do Conselho de Administração do BCE, veio esta quarta-feira reiterar a disponibilidade do BCE para avançar com esse corte de taxas. “Olhando para o futuro, o Conselho [do BCE] está determinado a agir”, afirmou.
Atualmente, com a taxa de referência em 0%, o BCE tem uma taxa de -0,4% nos depósitos. Ou seja, cobra aos bancos que têm excesso de liquidez esta taxa, sendo esta medida uma forma de incentivar as instituições financeiras a concederem crédito à economia da região. Essa taxa era, até agora, um “travão” aos juros na dívida de curto prazo, mas com a abertura de porta de Draghi à descida dos juros, esse “travão” desapareceu.
Os bilhetes do Tesouro têm sido utilizados pelos bancos, nomeadamente os nacionais, como forma de investir a liquidez extra, pagando para o fazer, mas menos que ao BCE. Agora, estão a aceitar pagar mais, mas isto porque a perspetiva é de que o BCE torne ainda mais oneroso “estacionar” a liquidez nos seus cofres a breve trecho.
(Notícia atualizada às 10h50 com mais informação)
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