Boris Johnson prepara visita a Berlim e quer ganhar apoios
A preparar-se para a cimeira do G7 deste fim-de-semana, Boris Johnson aterra esta quarta-feira em Berlim para se encontrar Angela Merkel. Na quinta-feira segue para Paris para reunir com Macron.
Boris Johnson realiza esta quarta-feira a sua primeira visita oficial como primeiro-ministro do Reino Unido. O destino é Berlim, onde tem encontro marcado ao jantar com a chanceler alemã Angela Merkel. Em cima da mesa estarão as modalidades de saída do Reino Unido da União Europeia, entre as quais impedir o regresso de uma fronteira física na ilha da Irlanda, o chamado backstop.
A preparar-se para a cimeira deste fim-de-semana com o G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unidos) em Biarritz, sudoeste de França, Boris Johnson vai tentar ganhar apoios de Angela Merkel e do presidente francês Emmanuel Macron, com quem se irá reunir na quinta-feira em Paris. A ideia é conseguir um melhor acordo para o Brexit e/ou acordos de comércio livre, escreve a Bloomberg (acesso condicionado, conteúdo em inglês).
No centro das atenções estará o backstop que, para o líder conservador deve ser descartado do acordo por ser “inviável” e “anti-democrático“. Segundo aquilo que escreveu na carta enviada na segunda-feira à noite a Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, este mecanismo “atenta contra a soberania do Estado britânico”, impedindo o país de manter uma política comercial independente das regras europeias. Em resposta à missiva, Donald Tusk referiu que “aqueles que são contra o backstop” e que não propõem “alternativas realistas”, “apoiam o restabelecimento de uma fronteira”.
Ainda esta terça-feira, Merkel frisou a importância deste mecanismo, já que se enquadra na relação futura entre a UE e o Reino Unido, a chamada Declaração Política. No dia anterior, tinha garantido que Berlim estava pronto para uma saída sem acordo. Nesse sentido, segundo a imprensa britânica, o primeiro-ministro inglês deverá alertar a chanceler alemã que a UE não deve cair no erro de acreditar que o parlamento poderá bloquear a saída do Reino Unido a 31 de outubro.
O panorama que se vive no Reino Unido é incerto. Em declarações à rádio RTE’s Radio One e citado pelo The Guardian, Simon Coveney, vice-primeiro ministro irlandês, disse o Brexit sem acordo é “cada vez mais provável” e que a razão pela qual Boris Johnson visita Berlim e Paris é para “encontrar um caminho a seguir”.
Numa tentativa de reabrir o acordo inicialmente negociado por Theresa May, as grandes chances de Boris Johnson são convencer Merkel e Macron, mas não será tarefa fácil, já que durante a campanha do Brexit comparou os objetivos da UE com os de Adolf Hitler. Segundo escreve a Bloomerg, se Johnson não conseguir apoio europeu, os dois países correm o risco de o líder conservador se aliar a Donald Trump em questões como o Irão ou o alcance da Huawei, matérias em que tanto Merkel como Macron querem manter a unidade da União Europeia.
Caso as negociações cheguem a bom porto, Boris Johnson não deverá apenas fechar acordos comerciais com os Estados Unidos, mas também com outras grandes economias, como é o caso do Japão e do Canadá. Ambos os países têm acordos com a UE e recusam-se a transferi-los para a Grã-Bretanha pós-Brexit. O governo japonês já manifestou por diversas vezes receios relativamente às negociações em curso e sobre a possibilidade de uma saída sem acordo. Em junho, o ministro dos negócios estrangeiros japonês Taro Kono referiu que “algumas companhias já estão a mudar as suas operações para outros países da Europa”, incluindo companhias como a Honda Motor Co. e a Nissan.
Com as negociações ainda num impasse, Boris Johnson aterra em Berlim, às 18h (hora local) desta quarta-feira, para retomar as negociações. E o cronómetro está a contar: tem apenas dois meses para ganhar consensos e decidir qual será o futuro do Reino Unido.
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