Primeiro-ministro grego espera reabrir negociações da dívida da Grécia
Kyriakos Mitsotakis espera reabrir o debate sobre a questão da dívida da Grécia, mas reconhece que os parceiros europeus deverão opor-se a essa negociação.
O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, disse, esta quinta-feira, em Berlim que espera reabrir o debate sobre a questão da dívida da Grécia, embora sabendo que os parceiros europeus se opõem à sua renegociação. O governo alemão sempre rejeitou a ideia de um abatimento da dívida grega, que tinha sido defendido pelo antigo governo de esquerda de Alexis Tsipras, criando um impasse negocial entre os credores e a Grécia.
Na altura do terceiro resgate concedido à Grécia, em 2015, o Fundo Monetário Internacional (FMI) pronunciou-se favorável a um cancelamento parcial. Agora, o novo primeiro-ministro grego quer reabrir o processo da dívida grega, numa altura em que o défice atingiu 179% do Produto Interno Bruto (PIB), mas a economia da Grécia dá sinais de recuperação.
“Primeiro queremos restaurar a confiança e a credibilidade da Grécia, minadas pelos anos de crise que viram a economia desabar”, disse Mitsotakis, à saída da sua primeira reunião como chefe de governo com a chanceler alemã, Angela Merkel.
“Depois, finalmente, discutiremos o assunto da dívida”, disse Mitsotakis, nomeado primeiro-ministro após as eleições legislativas de 07 de julho, quando o seu partido, Nova Democracia, conquistou a maioria absoluta. “Quanto mais forte for o crescimento, mais fácil é manter a dívida num nível sustentável”, explicou Mitsotakis.
Há quatro anos, a Grécia esteve à beira da falência e permanece sob a vigilância de seus credores. Entre os compromissos da Grécia perante esses credores, está o objetivo de atingir excedentes orçamentais primários acima dos 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos anos.
Na campanha eleitoral, Kyriakos Mitsotakis prometeu negociar com os credores uma diminuição da taxa de excedente, para gerar crescimento, mas Angela Merkel e Bruxelas não têm aceitado esse plano. O primeiro-ministro grego tem andado num périplo europeu, que se iniciou em Paris, na passada semana, para convidar investidores a “aproveitar as oportunidades” oferecidas pela nova gestão política na Grécia.
“O que queremos fazer, em primeiro lugar, é ganhar credibilidade política, mostrando que somos um Governo disposto a reformas que geram crescimento”, insistiu o novo chefe de Governo. A questão da baixa parcial ou do alívio da dívida “será discutida no momento apropriado com os credores e possivelmente bilateralmente”, concluiu.
Num outro tema, o novo primeiro-ministro disse esperar de Berlim “uma reação positiva” ao pedido do Parlamento grego de abrir negociações sobre reparações de guerra. Este é um litígio difícil e um assunto delicado na Grécia, com a questão a ser reavivada por Alexis Tsipras, durante a época de crise e perante a oposição constante da Alemanha.
Em 2018, uma comissão parlamentar grega defendeu que a Alemanha pagasse 270 mil milhões de euros à Grécia, pelos danos e saques durante a II Grande Guerra e pelas atrocidades sofridas durante a ocupação nazi (1941-1944).
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