CIP quer reformados a ajudar empresas a formar jovens nas áreas de elevada especialização
A CIP quer que os reformados possam colaborar com as empresas na formação de jovens nas áreas de elevada especialização. Esta é uma das mais de 80 propostas dos patrões para a próxima legislatura.
A Confederação Empresarial de Portugal (CIP) quer ver os reformados a colaborarem com as empresas na formação dos trabalhadores mais jovens nas “áreas de elevada especialização e conhecimento”. Esta é uma das mais de 80 propostas para a próxima legislatura que os patrões reuniram num caderno ao qual chamaram de “Portugal a Crescer Mais” e que é conhecido esta sexta-feira.
“A falta de profissionais com competências adequadas às necessidades das empresas é um problema real, que corre o risco de se tornar dramático no curto prazo”, lê-se no arranque do capítulo dedicado ao talento. Face a este cenário e ao desafio da transformação digital e tecnológica, a CIP coloca em cima da mesa uma série de propostas cujo objetivo principal é aproximar “a oferta e a procura no mercado de trabalho”.
Nesse pacote de sugestões para os próximos quatros anos, está incluída a criação de um pacto de regime sobre o sistema educativo e sobre a formação profissional, a promoção de formas alternativas de ensino, a alocação de uma fatia da Taxa Social Única a uma conta específica de cada empresa que poderia ser usada para o financiamento da formação profissional (medida que já fazia parte do caderno apresentado no último ano) e a criação de um sistema que permita aos reformados colaborar com as empresas na formação de jovens para “áreas de elevada especialização”.
A propósito, no capítulo dedicado ao envelhecimento ativo do seu programa eleitoral, o PSD propõe que sejam desenvolvidas um conjunto de “medidas de flexibilização de transição da idade ativa para a aposentação”, que incentivem o prolongamento da atividade para além da idade da reforma através de soluções de trabalho em tempo parcial, o que poderia ficar em linha com a sugestão feita pela CIP. Também o PS tem uma promessa semelhante, no seu programa eleitoral, defendendo a aposta num “mecanismo de reforma a tempo parcial”, num quadro de “desagravamento das horas de trabalho”.
No caderno divulgado esta sexta-feira, a CIP propõe ainda a celebração de parceiras entre o Ministério da Educação e as associações empresariais para promover cursos adequados às necessidades das empresas, defende a requalificação dos recursos humanos ao longo da vida em resposta ao desafio tecnológico e considera ser importante orientar os apoios sociais para os trabalhadores que apostam na sua formação profissional.
No que diz respeito às migrações, os patrões sublinham a necessidade de agilizar a obtenção de documentos de Segurança Social necessários à contratação de imigrantes e de reforçar as capacidades de resposta do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
Já sobre a conciliação da vida profissional, pessoal e familiar, a CIP frisa que é preciso continuar a defender a flexibilização da organização do tempo de trabalho. É nesse âmbito que a confederação sugere desenvolver uma rede de infraestruturas de apoio (como creches com horários alargados) e “implementar uma atitude de partilha de responsabilidades e de tarefas entre homens e mulheres para combater, desde tenra idade, os estereótipos”.
Sobre o salário mínimo nacional (SMN), a CIP decidiu não fixar uma meta para a próxima legislatura, mas defende que devem ser definidos, em sede de Concertação Social, critérios económicos “objetivos e quantificáveis que deverão estar na base da evolução” da remuneração mínima garantida.
Na quarta-feira, a CGTP apresentou as suas prioridades reivindicativas para 2020, tendo defendido a subida do salário mínimo para 850 euros a curto prazo. O mesmo valor está a ser apoiado pelo PCP. O Bloco de Esquerda quer ver essa remuneração chegar aos 650 euros já no próximo ano; e o PSD quer que ultrapasse os 700 euros, em 2023. O PS não adianta a sua meta, mas adianta que quer ver o SMN a subir de forma “faseada, previsível e sustentada”.
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