Miguel Maya alerta para “ano mais difícil do que esperado” no BCP
BCE e Autoridade da Concorrência deixam Miguel Maya a fazer contas ao resto do ano. Reconhece que 2019 será um ano "mais difícil" do que aquele que o banco estava à espera.
Miguel Maya já tinha alertado para um final de ano desafiante no BCP quando apresentou os resultados semestrais em julho. Agora, volta a deixar o alerta, mas de uma forma mais séria. “Este é um ano mais difícil do que aquele que tínhamos perspetivado quando fizemos o orçamento”, disse o presidente executivo do banco em declarações ao ECO.
No final de julho, depois de ter anunciado uma subida de 12% do lucro na primeira metade do ano, atingindo os 170 milhões de euros, Miguel Maya deixou vários avisos sobre uma reta final de ano com sobressaltos que poderiam afetar os resultados do banco. “Não vos vou falar do Brexit ou do enquadramento externo… mas há um fator que tem a ver com a evolução das perspetivas da política monetária que teve um impacto importante“, tinha destacado o CEO do banco na altura.
Por outras palavras, Miguel Maya trouxe ao debate o Banco Central Europeu (BCE), que ainda na semana passada anunciou juros mais baixos durante mais tempo, o que vai condicionar o negócio não só do BCP, mas de toda a banca europeia, durante um longo período.
Será um “ano mais difícil” do que o esperado no BCP, como o próprio CEO reconhece agora. Mas “o banco tem uma capacidade para reagir à adversidade que é verdadeiramente notável. Estou confiante nas equipas comerciais do banco”, disse.
"Este é um ano mais difícil do que aquele que tínhamos perspetivado quando fizemos o orçamento.”
“Sei que tenho equipas extraordinárias que quando não conseguem ir por um lado, tentam ir por outro, aumentam a intensidade comercial. Estou convencido que estamos a fazer o caminho que devemos fazer”, reforçou Miguel Maya, à margem da 32.ª dos IRGAwards, uma iniciativa da Deloitte, que se realizou no Convento do Beato, em Lisboa.
O BCE não será o único obstáculo que o banco tem pela frente. Há duas semanas, a Autoridade da Concorrência multou o BCP em 60 milhões de euros por práticas restritivas da concorrência no mercado de crédito. Apesar de considerar a coima injusta e desproporcionada, razão pela qual vai ser impugnada em tribunal, Miguel Maya adiantou que o banco ainda está a ver com os auditores se as próximas contas a serem apresentadas vão já refletir este “risco”, o que poderá, no limite, levar a uma revisão em baixa dos resultados — a coima representa 35% do lucro que o BCP obteve no primeiro semestre.
Dividendo ameaçado? O BCP regressou este ano à remuneração acionista, com uma distribuição de 10% dos lucros alcançados em 2018, cerca de 30 milhões de euros. Miguel Maya mantém o compromisso de chegar a 2021 com um payout de 40%. “É essa a nossa linha de rumo, depois veremos quando é que lá chegamos“, sublinhou.
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