“Frankowicze” afunda Bank Millennium na Polónia. BCP dispara na bolsa de Lisboa
São uma espécie "lesados" da banca polaca: contraíram empréstimos em francos suíços, que entretanto disparou no mercado. Tribunal europeu deu-lhes agora razão. Bancos têm promessa de ajuda do Governo.
O “Frankowicze” é uma espécie de grupo lesados da banca polaca. Contraíram empréstimos em francos suíços na década passada e, entretanto, a moeda helvética disparou no mercado cambial, agravando as dívidas destes clientes para níveis impagáveis. Agora, o tribunal da União Europeu decidiu que os tribunais locais poderão julgar estes casos, o que poderá levar os bancos a terem de converter as dívidas para zlotys, com impacto de perdas milionárias. Mas Governo polaco já prometeu ajuda à banca.
Foi neste cenário de muita incerteza que as ações dos bancos mais expostos ao caso viveram hoje uma autêntica montanha russa. Por exemplo, o polaco Bank Millenium (detido pelo BCP) chegou a disparar mais de 10% e a afundar outros 10% no espaço de uma hora, refletindo alguma desorientação dos investidores com o impacto que a decisão do tribunal poderá ter no banco — fechou a sessão a cair 7,82%. O Bank Millenium é dos mais expostos a estes empréstimos em moeda suíça: representam quase um quinto da sua carteira de crédito. Já disse que não vai constituir uma provisão extraordinária para fazer face a eventuais perdas.
Por cá, o BCP BCP 0,00% manteve-se indiferente às notícias da Polónia, negociou em alta e em alta fechou em Lisboa: as ações encerraram a ganhar 3,87% para 19,07 cêntimos — os analistas referem que o banco liderado por Miguel Maya tinha espaço para recuperar face às quedas acentuadas das últimas semanas.
Bancos mais expostos ao “Francowicze”
Fonte: Bloomberg
Segundo os analistas, a decisão do tribunal abre portas a vários cenários. Quem foi penalizado pelas “cláusulas abusivas” nos contratos de empréstimo em francos suíços pode agora levar o seu banco a tribunal e pedir a reconversão da dívida em zlotys, a moeda polaca. Com isto, os bancos podem perder cerca de 14 mil milhões de euros, o equivalente a entre 1,5 vezes e 5 vezes o lucro do setor no ano passado.
Face aos efeitos negativos que poderá ter no setor, o ministro das Finanças polaco referiu que está a monitorizar a evolução do caso e sublinhou que tomará medidas se isso for necessário para garantir a estabilidade financeira.
“O Tribunal de Justiça Europeu sentenciou que os tribunais polacos são competentes para decidir se os créditos concedidos (expurgados das cláusulas abusivas) poderão ser convertidos. No fundo, o desfecho desta situação foi adiado para um futuro incerto”, referiram os analistas do BPI, salientando a promessa do Executivo polaco: “As ações do BCP foram favorecidas pelo anúncio do governo Polaco de que iria ajudar os bancos”.
Gualter Pacheco, da Go Bulling, explicou à Reuters que o “BCP teve quedas muito fortes nas últimas sessões, pelo que há aqui também um movimento de recuperação”.
BCP resiste. Contraria queda do Bank Millennium
A subida do BCP não foi suficiente para deixar a bolsa de Lisboa em terreno positivo. O PSI-20, o principal índice português, caiu 0,34% para 4.865,83 pontos, perante a pressão em torno das papeleiras Altri e Navigator. Uma vez que exportam grande parte do que produzem, poderão ser as mais afetadas na disputa comercial entre a Europa e EUA. A Altri viu as ações caírem quase 3% e a Navigator perdeu 2,77%. A Semapa, que controla 70% da Navigator, foi arrastada e cedeu 1,57%.
Lá por fora, o Stoxx 600 fechou praticamente inalterado. Com a bolsa de Frankfurt encerrada, as praças de Milão e Paris ganharam 0,1% e 0,3%, respetivamente. Madrid perdeu 0,33%.
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