Em crise, “Portugal tem margem” para ter défice, “mas tem de ser credível” na redução da dívida
Governador do Banco de Portugal diz que o país tem folga para poder expandir a política orçamental, mas isso não pode significar o fim do compromisso na redução da elevada dívida pública.
O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, diz que o país tem margem para expandir a política orçamental e registar défices para combater uma crise económica, mas considera que o país deve manter a credibilidade na trajetória descendente da dívida.
“Tem margem para o fazer, mas tem de ser credível quanto à trajetória futura da dívida em termos de rácio do PIB. Se essa margem for usada de forma que comprometa a sustentabilidade – isto é, não um uso temporário, mas permanente –, se não houver um crescimento”, afirmou Carlos Costa em entrevista ao Jornal de Negócios (acesso pago), onde abordou apenas questões económicas.
O governador adianta que, em Portugal, a “política orçamental está muito dependente dos níveis de endividamento público”. Os últimos dados apontam para uma dívida pública de 252 mil milhões de euros em agosto, com o rácio face ao Produto Interno Bruto (PIB) a baixar previsivelmente para os 119,3% no final deste ano.
"Tem margem para o fazer, mas tem de ser credível quanto à trajetória futura da dívida em termos de rácio do PIB. Se essa margem for usada de forma que comprometa a sustentabilidade – isto é, não um uso temporário, mas permanente –, se não houver um crescimento.”
Segundo Carlos Costa, Portugal “tem não só de satisfazer as regras orçamentais da União Europeia, mas sobretudo continuar a ser credível do ponto de vista dos mercados, o que significa que é possível que haja alguma capacidade para acomodar os impactos de uma crise económica através do funcionamento dos estabilizadores [automáticos]”.
“Mas não temos margem para uma política orçamental tão ativa como, por exemplo, a Alemanha”, sublinhou.
Na mesma entrevista, o governador do banco central português disse ainda que o Banco Central Europeu (BCE) fez o que tinha a fazer no sentido de usar a ferramenta da política monetária para animar a economia. E esclareceu que o apelo de Mario Draghi, presidente do BCE, para que sejam os países a avançar agora com estímulos orçamentais significa que “a política monetária acomodatícia é necessária, mas já não chega” e precisa de ser complementada pela política orçamental.
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