CMVM diz que empresas têm preocupação crescente com fatores ambientais e sociais
Incluir fatores ambientais e sociais na gestão pode traduzir-se numa maior confiança em relação ao funcionamento dos mercados financeiros e das instituições, diz o relatório da CMVM.
As empresas consideram que têm uma preocupação presente e crescente com a inclusão de fatores ambientais, sociais e de governo na gestão dos seus negócios, segundo o relatório da CMVM que sintetiza as respostas à consulta sobre finanças sustentáveis.
A consulta sobre finanças sustentáveis obteve a reação de 17 entidades – caso de empresas, associações representativas do setor empresarial e financeiro e de consumidores –, que deram conta do seu posicionamento face a fatores ambientais, sociais e de governo e os desafios que se colocam na adoção de práticas que contribuam para um sistema económico e financeiro mais sustentável.
Nas conclusões do relatório, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) considera que “as entidades envolvidas na consulta pública revelaram que a integração dos fatores ESG [ambientais, sociais e de governação, na sigla em inglês] nas suas organizações e nos processos de tomada de decisão, ainda que de modo diferente consoante o modelo de negócio e setores de atividade, é uma preocupação presente e crescente”.
Segundo o regulador dos mercados financeiros, foi destacado o impacto positivo da integração desses fatores “para os investidores e a sociedade em geral, consubstanciado numa maior confiança em relação ao funcionamento dos mercados financeiros e das instituições”, até para responder às exigências das gerações mais novas (Millennials e Geração Z).
No relatório, conhecido esta terça-feira, é dito que no caso do setor bancário e financeiro foi salientada, por exemplo, a importância de “análise dos riscos ambientais dos investimentos e do impacto ambiental da atividade bancária” ou da oferta de instrumentos financeiros ligados a empresas inovadoras no setor das energias limpas.
Na governação, as empresas falaram de maior transparências mas também na seleção de fornecedores com base em critérios de sustentabilidade, que sejam escolhidos os que “possuem boas práticas ambientais, sociais e de governação, que cumpram os deveres legais e não violem direitos humanos, preferência a fornecedores locais”.
Entre as preocupações sociais foram referidas, entre outras, condições laborais e de igualdade de género no trabalho ou proteção da parentalidade. Entre as principais dificuldades referidas, segundo a CMVM, os inquiridos falaram no risco de este ser um tema “da moda” e a falta de critérios para “cumprimento de forma objetiva” dos fatores ESG.
“Uma associação setorial referiu como um dos principais desafios a transição de setores e de atividades atualmente ainda não sustentáveis, realçando a importância de se apoiarem os setores de atividade que, encontrando-se em situações de partida desfavoráveis, necessitem de fazer a transição. Caso contrário, poderão criar-se efeitos colaterais adversos, levando até ao encerramento de empresas”, refere também a CMVM.
Sobre o impacto destes fatores nos lucros dos seus negócios, segundo a CMVM, os participantes consideraram que “a integração de fatores de sustentabilidade é importante para a criação de valor no médio e longo prazo”.
Contudo, admitem que há a barreira no setor empresarial do “foco excessivo dos investidores no retorno financeiro de curto prazo e na pressão dos resultados trimestrais”.
Os participantes consideraram ainda que seria importante “a criação de subsídios, incluindo fiscais, a redução de taxas ou a criação de outros incentivos” para que as empresas tenham mais incentivos para oferta de produtos e de serviços que integrem fatores de sustentabilidade.
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