Montepio perde mais 8.000 associados. Tomás Correia falha metas de 2019
Tomás Correia, que abandona liderança a 15 de dezembro, reúne conselho geral na sexta-feira para dar conta da revisão em baixa das perspetivas de negócio da Associação Mutualista.
Menos associados e menos poupanças captadas. Margem associativa mais curta e ativo menos valioso do que o esperado. No ano da despedida de Tomás Correia, a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) vai falhar todas as metas. Embora as contas de 2019 não estejam ainda fechadas, dentro da maior mutualista do país já se sabe que nenhum dos objetivos vai ser cumprido.
Tomás Correia prepara-se para abandonar a liderança da maior mutualista do país no próximo dia 15 de dezembro, depois de saber que não passaria no crivo do regulador. Deixará o cargo num ano em que a AMMG até poderá ter um desempenho melhor do que nos anos mais recentes. Mas os objetivos — por mais ou menos ambiciosos que sejam — ficarão por cumprir.
Por exemplo, no número de associados, o desvio será de menos 31,5 mil associados em relação àquilo que eram as pretensões antes do início deste ano. Inicialmente, a AMMG previa alargar a base de associados e terminar 2019 com 636 mil membros. Agora, estima fechar o ano com 604,5 mil, menos oito mil associados do que em 2018, segundo um relatório que será levado ao conselho geral da mutualista esta sexta-feira e a que o ECO teve acesso.
Até setembro, a AMMG viu entrar 19.260 novos associados. Mas o ritmo de saídas tem sido superior às entradas: os abandonos ascendem aos 27.186 nos primeiros nove meses do ano. Para contrariar a fuga, a AMMG tem em curso uma campanha de captação de novos sócios com oferta da jóia de admissão, no valor de nove euros, até final deste mês.
Apesar da quebra no número de associados, a mutualista mantém o objetivo de — e que corresponde à visão de Tomás Correia — de ter um milhão de associados. Não indica uma data, afirmando apenas que é uma meta a “mais longo prazo”. Para já, espera chegar aos 626 mil associados em 2021.
2019 terminará com 604,5 mil associados
Captará menos 50 milhões que previsto
Menos associados este ano significará menos receitas associativas. A AMMG queria captar 706 milhões de euros em poupanças junto dos atuais e novos membros, mas não vai conseguir. A instituição estima agora obter 658 milhões de euros, menos 48 milhões face à meta inicial. Mesmo o novo objetivo para 2019 aparenta ser ambicioso: até setembro as receitas associativas foram ascenderam a quase 500 milhões de euros, o que implica que os últimos três meses do ano terão de gerar uma receita de cerca de 160 milhões.
Receitas atingirão 658 milhões
Se este cenário acontecer, a AMMG fechará o ano com uma margem associativa positiva em 38 milhões de euros. É uma evolução favorável depois de quatro anos em que acumulou perdas de 1.258 milhões de euros. Ainda assim, o saldo entre receitas e encargos com associados ficará aquém do esperado inicialmente, registando-se um desvio negativo de 83 milhões face ao objetivo inicial.
Em 2020 e 2021, a margem associativa continuará positiva: a AMMG registará saldos de 59 milhões de euros e 89 milhões de euros, com a instituição a ver oportunidades no potencial da atual base de associados e da base de clientes das empresas do grupo.
No que toca ao ativo, se se esperava uma valorização de 200 milhões de euros, esta evolução também não vai acontecer. O objetivo era chegar ao final do ano com um ativo avaliado em mais de 4.000 milhões de euros. Vai ficar avaliado, segundo as novas estimativas da instituição, em 3.851 milhões de euros, menos 187 milhões do que se previa inicialmente (e mais 30 milhões face a 2018). O passivo vai acompanhar esta evolução.
Na evolução dos rácios, o grau de cobertura das responsabilidades ficará ligeiramente aquém do perspetivado, mas vai fechará o ano nos 1,244 — um grau acima de 1 significa que a AMMG consegue cobrir para lá das responsabilidades que tem.
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