EDP deverá pagar menos de 2% para emitir 750 milhões em dívida verde. Vai recomprar obrigações mais caras
Elétrica liderada por António Mexia pretende recomprar até 750 milhões de euros em dívida com maturidade em 2075. Operação está dependente da colocação de títulos verdes.
A EDP está de volta ao mercado, mas desta vez para trocar dívida. Por um lado, a empresa liderada por António Mexia propõe a amortização antecipada de títulos de dívida com maturidade em 2075, uma linha que conta com um saldo vivo de 750 milhões de euros. Para pagar esta operação de recompra de obrigações, a elétrica vai, por outro lado, emitir títulos de dívida verde.
Em comunicado enviado à CMVM, a EDP revela que foi feito “um convite para apresentação de ofertas de venda em dinheiro dos valores mobiliários representativos de dívida abaixo identificados”, apontando para a linha “Fixed to Reset Rate Subordinated Notes due 2075”. Esta linha apresenta um valor de 750 milhões.
As ofertas que receber ficarão, contudo, sujeitas “à aceitação por parte da EDP e a certos termos, condições e limites estabelecidos”. “A aquisição dos instrumentos validamente oferecidos pelos titulares na oferta está sujeita, entre outros fatores, ao sucesso da colocação da emissão das Novas Green Notes Subordinadas”, nota.
A EDP “pretende emitir uma nova série de instrumentos representativos de dívida subordinada fixed to reset com denominação em euros, sujeito a condições de mercado (as ‘Novas Green Notes Subordinadas’ ou as ‘Novas Notes’)”, diz a EDP, notando que estes títulos “são sénior apenas relativamente às ações ordinárias da EDP e subordinadas às suas obrigações seniores”.
Estas características levaram a agência Fitch a atribuir um rating BB à emissão, em grau de investimento especulativo e a dois degraus do nível de investimento de qualidade. Da mesma forma, a agência Moody’s também avalia as obrigações no mesmo nível de “lixo”: em Ba2. Em ambos os casos, as avaliações ficam dois notches abaixo do rating que as agências atribuem à EDP.
Forte procura leva juro para menos de 2%
A Bloomberg, citada pelo Jornal de Negócios (acesso livre), indica que as novas obrigações atingem a maturidade a 20 de julho de 2080, ou seja, a 60,5 anos (com possibilidade de reembolso antecipado dentro de cinco anos e meio). A agência acrescenta que a procura já supera a oferta em quatro vezes, o que deverá levar a taxa de juro a ficar abaixo de 2%.
A última vez que a EDP foi a mercado para emitir dívida verde híbrida a 60 anos foi em janeiro de 2019, quando captou mil milhões de euros a uma taxa de juro de 4,5%. A linha de obrigações que agora quer ir recomprar ao mercado tinha sido lançada em 2015, sendo que na altura a EDP pagou 5,5% em juros.
Assim, a operação poderá ajudar a reduzir o custo médio da dívida da empresa. Ainda não se sabe quando é que esta nova operação — que conta com os bancos BNP Paribas, Banca IMI, CAIXA, Mediobanca, BCPN, MUFG, NatWest Markets, Santander e UniCredit como responsáveis — vai ficar fechada.
Além de financiar a recompra de obrigações, a EDP deixa ainda em aberto outras opções. “As receitas da emissão serão destinadas ao portefólio de projetos green elegíveis do grupo EDP”, acrescenta a empresa em comunicado enviado aos investidores.
(Notícia atualizada às 14h com avaliação de rating)
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