Corrida às máscaras arrasa stocks. Fornecedores dão prioridade ao SNS
Em Portugal, a corrida às máscara está a aumentar e as empresas fornecedoras começam a ficar sem stock disponível. Só em fevereiro foram vendidas 419 mil máscaras, um crescimento de mais de 1.800%.
Com Portugal a entrar no mapa dos países onde o coronavírus já chegou, aumentou a procura por máscaras. Tem havido uma correria desenfreada às farmácias para comprar esta proteção.
Só este ano, em fevereiro, foram vendidas mais de 419 mil máscaras, contra as 21.746 que foram vendidas o ano passado, o que representa um crescimento homólogo de 1.829,3%, segundo dados da Associação Nacional das Farmácias (ANF). A venda de desinfetantes também registou um crescimento, embora menor, de 221% em relação a fevereiro do ano passado.
Perante a exponencial procura, os telefones das empresas fornecedoras não páram de tocar, as farmácias começam a ficar sem stocks e embora o ministro da Economia garanta que não existem “preocupações” ao nível do abastecimento e stocks de produtos no setor farmacêutico, na farmácia da Liga, em Vila Nova de Gaia, a situação é um pouco diferente. Farmacêuticos explicam que receberam cerca de dez mil máscaras esta semana, mas garantem que se a procura continuar “só têm máscaras” até à próxima semana.
A Manutan, grupo internacional, com armazéns em Paris, está presente em 17 países europeus, inclusive em Itália, onde admitem estar com “total rutura de stocks nas máscaras de proteção”, explica Filipe Mendes, diretor marketing da Manutan.
Neste momento não temos stock de máscaras para Portugal.
O diretor de marketing da Manutan adianta que neste momento não têm stock disponível para Portugal. “Vários países adiantaram-se como o caso de França e de Itália e esgotámos logo os stocks. No mercado português não conseguimos fazer muitas vendas”, refere.
Prioridade é o SNS
A Manutan, que vende através da loja online, diz que só em Portugal a procura por máscaras aumentou 750%. O grupo está a negociar com vários fornecedores a nível mundial para tentar adquirir máscaras de forma a conseguir assegurar algum stock suplementar – “o que está a ser muito complicado”, destaca o diretor de marketing da empresa, Filipe Mendes.
Também o administrador da Raclac, Pedro Miguel Costa, refere que a “venda de máscaras deve ter ultrapassado os 1.000%”, sendo que as chamadas para a empresa têm triplicado. “Temos recebido imensas chamadas a perguntar se ainda conseguimos fornecer máscaras e gel desinfetante”, explica o administrador da empresa que é fabricante, mas não produz as máscaras em Portugal.
Filipe Mendes diz que as poucas empresas que ainda têm máscaras para fornecer têm como prioridade clientes habituais. Mesmo os que ainda têm, “já não têm máscaras para fornecer ou então só têm o mínimo que será para guardar para o SNS”, conta.
Este é o caso da Raclac. A empresa localizada em Vila Nova de Famalicão vende máscaras e outros produtos descartáveis, garantiu ao ECO que ainda tem stock para aproximadamente 60 dias. Todavia, o administrador da empresa, Pedro Miguel Costa, explica que esse stock tem que ser distribuído pelos clientes habituais e pela Administração Regional de Saúde (ARS).
"Ninguém está preparado a nível de stock para a procura existente.”
“Estamos a salvaguardar o produto de forma a ser racionado por todos os nossos clientes habituais, como a ARS, hospitais públicos, entre outros. É um dever que nós temos”, refere Pedro Miguel Costa. E “existe um stock que que não é vendável por preço nenhum. São aproximadamente cinco mil máscaras que serão direcionadas para todos os nossos colaboradores, familiares, amigos, vizinhos, ou seja, para toda a família Raclac”, remata.
Reserva estratégica de dois milhões
Os fornecedores dão prioridade ao SNS, sendo que este tem uma reserva estratégica. António Costa garantiu, no debate quinzenal, que o SNS dispõe de uma “reserva estratégia de dois milhões de máscaras e outros equipamentos de proteção individual”.
A este, soma-se “um stock de 1,6 milhões de máscaras da Cruz Vermelha Portuguesa, que se destinam a ser utilizadas essencialmente por profissionais de saúde e pessoas infetadas ou em avaliação, uma vez que a sua utilização pela população em geral não é aconselhada”. Por sua vez, o stock de medicamentos do SNS foi também reforçado em cerca de 20%, disse Costa.
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