Adiada decisão de corte da OPEP+ devido a divergências entre Moscovo e Riade. Petróleo afunda quase 8%
A decisão da OPEP+ em relação a um eventual corte da produção de petróleo para enfrentar a epidemia do novo coronavírus foi adiada indefinidamente devido às diferenças entre Moscovo e Riade.
Os maiores produtores de petróleo do mundo não se entendem quanto à estratégia para travar o impacto do novo coronavírus no mercado petrolífero. A Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) tinha anunciado que iria propor, na reunião desta sexta-feira, um corte adicional da produção de 1,5 milhões de barris por dia, aos dez produtores de petróleo aliados. Mas este grupo, liderado pela Rússia, não chegou a acordo.
Os ministros do setor dos 23 países da OPEP+ (OPEP e dez produtores de petróleo aliados liderados pela Rússia) começaram esta sexta-feira a reunião às 09h, em Viena, como previsto, mas uma hora e meia depois o serviço de televisão do cartel informou do atraso indefinido devido a negociações cara a cara entre o ministro da Energia saudita, Abdelaziz bin Salmán, e o homólogo russo, Alexandr Novak. Desde quarta-feira que estão a manter conversações similares sem chegar a acordo.
Bin Salmán conseguiu na quinta-feira o apoio unânime no seio da OPEP para defender um drástico corte da produção. Contudo a medida, destinada a enfrentar a forte contração da procura de petróleo causada pela epidemia do Covid-20, ficou condicionada à participação da Rússia e dos outros aliados nos esforços.
Moscovo mantém-se contra o fecho das torneiras agora, depois das sucessivas reduções da produção que acordou no seio da OPEP+ desde finais de 2016.
A Rússia, que ao contrário da Arábia Saudita, está satisfeita com o nível atual dos preços, defende a extensão até ao final de 2020 dos cortes vigentes da oferta, de um volume de 2,1 milhões de barris por dia em relação à produção de outubro de 2018.
Os preços do petróleo refletem o elevado nervosismo dos investidores perante as discrepâncias entre os produtores no impacto negativo que está a ter a propagação do novo coronavírus na economia e na procura.
O petróleo Brent, de referência europeia, afunda 7,5%, a cotar-se nos 46,37 dólares no mercado de futuros de Londres devido à contração da procura face à propagação do novo coronavírus. O preço do barril de crude WTI desce para 42,27 dólares, menos 7,91 % do que no encerramento de quinta-feira.
Brent negoceia abaixo de 47 dólares
Em dezembro, este grupo de 23 Estados conhecido como OPEP+ estabeleceu um corte de 1,7 milhões de barris por dia para o primeiro trimestre deste ano, posteriormente ampliado para a primeira metade deste ano.
A este corte somou-se uma retirada de 400.000 barris por dia decidida voluntariamente pela Arábia Saudita, com o objetivo de sustentar o preço do petróleo. Mas o valor do barril desceu já em janeiro devido à epidemia do novo coronavírus, que está a desacelerar a economia mundial e consequentemente a procura de petróleo.
Na quinta-feira, os ministros da OPEP chegaram a acordo em relação ao corte num espaço de tempo excecionalmente curto para responder à contração da procura, especialmente da China, o maior importador de petróleo do mundo.
A decisão vai em linha com a recomendação de um comité técnico da OPEP, que propôs reduzir a produção entre 1,2 e 1,5 milhões de barris por dia, segundo diversas fontes que pediram para não ser identificadas.
As reuniões em Viena dos produtores estão totalmente marcadas pelo impacto negativo da propagação do novo coronavírus na procura de petróleo, como também pelo receio de contágio da doença.
Seguindo instruções das autoridades de saúde de Viena, a conferência da OPEP+ tem lugar com um número mínimo de delegados, os quais se devem submeter a um controlo de temperatura antes de poder aceder à reunião, enquanto à imprensa foi vetada a entrada na sede da organização.
Os países membros da OPEP são Angola, Argélia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Equador, Gabão, Guiné Equatorial, Iraque, Irão, Kuwait, Líbia, Nigéria e Venezuela.
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