EuroBic regista lucros recorde de 62 milhões. Abanca fecha due diligence em maio
EuroBic registou um lucro recorde de 62 milhões de euros no ano passado, antes de rebentar o caso Luanda Leaks que colocou banco liderado por Teixeira dos Santos no centro da polémica.
O EuroBic registou lucros recorde de cerca de 62 milhões de euros em 2019, um desempenho que representa uma subida de 45% face ao resultado obtido em 2018, de acordo com informações recolhidas pelo ECO.
As contas de 2019 foram aprovadas esta segunda-feira em assembleia geral de acionistas e mostram um banco em boa situação naquilo que é a sua rentabilidade, isto numa altura em que se prepara uma mudança no seio da sua estrutura acionista com a saída preanunciada da empresária angolana Isabel dos Santos na sequência do escândalo do caso Luanda Leaks.
Até setembro do ano passado, o banco já tinha revelado um lucro superior a 40 milhões de euros, quase alcançando em apenas nove meses de exercício o resultado (também ele recorde) de 42,5 milhões euros que tinha registado em todo o ano de 2018. O resultado de mais de 20 milhões no quarto trimestre acabou por ditar um ano recorde para o banco liderado por Teixeira dos Santos.
Resultados do EuroBic entre 2015 e 2019
O EuroBic apresenta-se com uma das maiores rentabilidades do mercado e o nível de malparado líquido de imparidades abaixo de 3% (dados de 2018) reforça a indicação sobre a situação de solidez do banco. Para lá disso, o banco português conta com uma estrutura operacional importante: mais de 1.400 trabalhadores e uma rede de 184 balcões, a maioria deles localizados no litoral do país.
Due diligence fechada em maio
Era mais ou menos este o retrato do EuroBic que se encontra atualmente em processo de venda ao Abanca. Isabel dos Santos, com 42,5% do banco, decidiu colocar a sua posição à venda no final de janeiro, após pressão do Banco de Portugal. A 10 de fevereiro chegava o anúncio de um acordo para a venda de pelo menos 95% do capital — incluindo a participação de Fernando Teles, sócio de Isabel dos Santos — ao banco espanhol num negócio avaliado em cerca de 240 milhões de euros.
Neste momento, os galegos encontram-se a realizar uma due diligence ao EuroBic, um processo que também registou atrasos por causa da pandemia de Covid-19 no país. Os trabalhos já só estarão concluídos durante o mês de maio, quando a previsão inicial apontava para os primeiros dias de abril. Será com base nesta avaliação à situação do EuroBic que o Abanca tomará a sua decisão.
Ao que o ECO apurou, apesar dos atrasos, tudo decorre com relativa normalidade. O Abanca mantém-se bastante interessado no banco. Fonte próxima do processo adiantou que os espanhóis têm recebido indicações positivas da avaliação aprofundada ao EuroBic. Oficialmente, o Abanca reitera o “compromisso” com a aquisição do banco português. Resta saber qual terá sido o impacto do caso Luanda Leaks no EuroBic e ainda quais as perspetivas de futuro face ao contexto de pandemia e de recessão económica global sem precedentes.
Teixeira dos Santos lidera até à venda
A agenda da reunião de acionistas do EuroBic incluía ainda um ponto relativo à eleição de novos órgãos sociais, tendo em conta que o mandato da equipa que se mantém em funções terminou no final de 2019. Este ponto foi suspenso. Até à conclusão do dossiê Abanca, os atuais administradores vão manter-se em funções até o próximo acionista definir o rumo a dar ao banco.
A operação de venda ao Abanca não deverá merecer a oposição dos supervisores. É o Banco Central Europeu (BCE) que tem de aprovar o comprador, em articulação com o Banco de Portugal. O governador Carlos Costa já deu indicações de que dará luz verde.
“Tem, à partida, condições para admitirmos que é um adquirente credível e com interesse”, referiu o governador do banco central quando foi ao Parlamento no início de março.
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