Hertz Portugal prepara renovação do lay-off em maio
Cerca de 60% da empresa está em lay-off e assim deve continuar. Antecipa quebra de 50% da faturação este ano e está a trabalhar com Turismo de Portugal para ter selo de qualidade como os hotéis.
A Hertz Portugal está a preparar uma renovação do regime de lay-off em que se encontra desde 8 de abril. A decisão deverá ser tomada esta semana, disse ao ECO o presidente executivo. Com o negócio “a cair cerca de 85%”, a empresa está à espera da retoma dos voos intracomunitários e de um selo de qualidade do Turismo de Portugal para que os cenários mais pessimistas não se concretizem.
“Temos cerca de 60% da empresa em lay-off. Também houve 15 contratos que não prolongámos ou que decidimos não passar aos quadros. E estamos a trabalhar para renovar o regime esta semana”, conta Duarte Guedes. Questionado sobre se a ideia será manter a mesma percentagem dos 280 colaboradores em lay-off, o responsável não quis avançar detalhes porque “ainda está em aberto”.
“Estamos neste momento a trabalhar para ver quais as atualizações que temos de fazer. Ainda estamos a discutir”, sublinha, acrescentando: “Quero primeiro falar com as pessoas”. “Mas é difícil haver grandes alterações, quer para cima quer para baixo. Desconfio que, em maio, ficaremos na mesma”, reconhece.
A Hertz continua a ter 80% das suas lojas abertas, nomeadamente nas capitais de distrito, mas com horário reduzidos e com menos pessoas. Também aqui a estratégica deverá ser a mesma. “Diria que as nossas lojas vão continuar abertas. Talvez uma ou outra possa reabrir”, antecipa Duarte Guedes.
Desconfio que, em maio, ficaremos na mesma.
Os dois primeiros meses do ano estavam a correr bem, com uma faturação de 5,8 milhões de euros, ou seja, uma subida homóloga de 14,8%, mas a 8 de abril a quebra da faturação era já de 40%. Estavam assim preenchidos os requisitos para recorrer a lay-off. Uma ferramenta que o presidente executivo da Hertz Portugal considera “muito importante”.
Outra ferramenta importante foi o recurso às linhas de crédito lançadas com a garantia de Estado. “Logo que isto começou tivemos de arranjar já todos os meios necessários para ter tesouraria para estes tempos incertos. E contar para um ano. Vimos da parte dos bancos uma grande proatividade, a contactar-nos a saber o que era preciso”, conta Duarte Guedes. A empresa começou por contratar 1,5 milhões de euros, mas quando as condições foram revistas passaram para dois milhões de empréstimo.
Outra das medidas que a empresa tomou preventivamente perante a pandemia foi travar contrações adicionais de carros e colaboradores decorrentes da sazonalidade do negócio. “Como isto apareceu antes da Páscoa evitámos contratar mais quadros ou carros. Teremos no verão menos 4.000 carros do que o previsto (quebra de 45%)”, explica o responsável, acrescentando que o previsto era “atingir o verão com 320 colaboradores”.
Com a impossibilidade de saber qual o “padrão da retoma”, Duarte Guedes traçou cinco cenários possíveis para a evolução do negócio. “Abril e maio estão no cenário mais otimista”, porque a paragem acabou por não ser total, mas, “à medida que vamos avançando no tempo, vamos aproximando-nos do cenário mais pessimista”.
“Para já as nossas estimativas para efeitos de planeamento apontam para uma quebra de quase 50%. Mas temos de ir atualizando frequentemente, em função do grau da retoma, principalmente do tráfego aéreo, mas também da performance económica interna”, explica. Com as empresas quase paradas o negócio dos carros de substituição está tão parado como a atividade turística.
Para já as nossas estimativas para efeitos de planeamento apontam para uma quebra de quase 50%. Mas temos de ir atualizando, em função do grau da retoma.
Com o desconfinamento haverá mais carros na estrada e voos intra Europa, que são bastante importantes para nós. Hão-de voltar, mas ainda não sabemos em que moldes. Até pode aumentar o número de voos, mas não sabemos quantas pessoas viajarão por avião”, desabafa. Por isso, na cabeça de Duarte Guedes vão ser necessários três ou quatro anos para se regressar aos níveis de 2019, ano em que a receita operacional de aluguer de viaturas foi de 57 milhões de euros. “Se voltar dentro de dois, cá estarei para dar a mão à palmatória com muito gosto”, brinca.
E como “não se pode estar ligado à máquina por tempo indefinido”, o responsável defende que “vamos ter de aprender a viver com estes cuidados”. “Não vamos ficar fechados em casa um ano ou dois. Temos de trabalhar para pôr as pessoas de novo a voar e a viajar”. E como?
O primeiro passo é “dar confiança às pessoas para viajarem”. “Está na altura de toda a cadeia de valor — desde as companhias áreas, aeroportos, hotéis rent-a-cars, até aos transfers — agitar a bandeira do turismo seguro do ponto de visita sanitário. Essa é a nossa prioridade: falar lá para fora e dar garantia às pessoas de que é seguro vir passar férias a Portugal, nomeadamente alugar um carro”, explica.
Depois a associação dos industriais de aluguer de automóveis sem condutor (Arac) e o Turismo de Portugal estão a trabalhar, há cerca de duas semanas, para criar um selo de garantia, à semelhança do que já foi feito com os hotéis. “Pelo que já lemos todos os pressupostos que temos na Hertz estão em linha com o que o Turismo de Portugal exige”, avança Duarte Guedes, aludindo às regras que já estão em vigor à cerca de mês em termos de higienização dos carros, das lojas e de material de proteção do staff. “Queremos ter esta chancela, que possamos mostrar lá fora, aos nossos parceiros internacionais, e garantir que o carro é uma forma completamente segura de se viajar dentro de Portugal”, acrescenta. “É o mais importante nesta altura, quando as pessoas questionam se estão ou não seguras”, frisa o presidente executivo desta marca centenária que inventou o conceito de rent-a-car em 1918.
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