De 440, a 205, até aos 130 milhões. Dona da TVI perdeu 70% do valor em três anos
Media Capital volta a estar próxima de ser vendida pela Prisa. Após ter aprovação dos reguladores, 30% vai passar para o empresário Mário Ferreira, mas o valor da empresa não pára de cair.
A Prisa volta a estar mais perto de vender parte da Media Capital. É um negócio que está no mercado há dez anos e já teve cinco potenciais compradores, incluindo três em três anos. À medida que o tempo foi passando, também o valor da empresa foi caindo. Desde 2017 viu a avaliação cair 70% desde os 440 milhões até aos atuais 130 milhões de euros.
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130 milhões de Mário Ferreira
O empresário Mário Ferreira fechou a compra de 30,22% da Media Capital por 10,5 milhões de euros. A transação situa o enterprise value em 130 milhões de euros, o não só fica abaixo de qualquer outra proposta como dos 186 milhões de euros de valor da empresa no mercado de capitais. Segundo a Prisa, é um preço já influenciado pelo impacto do Covid-19 nos ativos de media.
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205 milhões da Cofina, após revisão
A pandemia tinha também sido causa para o fim da oferta pública de aquisição (OPA) da Cofina, em março. A empresa não conseguiu completar um aumento de capital devido à deterioração das condições de mercado e cancelou a operação de compra da Media Capital. O valor em cima da mesa era, então, de 205 milhões de euros. Ou seja, mais 37% do que aquele a que agora foi realizado o negócio por Mário Ferreira.
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255 milhões da Cofina
Mas este não o primeiro montante oferecido pela Cofina. A OPA tinha sido lançada em setembro do ano passado e a dona do Correio da Manhã a pagar cerca de 180 milhões de euros e a assumir uma dívida de 75 milhões de euros, avaliando assim a empresa de media em 255 milhões de euros (mais 49% do que o valor atual).
A contrapartida foi revista em baixa após o anúncio de que a Media Capital teve prejuízos de quase 55 milhões de euros em 2019, ano em que perdeu a liderança das audiências para a SIC. No ano anterior, em 2018, o grupo tinha lucrado quase 22 milhões de euros.
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440 milhões da Altice
Em qualquer caso, até o valor mais elevado que a Cofina chegou a oferecer fica muito abaixo da proposta da Altice. Foi em julho de 2017 que a telecom de Patrick Drahi oferecia 440 milhões de euros à Prisa para ficar com a totalidade do capital da empresa de media. Passaram-se meses, nos quais o negócio mereceu oposição da Anacom e uma aprovação por diferimento tácito de um conselho regulador da ERC fragilizado.
Após vários adiamentos, a Autoridade da Concorrência, que chegou a abrir uma investigação aprofundada ao dossiê, deixou passar o prazo acordado entre Prisa e Altice Portugal para a conclusão do negócio. A operação falhou um ano depois, em meados de 2018, por desistência da Altice Portugal, apesar de ter acontecido na semana em que o regulador iria divulgar a decisão de chumbar o negócio.
PT e Ongoing também já tinham tentado
Estas são as mais recentes propostas, mas a história da Media Capital é longa. A Portugal Telecom, no tempo da presidência de Zeinal Bava, também protagonizou uma tentativa de compra da Media Capital em 2009, um caso que gerou polémica e chegou a motivar uma comissão parlamentar de inquérito no ano seguinte, para investigar a alegada intervenção do Governo de José Sócrates no negócio.
Esta tentativa ter-se-á seguido a duas outras, em 2008, que acabaram por ser alvo de investigação judicial: uma que terá contemplado fundos ingleses; outra por parte do Taguspark que envolvia um administrador da PT e do próprio Taguspark, Rui Pedro Soares, alegadamente envolvendo 40% do capital da dona da TVI.
Além disso, segundo revelou nessa altura Miguel Paes do Amaral em 2010, a PT terá apresentado pelo menos três propostas para comprar o grupo de media entre 1998 e 2005. Nenhuma destas operações foi concretizada.
Na mesma altura, houve uma tentativa de outro comprador. A 28 de setembro de 2009, a já extinta Ongoing chegou a um acordo com a Prisa para comprar 35% da Media Capital. Mas a operação falhou meses depois, a 31 de março de 2010. Em causa estava o facto de a Ongoing, que era a dona do Diário Económico, controlar também uma participação de 23% na Impresa, dona do SIC e do Expresso, o que era visto como um entrave ao princípio da pluralidade dos media.
Na altura, a ERC chegou a dar um prazo ao grupo de Nuno Vasconcelos para que vendesse as ações da Impresa no mercado se quisesse mesmo comprar a TVI. Mas isso não chegou a acontecer e a Autoridade da Concorrência (AdC) não teve alternativa senão o chumbo do negócio.
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De 440, a 205, até aos 130 milhões. Dona da TVI perdeu 70% do valor em três anos
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