AMT admite sobrelotação nos transportes públicos: “Não era previsível que acontecesse isto”
O presidente da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) admite que há sobrelotação nos transportes públicos apesar da pandemia. Fala numa "avalanche" de utilizadores que "não era previsível".
A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) admitiu esta quarta-feira que tem havido sobrelotação nos transportes públicos de passageiros do país, com a passagem do estado de emergência para o de calamidade, devido à “avalanche” de utilizadores.
“Tem havido sobrelotação, nós temos recebido reclamações”, disse o presidente da AMT, João Carvalho, aos deputados da comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, na Assembleia da República em Lisboa. “Não era previsível que acontecesse isto. […] É uma coisa nova, estavam os serviços mínimos, de repente começa a avalanche de utilizadores de transportes”, acrescentou.
Segundo aquele responsável, a AMT, que regula e fiscaliza do setor dos transportes em Portugal, recebeu 400 reclamações relativamente ao transporte público de passageiros, entre o estado de emergência e o de calamidade, não só referentes a sobrelotação, mas também sobre questões de segurança e higiene. “Se estamos a falar de segurança pública, no caso de máscara, há várias centenas de reclamações por pessoas não usarem máscaras nos transportes públicos”, disse.
João Carvalho reiterou, porém, que atualmente já há uma oferta de transportes públicos de 90% e que, no caso da Área Metropolitana de Lisboa (AML), a procura ainda está “muito baixa”. “O sistema de mobilidade e transporte, através daquilo que é possível dentro das Comunidades Intermunicipais (CIM), está gradualmente a responder. […] Na ferrovia é diferente, porque não é de hoje para amanhã que se consegue equipamento”, defendeu o presidente da AMT.
Quanto aos 94 milhões de euros de reforço para os transportes, previstos no Orçamento Suplementar, João Carvalho admitiu não ter a certeza de que seja suficiente. “O financiamento dos transportes é essencial. Não sabemos, não temos a certeza se o financiamento existente de 94 milhões de euros será suficiente ou não para colocar a oferta nos 100%, temos dúvidas também. Vamos tateando e vamos vendo”, afirmou.
Em relação ao Relatório de Atividades de 2019 da AMT, que ainda não é conhecido, João Carvalho adiantou que a entidade cumpriu aquilo a que se propôs em cerca de 90%, no ano em questão, e que a falta de recursos foi a razão para os cerca de 10% de incumprimento de objetivos.
“O balanço que faço é bastante positivo, apesar dos recursos que temos. […] O país está a ter uma reforma enorme e extremamente positiva, em que as autoridades locais têm sido inexcedíveis, fantásticas”, sublinhou.
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