Bruxelas vai investir em hidrogénio verde. Transição terá três fases
Um sistema mais integrado e a adoção do hidrogénio como combustível, produzido a partir da energia eólica e solar, são as novas prioridades da Comissão Europeia para o setor energético.
A Comissão Europeia apresentou as linhas gerais das estratégias para o hidrogénio verde e para a integração dos sistemas energéticos na União Europeia (UE). Adotadas esta quarta-feira, deverão permitir abrir o caminho para que seja alcançada a neutralidade carbónica da União Europeia em 2050.
“As estratégias adotadas irão reforçar o Acordo Verde Europeu e a recuperação verde e colocar-nos firmemente no caminho da descarbonização da nossa economia até 2050“, destaca Frans Timmermans, vice-presidente executivo da Comissão Europeia, citado em comunicado.
O ECO sabe que Portugal foi um dos países que já apresentaram um plano para hidrogénio e o secretário de Estado da Energia, João Galamba, é um dos convidados de um evento europeu que se realiza às 15h00, hora de Lisboa. Em causa estará o projeto Green Flamingo, que deverá passar pela produção de hidrogénio verde em Sines.
As duas estratégias apresentadas por Bruxelas criam uma nova agenda de investimento focado em energia sustentável, em conformidade com o plano de recuperação da UE e com o Green Deal. Os investimentos previstos têm como objetivo estimular a recuperação económica pós-pandemia, criar emprego e impulsionar a liderança e a competitividade de indústrias estratégicas, que são cruciais para a resiliência da Europa.
“75% das emissões de gases com efeito de estufa da UE vêm da energia. Precisamos de uma mudança de paradigma para atingir os nossos objetivos de 2030 e 2050. O sistema energético da UE tem de se tornar mais integrado, mais flexível e capaz de acomodar as soluções mais limpas e mais rentáveis”, explica Kadri Simson, comissária europeia da energia.
Bruxelas cria aliança europeia para o hidrogénio limpo. Transição terá três fases
Para ajudar a concretizar esta estratégia, foi lançada esta quarta-feira a Aliança Europeia para o Hidrogénio Limpo. A aliança construirá um canal de investimento para a produção em larga escala de hidrogénio a partir de energia renovável, e apoiará a procura deste combustível na UE.
A Comissão vai também propor medidas políticas e regulamentares para dar mais confiança aos investidores, facilitar a adoção do hidrogénio como combustível, promover as infraestruturas e redes logísticas necessárias, adaptar os instrumentos de planeamento de infraestruturas e apoiar investimentos, em particular através do plano de recuperação da UE.
A nova economia do hidrogénio pode ser um motor de crescimento para ajudar a superar os danos económicos causados pela Covid-19. Ao desenvolver e implementar uma cadeia de valor de hidrogénio limpo, a Europa tornar-se-á um pioneiro global e manterá a sua liderança em tecnologia limpa.
A estratégia de hidrogénio da UE aborda formas de tornar esta ambição numa realidade, através de investimentos, regulamentação, criação de mercado e investigação e inovação. “A nova economia do hidrogénio pode ser um motor de crescimento para ajudar superar os danos económicos causados pela Covid-19. Ao desenvolver e implementar uma cadeia de valor de hidrogénio limpo, a Europa tornar-se-á um pioneiro global e manterá a sua liderança em tecnologia limpa”, garante Timmermans.
Segundo a Comissão Europeia, a prioridade é desenvolver hidrogénio a partir da eletrólise da água, recorrendo a energia com origem em fontes sustentáveis, sobretudo a eólica e solar. No entanto, Bruxelas alerta que, a curto e médio prazo, é necessário outras formas de geração de hidrogénio com baixa emissão de carbono, para reduzir rapidamente as emissões e apoiar o desenvolvimento de um mercado viável.
Esta transição gradual exigirá uma abordagem faseada:
- De 2020 a 2024, a Comissão Europeia vai apoiar a instalação de pelo menos 6 GW de eletrolisadores de hidrogénio renováveis na UE e a produção de até um milhão de toneladas de hidrogénio.
- De 2025 a 2030, o objetivo é tornar o hidrogénio uma parte intrínseca do sistema energético integrado da UE, com pelo menos 40 GW de eletrolisadores de hidrogénio renováveis e a produção de até dez milhões de toneladas de hidrogénio renovável na UE.
- De 2030 a 2050, as tecnologias de hidrogénio renovável devem atingir a maturidade e ser implantadas em larga escala em todos os setores difíceis de descarbonizar.
“O hidrogénio desempenhará um papel fundamental neste contexto. A queda dos preços das energias renováveis e a inovação contínua tornam-na uma solução viável para uma economia neutra para o clima”, considera Kadri Simson.
Em relação à estratégia da UE para a integração do sistema energético, a estratégia estabelece 38 ações. Estas incluem o revisão da legislação existente, apoio financeiro, investigação e implementação de novas tecnologias e ferramentas digitais, orientação aos Estados-Membros sobre medidas fiscais e eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis fósseis, reforma da governação do mercado e planeamento de infraestruturas, e melhor informação aos consumidores.
Para a estratégia de integração do sistema energético existem três pilares principais. A estratégia irá identificar ações concretas para aplicar na prática o princípio da “eficiência energética em primeiro lugar” e uma maior eletrificação direta dos setores de utilização final. Para os setores onde a eletrificação é difícil, a estratégia promove combustíveis “limpos”, incluindo o hidrogénio verde e biocombustíveis e biogás. A Comissão irá, por fim, propor um novo sistema de classificação e certificação de combustíveis renováveis e com baixo teor de carbono.
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