Marcelo antecipa um estado de emergência “muito limitado”
O Presidente da República nota que, a ser decretado um novo estado de emergência, este será "muito limitado" e "diferente" do primeiro, que aconteceu em março.
O Governo pediu ao Presidente da República para ser decretado novamente o estado de emergência no país e Marcelo Rebelo de Sousa está a ponderar essa hipótese. O Chefe de Estado ouviu esta segunda-feira os partidos com assento parlamentar e antecipa que, caso venha realmente a acontecer, este novo estado de emergência será “diferente”, na medida em que será “muito limitado”.
“Nunca deixámos de estar verdadeiramente em estado de emergência”, começou por dizer Marcelo Rebelo de Sousa, em entrevista à RTP, fazendo uma linha cronológica de toda a pandemia desde que esta apareceu em março no país.
Assim, sobre as intenções do Governo em decretar um novo estado de emergência, o Presidente da República diz estar a “ponderar”. Contudo, nota que, a acontecer, não será como o de março. “Há oito meses a economia estava bem, agora não está. Conheceu sinais de recuperação, mas está numa situação de queda de riqueza nacional”, explicou, justificando a sua inclinação com o facto de as condições sanitárias o permitirem, porque o clima social assim o aconselha, mas também porque a economia não aguenta.
Por isso, Marcelo antecipou estado de emergência diferente. “Está a ser ponderada uma coisa diferente porque a situação é diferente. Será um estado de emergência muito limitado, de efeitos muito preventivos e não muito extensos”, detalhou, referindo que “esta é a inclinação dos partidos” que ouviu esta segunda-feira, faltando agora ouvir os parceiros sociais.
Atribuindo grande parte do sucesso no combate à primeira vaga da pandemia ao confinamento voluntário dos portugueses, Marcelo sublinha que “a sociedade não é a mesma”, “está fatigada”, mas também “preocupada com a situação económica”.
Além disso, também”os setores políticos não são iguais”, acrescentou, recordando que se nenhum partido votou contra o estado de emergência da primeira vez, o mesmo não aconteceu nas vezes seguintes. Agora a situação não será diferente. O Presidente revelou que das audições dos partidos esta segunda-feira retira que a “resposta é não a um confinamento muito vasto”, mas que ainda assim tem “uma maioria clara de dois terços a um estado de emergência limitado, mas não uma unanimidade”.
O Chefe de Estado adiantou que, seguindo um modelo “puramente matemático”, Portugal poderá registar a “duplicação do número de infetados”, o que significará 8.000, 9.000 ou até 10.000 infetados no final de novembro, mas que “a progressão matemática não tem batido certo com a realidade clínica”. Ainda assim, admitiu que “o número de mortes pode aumentar significativamente nas próximas semanas”.
Contributo dos setores privado, social e cooperativo “permite fazer frente” à pandemia
Tal como o Governo já tinha explicado, Marcelo enumerou as situações para as quais está previsto o estado de emergência, entre as quais a “ampliação do rastreio”, um dos pontos que considera que não correu bem, porque “não havia máquina para isso” — e a “medição de temperatura” nos acessos aos serviços públicos.
Além disso, o Presidente da República falou na utilização de meios do setor privado, social e cooperativo. “O setor social foi recebendo doentes para desbloquear a situação”, explicou o Chefe de Estado, notando que “a capacidade global do SNS mais o contributo dos setores privado, social e cooperativo permite permite fazer frente a evolução previsível se outas medidas forem assumidas pelos portugueses”.
Questionado porque é que esta medida não foi adotada mais cedo, Marcelo explicou que isso estava previsto, mas que se esperava uma segunda vaga da pandemia apenas entre o outono e o inverno. E que, por isso, foram sendo feitos acordos de região para região.
Marcelo ainda acabou por admitir ser o “maior responsável pelos erros” que foram cometidos no âmbito desta pandemia. “Houve erros e eu sou o maior responsável por eles. O Presidente da República é o maior responsável pelos erros”, disse, referindo ter a “responsabilidade suprema por tudo isto”, ilibando, assim, as autoridades de saúde.
Assumindo que estava a fazer o papel de comentador e não de decisor politico, Marcelo convidou os portugueses a colocarem-se no papel de quem decide, porque “a pandemia conheceu avanços e recuos, mas também zig zags” e que devem reconhecer o “mérito enorme para quem tem feito as conferências de imprensa diárias”.
“Mas como tudo o que se repete no tempo cansa, há uma parte dos portugueses que continua a seguir mas outros cansam-se”, explica. Além disso, Marcelo recorda que “esta é a primeira pandemia com redes sociais, o que tem uma componente psicológica muito importante” e por isso defende que “é preciso reinventar a forma de comunicação”.
(Notícia atualizada às 22h30 com mais informação)
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