Global Media quer cortar 7,8 milhões nos salários e atingir lucro em 2021
A Global Media espera atingir um resultado operacional positivo em 2021, com a redução de custos com pessoal no próximo ano avaliados em 7,8 milhões de euros, e atingir lucro em 2022.
A Global Media espera atingir um resultado operacional positivo em 2021, com a redução de custos com pessoal, e atingir lucro em 2022, mas estima uma redução de 7,8 milhões de euros nos custos salariais para o próximo ano, de acordo com um documento a que a Lusa teve acesso esta segunda-feira.
A Global Media (GMG) estima que o plano de reestruturação em curso possa “permitir reduzir os custos operacionais (…) em cerca de 15 milhões de euros em 2021”, dos quais uma redução de 7,8 milhões de euros nos custos salariais decorrentes do despedimento de 81 pessoas, segundo a descrição dos motivos invocados para despedimento coletivo, na carta de justificação enviada aos trabalhadores que são alvo deste processo.
Em 30 de outubro, o grupo Global Media (GMG), que detém o Jornal de Notícias (JN), Diário de Notícias (DN), O Jogo e a TSF, entre outros títulos, anunciou que iria iniciar um processo de despedimento coletivo que abrange 81 colaboradores, 17 dos quais jornalistas, em diferentes áreas.
Face à pandemia, a Global Media “estima uma forte quebra do volume de negócios em 2020, em resultado do impacto da Covid-19, e recuperações ligeiras, perspetivando-se, no entanto, a recuperação para níveis inferiores aos observados no histórico”, refere a empresa.
“Apesar das medidas de reestruturação implementadas nos últimos anos e face à queda tão significativa e contínua das receitas, a Global Notícias – Media Group necessita de implementar medidas adicionais que tenham um forte impacto na redução da estrutura de custos da empresa“, explica o grupo, estimando que através de medidas de reestruturação “consiga atingir resultados líquidos positivos a partir de 2021, sendo que se prevê que essas medidas podem permitir reduzir os gastos operacionais” em “cerca de 15 milhões de euros” no próximo ano.
As medidas, que incluem redução de gastos com pessoal, visam também a melhoria da margem bruta de produção e redução de fornecimentos e serviços externos (FSE) contratados.
No que respeita aos custos de produção, a GMG pretende aumentar a eficiência através de redução e otimização do número de páginas e formatos de produtos, renegociação com fornecedores e otimização de número de tiragens impressas.
“Estima-se que o impacto resultante das medidas de redução de custos de impressão será consideravelmente inferior ao obtido com as restantes medidas, representando, no entanto, uma melhoria da margem relativamente à venda de jornais de 2,9%, quando comparado com o ano de 2018”, refere a empresa.
“Em termos acumulados, estima-se que a conjugação destas medidas [sobre custos de produção] permitam uma poupança de 2,1 milhões de euros entre 2020 e 2024″, salienta.
Já no que respeita às reduções em gastos de FSE, refere que nos subcontratos – um dos custos que “mais reduziu em 2019”, a Comissão Executiva da Global Media “estima uma poupança total de cerca de 1,5 milhões de euros por ano, através da renegociação destes contratos”.
Nos serviços informáticos, a “empresa encontra-se em processo de renegociação dos ‘fees’ do ‘software’ utilizado nas publicações, prevendo também diminuir custos com vídeo ‘streaming’, através de utilização de novas metodologias e reduzir o recurso a ITOutsorcing’, estimando assim poupanças anuais com cerca de 600 mil euros”.
Além disso, “estima-se uma poupança anual de aproximadamente 1,9 milhões de euros com a renegociação de contratos e com a contenção de vários outros custos ligados à atividade”, lê-se no documento.
No que respeita à redução do pessoal, a GMG explica que a diminuição registada no ano passado, através de processos de rescisão negociados, foi insuficiente, uma vez que “a estrutura de pessoal é muito elevada face ao volume de negócios da empresa – o decréscimo constante de receitas dos últimos anos não tem sido acompanhado por um decréscimo dos custos fixos”.
Com a redução estimada de 7,8 milhões de euros nos custos salariais do próximo ano, a dona do DN sublinha que “a importância dos custos com pessoal será reduzida de 56% para 41% do total de receitas geradas”.
A Global Media “conta com dois dos quatro jornais mais relevantes de informação geral do país – Diário de Notícias e Jornal de Notícias e um jornal desportivo – O Jogo”, salienta o grupo, apontando que “a circulação média paga das principais edições da empresa tem vindo a cair cerca de 10% ao ano, tendo as maiores quedas sido registadas nos últimos dois anos”.
A circulação paga dos títulos da empresa “tem vindo a sofrer quebras significativas, nomeadamente em volume, sendo este efeito avassalador se considerarmos o período entre 2008 e 2019″, prossegue a GMG, apontando que o JN passou de 101,2 para 44,5 mil unidades, o DN de 40 para sete mil unidades e O Jogo de 31,6 para 16,8 mil unidades.
“No que diz respeito às receitas de publicidade a queda ainda foi mais significativa que a relacionada com as receitas de circulação, uma vez que se verificou uma redução de 66,5% desde 2008”, acrescenta.
“Realçamos que em 2008 a empresa apresentava receitas com a venda de jornais e revistas de 45,9 milhões de euros e receitas de publicidade de 51,2 milhões de euros”, aponta a GMG.
A Global Notícias Media Group “apresenta, assim, um decréscimo no volume de negócios acumulado de 17,7% entre 2017 e 2019, influenciado pela queda de todas as linhas de receita, em especial da venda de jornais e revistas, com uma quebra acumulada de 21,4%”, lê-se no documento.
No que respeita aos custos, “e apesar das várias medidas de reestruturação desenvolvidas em 2019, que resultaram numa redução de custos com pessoal e FSE de 17% face a 2018, a empresa continua a apresentar um rácio de custos operacionais/proveitos operacionais insustentável”, acrescenta.
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