Banca europeia vai despedir mais de 80 mil trabalhadores até 2023
Portugal não escapa à vaga de despedimentos que os trabalhadores do setor bancário enfrentarão nos próximos anos. Maiores bancos europeus vão abrir a porta de saída a mais de 80 mil funcionários.
Vem aí uma nova vaga de despedimentos na banca, acelerada pelo impacto da pandemia. Os maiores bancos europeus têm em marcha planos que vão levar à saída de mais de 80 mil trabalhadores nos próximos três anos. Estes números não incluem Portugal, mas o ajustamento também irá acontecer por cá.
Com mais de 46 mil trabalhadores (e após terem cortado mais de 10 mil empregos na última década), os bancos nacionais já deixaram indicações de que vão reduzir o pessoal, embora não se conheçam números. Apenas o Banco Montepio revelou (internamente) que pretende cortar até 900 postos de trabalho até 2023, cerca de 20% do pessoal do banco, e conta, para isso, com o estatuto de empresa em reestruturação aprovado pelo Governo e que facilita as rescisões por mútuo acordo com acesso ao subsídio de desemprego até ao limite de 400 trabalhadores, tal como revelou o ECO esta semana.
O espanhol Santander já anunciou que pretende levar a cabo 4.000 saídas, sendo que o ajustamento irá abranger não só a operação no mercado vizinho, mas vai incluir ainda as operações britânicas e portuguesas. Mas não foram divulgados números sobre o impacto por cá.
Este está longe de ser o maior ajustamento de pessoal na banca europeia, de acordo com os dados compilados pela agência de notação financeira DBRS. O britânico HSBC tem em curso uma redução de pessoal que irá abranger 15% da sua força de trabalho, ou 35 mil trabalhadores, até ao final do próximo ano. E o alemão Deutsche Bank vai cortar 18 mil empregos (20% dos quadros) num processo que termina em 2022.
“Na ausência de consolidação significativa, esperamos que os custos operacionais se mantenha em 2021, na melhor das hipóteses, com os bancos a continuarem à procura de oportunidades para reduzir os custos enquanto prosseguem com os investimentos necessários para responder aos requisitos de regulação e compliance, mas também à concorrência”, dizem os analistas da DBRS Morningstar.
“Ao mesmo tempo, a experiência acumulada durante os confinamentos com a utilização crescente dos canais digitais pelos clientes e com o trabalho remoto pode ser um catalisador para uma maior eficiência”, acrescentam.
De acordo com os planos já revelados por alguns dos maiores bancos do Velho Continente, está em curso a saída de 80.965 trabalhadores. A lista elaborada pela DBRS inclui 14 instituições financeiras que vão desde Espanha até à Dinamarca e Suécia, mostrando que o processo de redução de pessoal é transversal a toda a banca europeia.
Num comentário às perspetivas de evolução do negócio, a agência de rating considera que os bancos vão enfrentar tempos desafiantes ao longo deste ano, perante a pressão nas receitas. “Tendo em conta o ambiente de receitas difícil e de baixa rentabilidade, reduzir os custos operacionais continua a ser uma prioridade clara, e a pressão para melhorar os retornos deverá levar a maior consolidação bancária em alguns países”, sublinham os analistas da DBRS.
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