Porque é que a vacina da AstraZeneca é essencial para Portugal?
A campanha de vacinação está a decorrer a "conta-gotas" dada a quantidade restrita de doses que chegou ao país. A autorização da vacina da AstraZeneca é por isso essencial para acelerar o processo.
Há cerca de três semanas arrancou o plano de vacinação contra a Covid-19 em Portugal, com os profissionais de saúde a serem os primeiros a serem inoculados. E se a campanha de vacinação está a decorrer normalmente, ainda que a “conta-gotas”, o grande desafio passa por gerir a quantidade de vacinas existentes, já que apenas as vacinas da Pfizer/BioNTech e a Moderna receberam luz verde da Agência Europeia do Medicamento (EMA). Nesse sentido, a aprovação da vacina que está a ser desenvolvida pela Universidade de Oxford, em conjunto com a AstraZeneca, poderá ser a “chave” para acelerar o processo.
À semelhança do que sucedeu em vários países da União Europeia, a 27 de dezembro iniciou-se a primeira fase da vacinação contra o vírus SARS-CoV-2, sendo que em Portugal começou por abranger os profissionais dos centros hospitalares universitários do Porto, Coimbra, Lisboa Norte e Lisboa Central, que receberam a vacina desenvolvida pela Pfizer/BioNTech. Desde então e até sexta-feira passada, cerca de 106 mil pessoas já foram vacinadas em Portugal continental, incluindo também utentes e funcionários de lares de idosos.
Até ao final deste mês, Portugal conta receber 400 mil doses de vacina, das quais cerca de 20 mil serão canalizadas para as regiões autónomas. O objetivo da task-force responsável por delinear o plano de vacinação contra o novo coronavírus é claro: “No final de janeiro, vamos ter 275 mil pessoas já com a primeira toma realizada e cerca de 74 mil pessoas com a vacinação completa”, apontou Francisco Ramos, coordenador do plano de vacinação contra a Covid-19, em declarações à TVI-24 (acesso livre).
Assim, destes 275 mil portugueses que deverão receber a primeira toma ainda até ao final deste mês, incluem-se 100 mil profissionais de saúde e 175 mil residentes em lares e internados em cuidados continuados e os respetivos profissionais dessas entidades. Num cenário “otimista”, o Governo tem como meta vacinar o primeiro grupo prioritário — que envolve 950 mil pessoas –, “até ao final de março”. Já “de uma forma mais prudente” a meta é “até ao final de abril”, referiu Francisco Ramos à cadeia de televisão.
Entretanto, esta segunda-feira o primeiro-ministro veio garantir que o plano de vacinação nos lares vai ser acelerado, já que os idosos estão entre os mais vulneráveis e, por isso, mais afetados pela doença. Nesse sentido, o Governo tem agora como objetivo “concluir até ao final da próxima semana a vacinação integral da primeira toma em todos os lares, salvo naqueles onde a essência de surtos nos impede de proceder à vacinação”, disse António Costa, após o Conselho de Ministros extraordinário.
Contudo, um dos grandes desafios que se coloca nesta altura, tal como noutros países europeus, é gerir a quantidade de vacinas disponíveis, dado que o regulador europeu ainda só aprovou duas vacinas distintas. Além disso, a dificultar o cumprimento do calendário previsto está ainda um atraso das vacinas da Pfizer, que advertiu na sexta-feira passada para um atraso nas entregas, com vista a melhorar a sua capacidade de produção. Ainda assim, Francisco Ramos assegura que este percalço não terá grandes efeitos no processo de vacinação a curto-prazo, admitindo apenas que vai provocar apenas uma “gestão um pouco mais apertada das reservas [das vacinas] para a segunda toma”. Também a presidente da Comissão Europeia tinha garantido que estão asseguradas as doses que estão previstas para a UE no primeiro trimestre deste ano.
Com os casos de infeção e mortes por Covid-19 a baterem máximos sucessivos e colocando Portugal como o primeiro país do mundo com o maior número de novas infeções por milhão de habitantes, bem como o segundo a nível mundial no que toca à mortalidade, de acordo com os dados disponibilizados pelo site Our World in Data da Universidade de Oxford na segunda-feira, a urgência da vacinação torna-se cada vez mais necessária. Nesse sentido, o coordenador do plano de vacinação sublinha que a task-force vai “tentar maximizar todas as vacinas que temos para no fundo conseguirmos vacinar o mais depressa possível todas as pessoas”.
Mas a “chave” para acelerar todo o processo, nomeadamente para responder às metas do primeiro grupo de vacinação pode estar na vacina da AstraZeneca/Oxford, já que apenas com as vacinas da Pfizer e da Moderna, Portugal tem “condições para vacinar até ao final de março 750 mil portugueses”, mas consegue abranger quase um milhão de pessoas com esta terceira vacina. “Para de facto podermos ter condições para chegar ao quase um milhão de pessoas que estão consideradas na primeira fase vamos precisar que a vacina da AstraZeneca esteja também em circulação”, admitiu Francisco Ramos.
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) vai reunir-se a 29 de janeiro para decidir se dá ou não “luz verde” à vacina da Oxford/AstraZeneca. Caso seja aprovada a expectativa é a de que comece a ser distribuída em fevereiro. Nesse cenário, entre fevereiro e março teremos “mais 1,4 milhões de doses de vacinas para administrar, o que quer dizer que poderemos tornar este processo mais rápido”, reconheceu o coordenador do plano de vacinação, na última reunião do Infarmed.
Com uma eficácia média de 70%, esta vacina é mais barata e também mais fácil de armazenar do que as concorrentes da Pzifer e Moderna, podendo ser conservada num frigorífico comum, o que torna a logística menos complicada na sua distribuição. De salientar, que a vacina da Moderna pode ser armazenada por seis meses a -20 graus para transporte e armazenamento de longo prazo, enquanto a da Pfizer requer temperaturas muito mais baixas para o armazenamento.
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