Ramalho responde às críticas “imprecisas e desfasadas de realidade” de Costa Pinto sobre as vendas do Novo Banco
António Ramalho escreveu carta à comissão de inquérito ao Novo Banco após “opiniões imprecisas e desfasadas da realidade” de Costa Pinto sobre a venda de ativos problemáticos.
O presidente do Novo Banco enviou uma carta à comissão de inquérito para responder às críticas “imprecisas e desfasadas de realidade” lançadas por João Costa Pinto em relação às vendas de ativos problemáticos que têm dado origem às perdas significativas do banco e aos pedidos junto do Fundo de Resolução.
Nessa carta, a que o ECO teve acesso, António Ramalho justificou as vendas de malparado e imobiliário “em pacotes” com o enquadramento regulatório europeu a que o banco está sujeito, e argumentou que “a boa gestão bancária aconselha, desde há muito, a venda rápida de ativos não produtivos de forma a não onerar o balanço dos bancos”.
Na sua audição, há uma semana, o antigo vice-governador do Banco de Portugal deixou duras críticas às operações de alienação de ativos tóxicos conduzidas pelo Novo Banco nos últimos anos, as quais, de resto, estão na origem das chamadas de capital no valor de 3.000 milhões já pedidos ao Fundo de Resolução ao abrigo do mecanismo de capital contingente criado em 2017, com a venda ao Lone Star.
“Quando se avança para um fire sale, vendas apressadas, tudo muda. As perdas de valor são imediatas. (…) Quando se decide agregar em pacote créditos em que se misturam alhos e bugalhos, coisas boas e más, é receita para o desastre. Quando se recorre a fundos que querem ganhar por ano 15 a 20%, o que implica desvalorizações dos ativos que não podem ser inferiores a 50%… Quando tudo isso acontece não podia haver senão perdas substanciais”, apontou João Costa Pinto há uma semana.
Na missiva endereçada por António Ramalho ao presidente da comissão de inquérito, Fernando Negrão, é citada ainda a reestruturação que o Novo Banco teve de empreender no âmbito dos compromissos assumidos pelo Estado perante a Comissão Europeia no contexto do processo de auxílios de Estado no âmbito da venda do Novo Banco. Ficou definido um processo de reestruturação entre 2017 e 2020, “um quadro temporal muito preciso para a execução da sua reestruturação”, destaca o CEO do banco, explicando por que teve de fazer as operações de forma apressada e dentro deste intervalo de tempo.
Ramalho, que também está na lista de audições, argumentou ainda que o Novo Banco não foi o único banco a realizar vendas de ativos tóxicos em pacote nos últimos anos em “proteção do seu balanço”. “Compilámos a lista das transações realizadas na Península Ibérica nos últimos três anos, que somam 173 operações realizadas por 11 instituições portuguesas e 44 por instituições estrangeiras”, destacou o responsável na carta.
“Tomámos a liberdade de solicitar que esta informação seja transmitida aos ilustres senhores deputados que formam a comissão de inquérito a fim de evitar a valorização de opiniões imprecisas e totalmente desfasadas da realidade”, escreveu o CEO do banco.
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