Défice agrava-se para 1.153 milhões de euros até fevereiro

O saldo orçamental fixou-se nos 1.153 milhões de euros até fevereiro, período marcado pelo segundo confinamento, de acordo com o Ministério das Finanças.

As administrações públicas registaram um défice de 1.153 milhões de euros em contabilidade pública até fevereiro de 2021, período marcado pelas medidas mais restritivas para controlar a pandemia. Este valor compara com um excedente de 1.351 milhões de euros registado até fevereiro de 2020, antes de a pandemia chegar a Portugal. Os números foram divulgados pelo Ministério das Finanças esta quinta-feira em antecipação do boletim da Direção-Geral do Orçamento (DGO) que é publicado ao final da tarde.

O saldo orçamental deteriorou-se 2.504 milhões de euros em termos homólogos, o que é explicado pelo impacto da pandemia nas contas públicas. O choque do segundo confinamento que arrancou em janeiro já está a refletir-se na despesa pública, mas na receita só deverá ter mais impacto nos próximos meses uma vez que a entrega de vários impostos ao fisco tem um desfasamento. Tanto que em janeiro o saldo ainda era excedentário, como revelaram os dados da DGO há um mês.

A degradação do défice traduz a significativa contração da receita (-11,8%) e o forte crescimento da despesa primária (+6,9%), reflexo dos impactos negativos na economia (como evidencia a redução da receita fiscal e contributiva) e das medidas extraordinárias de apoio a famílias e empresas”, explica o Ministério das Finanças em comunicado, confirmando o “impacto das medidas de confinamento para travar a propagação da pandemia”.

Em contabilidade nacional, o Orçamento do Estado para 2021 (OE 2021) estimava um défice de 4,3%, inferior aos cerca de 6,3% que o Governo espera que se tenha registado em 2020 (o valor final será divulgado esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística). Contudo, o ministro das Finanças, João Leão, já admitiu que a previsão de 2021 terá de ser revista em alta por causa do novo e inesperado confinamento. A nova previsão deverá ser divulgada no Programa de Estabilidade a apresentar até dia 15 de abril.

Receita do IVA quebra 12,7%, mas TSU resiste

A receita pública caiu 11,8% principalmente por causa da quebra significativa da receita fiscal devido ao abrandamento da atividade económica. A receita com impostos desceu 17,4% até fevereiro, “com a generalidade dos impostos a evidenciar quebras, destacando-se a redução de 12,7% do IVA em termos comparáveis (ajustada do efeito dos planos prestacionais e da prorrogação de pagamento até 31 de março)”.

Por outro lado, as contribuições para a Segurança Social (TSU) contraíram apenas 2,2% até fevereiro, face ao mesmo período do ano passado, o que deverá ser explicado pela resiliência do mercado de trabalho dada a eficácia de medidas como o lay-off simplificado e o apoio à retoma progressiva, assim como o esforço feito pelas empresas que estão em dificuldades.

Segurança Social e SNS pressionam despesa pública

A despesa primária (exclui os juros da dívida) cresceu 6,9% até fevereiro por causa dos gastos com o Serviço Nacional de Saúde (SNS), que esteve sob forte pressão nestes dois meses, e com os apoios da Segurança Social. A despesa da SS — onde se insere mais de mil milhões gastos com apoios — cresceu 13,5%, o que representa mais 578 milhões de euros face ao mesmo período do ano passado. A despesa com subsídios de desemprego cresceu 37,8%.

No caso da despesa do SNS, como o Ministério das Finanças já tinha antecipado esta quarta-feira, esta cresceu a um “ritmo recorde de 10,5%”, com destaque para a subida de 10,1% das despesas com pessoal. “Este aumento resultou em grande parte do reforço expressivo do número de profissionais de saúde em 8% (+10.786 trabalhadores face a fevereiro de 2020), tendo atingido um máximo histórico a nível global e nas principais carreiras”, assinalam as Finanças.

O comunicado revela ainda que houve um crescimento 64,6% da despesa com investimento no SNS e que os pagamentos em atraso na saúde desceram 131 milhões de euros, em termos homólogos.

Quanto à despesa com pessoal de toda a Administração Pública, estes gastos subiram 4,4%, “refletindo as contratações de pessoal e os encargos com valorizações remuneratórias, destacando-se o aumento de 5,8% da despesa com salários dos professores”.

(Notícia atualizada às 14h30 com mais informação)

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