Moody’s: Sul da Europa está mais exposto a desemprego que pode atrasar recuperação
A Moody’s alertou ainda que, nos países mais afetados do sul da Europa, uma recuperação económica fraca e prolongada após a pandemia “pode implicar uma perda da produção a longo prazo”.
Os países do sul da Europa, como Portugal, Espanha e Itália, são os mais expostos ao aumento do desemprego criado pela pandemia de covid-19, o que pode atrasar a recuperação da economia, considerou quinta-feira a agência de ‘rating’ Moody’s.
Segundo um relatório da Moody’s, “a perturbação generalizada causada pela pandemia do coronavírus [Sars-Cov-2] nos mercados europeus de trabalho foi particularmente severa para mulheres, jovens e trabalhadores com menos escolaridade, situação que pode atrasar a recuperação em países como Itália, Espanha e Portugal”.
“O efeito sobre os jovens, mulheres e empregados menos qualificados foi particularmente grande”, sublinhou a analista da Moody’s Investors Service e coautora do relatório, Ruosha Li. A analista referiu ainda que “em alguns setores, a crise de empregos relacionada com a covid-19 foi muito pior do que a crise financeira global de 2007-08”.
Isto deve-se, em grande parte, à interrupção completa da atividade imposta “em setores como a hotelaria e o turismo, que empregam um grande número de trabalhadores desses grupos demográficos”, explicou. A Moody’s alertou ainda que, nos países mais afetados do sul da Europa, uma recuperação económica fraca e prolongada após a pandemia “pode implicar uma perda da produção a longo prazo”.
“Se não for apoiada por políticas relevantes para a educação e o mercado de trabalho, uma recuperação prolongada pode levar a um aumento do número de famílias de baixos rendimentos com capacidade de acumular capital físico e humano, especialmente por meio de realização educacional”.
Isto pode enfraquecer a produtividade do trabalho em toda a economia por um período muito longo”, avisa a agência no relatório. A análise também refere que a pandemia provocou um aumento do desemprego entre as mulheres.
“Obrigações de assistência domiciliar e os desafios de procurar trabalho durante uma pandemia são as principais razões para o declínio nas taxas de participação no trabalho”, considera a Moody’s, apontando Itália, Espanha e Chipre como os países que registaram maiores quedas nas taxas de emprego e participação feminina no ano passado. “Em contraste, as mulheres na Dinamarca e da Suécia têm menos probabilidade de deixar o mercado de trabalho por causa de responsabilidades com a família”, diz a análise.
Apesar de as taxas de desemprego tanto das mulheres como dos homens deverem disparar “assim que os governos começarem a retirar os esquemas de apoio”, a Moody’s espera que os números relativos às mulheres sofram maior “deterioração já estas têm um domínio relativo em setores afetados por uma recuperação lenta, como o turismo ou o retalho”.
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