Venda rápida ou execução da dívida de Vieira seria “desfavorável” para o Novo Banco
Nuno Gaioso Ribeiro, presidente da C2 Capital Partners e antigo vice-presidente do Benfica, afastou conflitos de interesse na operação de reestruturação da dívida de Luís Filipe Vieira no Novo Banco.
Nuno Gaioso Ribeiro, presidente do conselho de administração da C2 Capital Partners (antiga Capital Criativo), sociedade que gere o fundo para onde foi transferida parte da dívida da Promovalor, defendeu no Parlamento que a venda rápida ou a execução judicial da dívida de Luís Filipe Vieira seria “desfavorável” para o Novo Banco. E sublinhou que a reestruturação dos créditos foi a melhor solução para o banco, pois está hoje em dia “numa posição patrimonial, económica e jurídica mais sólida do que tinha antes”.
Falando na comissão de inquérito às perdas do Novo Banco imputadas ao Fundo de Resolução, Nuno Gaioso Ribeiro considerou esta terça-feira que a reestruturação da dívida da Promovalor, com a cedência de créditos e ativos para um fundo FIAE em 2017, foi a solução “mais ajustada para maximização de valor” para o banco liderado por António Ramalho.
Segundo disse, essa operação de reestruturação trouxe um “reforço material das garantias do Novo Banco”, sendo que se assegurou a posição do banco perante outros credores. Além disso, garantiu, “não houve perdão de dívida nem de juros”.
“Não disse que vamos recuperar o dinheiro todo o Novo Banco. Mas esta solução, face às que o Novo Banco dispunha, dá uma melhor proteção ao Novo Banco“, referiu.
O gestor lamentou que não se conheçam os resultados da auditoria específica que o Fundo de Resolução pediu ao Novo Banco sobre esta operação de reestruturação de dívida. “Estou em crer que as conclusões evidenciarão uma ação correta”, disse o gestor.
Conflitos de interesse? “É conversa de café”
Gaioso de Ribeiro, que foi vice-presidente de Vieira no Benfica, também afastou qualquer conflito de interesses com esta operação, um assunto que classificou ser “conversa de café”. Afirmou-se “adepto incondicional” do clube e que o facto de ter sido vice-presidente durante oito anos em “nada compromete” a sua idoneidade profissional. Além de ter sido membro da administração do Benfica, o filho de Vieira, Tiago Vieira, foi administrador na sociedade gestora do fundo.
“Eu não represento dois interesses. Não tenho nenhum poder decisório”, disse o gestor, tendo adiantado que e a decisão principal para a constituição do fundo pertenceu ao Novo Banco, embora também tenha afirmado que foi a Capital Criativo que “identificou a oportunidade de investimento”.
Mais tarde, rejeitou que tenha sido “um negócio de favor” ter ficado a gerir os ativos da Promovalor que são do Novo Banco.
No âmbito da operação de reestruturação, foram integrados no fundo vários ativos imobiliários localizados em Portugal (terrenos para construção de fogos em Loures, Alverca e Tavira), Espanha, Brasil (um hotel de cinco estrelas em Recife, que era operado pela Sheraton até à pandemia) e Moçambique (um edifício de escritórios em Maputo, o Edifício Platinum). O banco detém 96% das unidades de participação do fundo Promoção e Turismo.
Gaioso Ribeiro revelou que para os ativos em Portugal será necessário tempo e dinheiro para que o Novo Banco possa recuperar as dívidas. Quanto ao hotel no Brasil, adiantou que se abriu um concurso (havendo sete interessados) para que um novo grupo possa explorar aquela unidade hoteleira, que desde o início tem apresentado resultados deficitários.
“São ativos com valor patrimonial, mas precisam de investimento e tempo”, resumiu.
De acordo com Gaioso Ribeiro, com a constituição do fundo, em novembro de 2017, foram adquiridos ao Novo Banco 133,9 milhões de euros de créditos e foram, ainda, reestruturados pelo Novo Banco (isto é, mantiveram-se no balanço do banco) financiamentos existentes de 85,8 milhões de euros, perfazendo a operação o montante total de 219,7 milhões de euros. “Esta é a dimensão financeira, rigorosa, verdadeira e factual, da operação de reestruturação em causa. E o Novo Banco ficou, exatamente, com 95,89% do capital total subscrito do Fundo que é de 146,1 milhões de euros”, disse na intervenção inicial.
(Notícia atualizada às 13h30)
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