O meu pai deu-me 25 mil euros em dinheiro. Sou obrigado a declarar às Finanças?

Para os contribuintes que ainda não entregaram o IRS e que querem saber como aumentar o seu reembolso, o ECO escolheu 20 dicas do Guia Fiscal da Deco para o ajudar. Será partilhada uma dica por dia.

A campanha do IRS ainda agora começou, mas existem já muitas dúvidas na mente dos contribuintes. Para todos aqueles que veem o preenchimento do IRS como um “bicho-de-sete-cabeças” e que querem saber como podem “engordar” o seu reembolso, o Guia Fiscal 2021, da Deco Proteste, oferece respostas para muitas destas questões.

Os portugueses têm até ao final de junho para entregarem as declarações de IRS relativas a 2020. Num ano em que mais 250 mil contribuintes passaram a estar abrangidos pelo IRS Automático, para um total de 3,6 milhões de pessoas, o Fisco tem agora até 31 de julho para devolver às famílias os valores que lhes são devidos a propósito do IRS.

Assim, o ECO selecionou 20 das dicas disponibilizadas pela Deco para o ajudar a esclarecer todas as suas dúvidas. Cada uma será partilhada num dia diferente deste mês de abril.

O meu pai deu-me 25 mil euros em dinheiro. Sou obrigado a declarar esta doação às Finanças?

Não. As doações em dinheiro a favor de beneficiários isentos, como os filhos, não têm de ser declaradas, mesmo que os valores estejam depositados em contas bancárias. Já se tivesse recebido esse montante, por exemplo, de um tio, teria de o declarar às Finanças no anexo I, tipo 3 do modelo 1 do imposto de selo e teria ainda de pagar 2.500 euros. O pagamento deste valor pode ser feito a prestações, mas o pagamento a pronto permite poupar 11,25 euros, pois beneficia de um desconto de 0,5% sobre o valor de cada prestação, excluindo a primeira.

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Grécia vai ter défice maior que em 2020 e PIB a crescer mais de 4% até 2024

No seu Programa de Estabilidade, o Governo grego prevê um défice maior em 2021 do que em 2020 e antecipa um crescimento económico anual sempre acima de 4% até 2024.

O Programa de Estabilidade 2021-2025 da Grécia foi entregue esta sexta-feira, a data limite para os Estados-membros entregarem o documento, à Comissão Europeia e mostra um défice orçamental maior este ano do que em 2020, mas perspetivas económicas mais pujantes do que as de Portugal. O Governo grego prevê que a economia cresça sempre acima de 4% em 2022, 2023 e 2024, mais do que o previsto para a economia portuguesa. Em cinco anos, a Grécia espera reduzir em quase 40 pontos percentuais o rácio da sua dívida pública.

Em 2020, a Grécia registou o terceiro maior défice orçamental (-9,7% do PIB) da União Europeia e protagonizou também a terceira maior queda do PIB (-8,3%), tendo a dívida pública disparado para lá dos 200% do PIB, ou seja, duas vezes a produção líquida nacional de um ano. Apesar de liderar um dos países mais afetados pela crise pandémica, até pela grande dependência do turismo, o Governo grego está confiante de que conseguirá inverter rapidamente essa trajetória.

Fonte: Programa de Estabilidade 2021-2025 da Grécia.

As previsões subjacentes ao Programa de Estabilidade mostram a ambição do Governo de centro-direita liderado por Kyriakos Mitsotakis: o Executivo pretende registar um défice ainda maior em 2021 de 9,9% do PIB mesmo com a economia a crescer 3,6%.

Nos anos seguintes, a ideia passa por consolidar rapidamente ao mesmo tempo que a economia grega cresce bastante acima do que é “normal”, com o contributo da expansão das exportações de serviços (turismo) e do investimento, ambos a crescer a dois dígitos. Em 2022, o défice deverá baixar para os 2,9% — cumprindo já o limite europeu de 3% do PIB, apesar de ser expectável que as regras orçamentais continuem suspensas — e o PIB deverá crescer 6,2%.

Em 2023, o défice já só será de 0,4% e a economia crescerá 4,1%. Um ano depois, haverá um excedente orçamental de 0,6% e um crescimento de 4,4%. Estas previsões contam com o contributo decisivo do Plano de Recuperação e Resiliência, que no caso da Grécia é de 30,5 mil milhões de euros (17,8 mil milhões de subvenções e 12,7 mil milhões de empréstimos), quase o dobro do PRR português (13,9 mil milhões de subvenções e 2,7 mil milhões de empréstimos).

Ainda que cresça mais, o mercado de trabalho grego ficará longe do desempenho do de Portugal. A taxa de desemprego de 15,2% em 2020 irá baixar apenas ligeiramente em 2021 e 2022, melhorando mais nos anos seguintes mas fechando 2024 ainda nos 10,5%. Já a expectativa do Governo português é que a taxa de desemprego, que subiu ligeiramente durante a pandemia, baixe para os 6% em 2024, quase metade da da Grécia.

Esta consolidação orçamental e o crescimento da economia permitem uma redução de quase 40 pontos percentuais da dívida pública de um recorde de 205,6% do PIB em 2020 para os 166,1% do PIB em 2024. Ainda assim, a Grécia continuará a ter a maior dívida pública da União Europeia, mas ficará mais perto de Itália (152,7% do PIB em 2024).

No caso de Portugal, a previsão do Governo passa por um crescimento de 4% este ano acompanhado de um défice de 4,3%. Segue-se um crescimento de 4,9% em 2022 com um défice de 3,2%, desacelerando a expansão económica em 2023 e 2024 para 2,8% e 2,4%, respetivamente, enquanto o défice continua (-2,2% e -1,3%, respetivamente). A dívida pública deverá baixar do recorde de 133,6% em 2020 para os 117,1% do PIB em 2024.

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PSI-20 fecha sexta-feira a cair, mas acumula subida de 1% na semana. Ganha quase 2,5% em abril

O principal índice nacional registou uma queda superior a 0,5% na sessão desta sexta-feira. Ainda assim, o PSI-20 conseguiu acumular uma subida semanal de 1%.

O PSI-20 encerrou a semana a cair 0,64% para os 5.050,69 pontos na sessão desta sexta-feira que fica marcada por uma queda generalizada das praças europeias. Porém, no acumular da semana o principal índice português consegue arrecadar um ganho de 1%.

No conjunto do mês de abril, a praça lisboeta valorizou quase 2,5%, o que soma ao ganho de 4,8% registado em março. Desde o início do ano, a valorização acumulada é de 3,11%.

Na sessão desta sexta-feira, os principais índices europeus também desvalorizaram com o espanhol IBEX a perder 0,2% e o francês CAC a ceder 0,5%.

Já o alemão DAX ficou praticamente inalterado, registando um ganho de 1% no mês de abril. No Reino Unido, o FTSE valorizou 0,2%, acumulando uma subida de 3,9% em abril.

Em Lisboa, a última sessão da semana e do mês ficou marcada por uma queda generalizada das cotadas do PSI-20 com apenas cinco empresas a registar ganhos.

A maior queda foi protagonizada pela Altri com uma desvalorização de 3,2% para os 6,5 euros, seguindo-se a EDP Renováveis a perder 2,27% para os 19,82 euros e a Navigator a ceder 1,89% para os 2,8 euros. A Mota-Engil e os CTT também registaram perdas acima de 1%.

A contrariar esta tendência negativa no PSI-20 esteve a Ramada Investimentos: as ações da cotada subiram 6,96% para os 7,38 euros, acumulando 11 sessões consecutivas de ganhos e atingindo máximos de 2019. De notar ainda a subida do BCP de 1,88% para os 12,45 cêntimos.

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Operação Marquês: Decisão de juiz é puzzle que não encaixa, diz Carlos Santos Silva

  • Lusa
  • 30 Abril 2021

O empresário Carlos Santos Silva considera que o despacho do juiz Ivo Rosa que ordena o seu julgamento na Operação Marquês “representa um puzzle em que as peças nem sequer encaixam umas nas outras”.

O empresário Carlos Santos Silva considera que o despacho do juiz Ivo Rosa que ordena o seu julgamento na Operação Marquês “representa um puzzle em que as peças nem sequer encaixam umas nas outras”, pedindo a nulidade da decisão.

“A pronúncia de Carlos Santos Silva, através do aproveitamento de partes ou mesmo frações dos factos da acusação a que se adicionaram outros tantos, com alguma tentativa de unir através de ilações ou conclusões jurídicas, representa um puzzle em que as peças nem sequer encaixam umas nas outras”, lê-se no requerimento de pedido de nulidade da advogada Paula Lourenço, que está nos autos da Operação Marquês, consultados hoje pela Lusa.

Carlos Santos Silva, que estava acusado de corrupção passiva, está pronunciado por três de branqueamento e outros três de falsificação de documento, tendo o juiz considerado que o empresário foi o corruptor ativo do antigo primeiro-ministro José Sócrates, crime que, em seu entender, prescreveu.

No requerimento de 21 páginas, a advogada invoca a “invalidade da pronúncia, quer por nulidade dependente de arguição quer por nulidade insanável”, solicitando que o juiz a considere nula.

Segundo Paula Lourenço, a pronúncia [ida de Carlos Santos Silva a julgamento] é nula porque o crime de branqueamento exige um de corrupção precedente que foi considerado prescrito.

Para a acusação, lê-se na contestação da defesa, o empresário e amigo de longa data de Sócrates, era o “fiel depositário das vantagens cuja propriedade era José Sócrates, seria por isso corruptor passivo de José Sócrates, sendo este último corrompido pelo Grupo Lena, Vale de Lobo e pela esfera de interesses de Ricardo salgado”.

“Eis senão quando, na pronúncia, Carlos Santos Silva surge como… o único, pasme-se! corruptor ativo, sem ato concreto, de José Sócrates”, contrapõe a defesa, considerando que “houve adição de factos que constituem alteração substancial”, que classifica como “histórias alternativas entre si e como tal incompatíveis”.

O juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal, por razões de economia processual, irá apreciar as questões suscitadas pelo empresário na mesma decisão em que analisará os argumentos do Ministério Público e de José Sócrates, que também pediram a nulidade do despacho.

Entretanto, o magistrado recusou os pedidos de alargamento de prazo para a arguição de nulidades apresentados pelas defesas de Carlos Santos Silva e de José Sócrates.

Nos autos do processo consta ainda a decisão, datada do dia da leitura do despacho instrutório (09 de abril), que ordena o levantamento imediato do arresto de bens – contas bancárias e imóveis – de Carlos Santos Silva, no total de mais de 11 milhões de euros, mais o apartamento da rua Braancamp, em Lisboa, e a casa de Paris, entre outras.

José Sócrates, inicialmente acusado de 31 ilícitos, vai a julgamento por três crimes de branqueamento de capitais e três de falsificação de documentos.

Dos 28 arguidos do processo, foram pronunciados cinco, tendo sido ilibados, entre outros, Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, o empresário Helder Bataglia e o ex-administrador do Grupo Lena Joaquim Barroca.

Dos 189 crimes constantes na acusação, só 17 vão a julgamento, mas o Ministério Público já anunciou que vai apresentar recurso para o Tribunal da Relação de Lisboa.

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Portugal 2020 fecha primeiro trimestre com execução de 60%

Foram apresentadas mais de 573 mil candidaturas que representam intenções de investimento de 96,39 mil milhões, dos quais 58% são destinados ao domínio da competitividade e internacionalização.

No final do primeiro trimestre deste ano estavam aprovados 28,5 mil milhões de euros de fundos do Portugal 2020 para apoiar um total de investimentos de 58,6 mil milhões de euros, revela o boletim trimestral do atual quadro comunitário, em claro overbooking. A taxa de execução está em 60%, o que significa uma subida de três pontos percetuais face ao trimestre anterior. Isto significa que o país tem de executar ainda 10,35 mil milhões de euros até 2023.

Ainda há cinco programas operacionais que continuam a ter uma taxa de execução abaixo de 50%: Lisboa 2020 (47%), Algarve 2020 (45%), Norte 2020 (45%), Centro 2020 (44%) e Alentejo 2020 (43%). E por isso o Executivo tem sublinhado a necessidade de acelerar a execução. O ministro do Planeamento tinha anunciado uma reunião em fevereiro com os outros ministros com pastas que lidam com fundos para tratar deste problema. Em entrevista ao ECO, o antigo secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Manuel Castro Almeida, admitia que, “pela primeira” considerava que “há sério risco de não se executar o quadro comunitário”, o que implica a devolução de verbas a Bruxelas.

A taxa de financiamento média dos projetos é de 54%, uma redução significativa face aos 65,4% de há um ano. Um facto que pode ser explicado por o domínio da competitividade e internacionalização ser “o mais representativo” em termos de apoios aprovados, nomeadamente a PME (22% do total dos fundos aprovados a este nível). Tradicionalmente o nível de comparticipação dos investimentos das empresas é inferior ao de projetos, por exemplo ao nível do ambiente. O decréscimo é ainda mais relevante tendo em conta que, para acelerar a execução dos fundos, até 30 de abril as despesas apresentadas em projetos de regeneração urbana, infraestruturas de saúde, educação e apoio à atividade empresarial, bem como equipamentos sociais dos programas operacionais regionais eram financiados a 100%.

Por outro lado, a taxa de compromisso do Portugal 2020 é já de 110%, mais 6,2 p.p. face a dezembro de 2020. Ou seja, é dinheiro que já está “alocado” a um determinado projeto. Este tipo de desempenho justifica-se no final dos quadros comunitários para evitar que seja necessário devolver verbas a Bruxelas. Por um lado, acautela eventuais projetos que venham a cair ou sejam revistos em baixa. E para garantir que não se perdem bons projetos entre estes que estão em overbooking há a possibilidade de virem a transitar para o próximo quadro comunitário.

Até ao final do primeiro trimestre foram apresentadas mais de 573 mil candidaturas que representam intenções de investimento de 96,39 mil milhões de euros, dos quais 58% são destinados ao domínio da competitividade e internacionalização. Em causa estão mais de 19,6 mil empresas que foram apoiadas através do sistema de incentivos: “mais de 6,6 mil empresas apoiadas em ações de internacionalização ou 58 mil trabalhadores apoiados em ações de formação em contexto empresarial”, especifica o boletim publicado esta sexta-feira.

O salto verificado ao nível das operações aprovadas — 28,47 mil milhões de euros, um aumento de seis pontos percentuais — é explicado pela utilização dos fundos comunitários para ajudar a mitigar os efeitos da pandemia. Ao nível das empresas o destaque vai para o Apoiar. No final de março, as aprovações ascendiam a mais de 62,5 mil operações, a que corresponde 880 milhões de euros de fundos aprovados e 693 milhões em pagamentos efetuados aos beneficiários. E ao nível da inclusão social e emprego, mais de 91,9 mil pessoas beneficiaram de apoios à contratação, mais de 1,9 milhões de participações em ações de formação, mais de 135 mil estágios profissionais, evitando assim agravar ainda mais os números do desemprego.

Outro dos indicadores, revelados no boletim, é o valor dos pagamentos efetuados aos beneficiários das operações financiadas que ascende a 17,1 mil milhões de euros, o equivalente a 66% dos fundos programados e a 60% do total de fundos aprovados.

Já a Comissão Europeia transferiu para Portugal 14.766 milhões de euros até março, no âmbito do Portugal 2020, mais de metade do programado (56,7%), ficando o país no quinto lugar entre os Estados-membros que mais recebem. No entanto, se a comparação for feita entre os Estados membros com envelopes financeiros acima de sete mil milhões de euros, Portugal sobe para terceiro lugar.

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TAP é “elefante na sala” que dificulta atividades dos operadores turísticos, alerta APAVT

  • Lusa
  • 30 Abril 2021

O presidente da Associação Portuguesa dos Agências de Viagens e Turismo disse que a TAP é "o maior problema" e um "elefante na sala" na atividade dos operadores turísticos nacionais.

O presidente da Associação Portuguesa dos Agências de Viagens e Turismo (APAVT), Pedro Costa Ferreira, disse esta sexta-feira que a TAP é “o maior problema” e um “elefante na sala” na atividade dos operadores turísticos nacionais.

“O maior problema que foi identificado nas reuniões que tivemos na Madeira é um problema com três letras apenas, mas que hoje é um elefante na sala e chama-se TAP”, disse o presidente da APAVT na conferência de imprensa após uma reunião com o secretário regional do Turismo e Cultura, Eduardo Jesus, e os oito principais operadores turísticos nacionais que trabalham com a Região Autónoma da Madeira.

Para Pedro Costa Ferreira, “a política da TAP tem-se mantido numa inflexibilidade tarifária brutal, ao contrário da sua concorrência, o que provoca o afastamento dos grupos, do corporate ([empresas) e dos charters“, indicando ainda haver “falta de diálogo comercial” e “um esvaziamento da estrutura de vendas”.

O dirigente da APAVT admitiu, assim, que os principais operadores turísticos nacionais venham a associar-se numa futura operação charter.

“Seria uma opção para contrariar a falta de diálogo com a TAP e os preços absurdos que estão a ser praticados, era uma tentativa dos operadores turístico que sabem que têm procura, quer para o Porto Santo, quer para a Madeira”, disse, dando o exemplo da ligação de seis voos com o Porto Santo por via da Iberia.

“Estão a pensar fabricar eles próprios uma resposta, resposta que já foi fabricada há trinta anos”, recordou, acrescentando que a TAP “não respondeu a nenhum pedido de cotação charter este ano”.

“Vemos, com pena, que a companhia de bandeira não está associada a esta grande operação nacional para território nacional, neste caso, insular, aqui, no Atlântico”, lamentou o secretário regional do Turismo e Cultura, Eduardo Jesus.

O governante madeirense disse que a região perspetiva “um bom verão, dadas as circunstâncias, a partir do mercado nacional”, opinião secundada também por Pedro Costa Ferreira.

“Tencionamos conseguir um novo recorde porque a Madeira tem feito uma gestão interna da pandemia que traz muita segurança ao consumidor”, referiu.

Eduardo Jesus enumerou as várias medidas do Governo Regional de contenção da pandemia: que até final de maio 25 mil profissionais do turismo vão ser vacinados; o corredor verde nos aeroportos e portos; anunciou que a JET2 fixou nove voos para a Madeira logo que o Reino Unido levante as restrições nas viagens e que a ilha do Porto Santo “é uma ilha free-covid”.

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Depois do PSD, BE questiona Governo porque não reavaliou barragens da EDP no Douro

O Bloco remeteu para o Ministério do Ambiente e da Ação Climática um novo esclarecimento sobre porque não foi feita a reavaliação das concessões das barragens, como prometido pelo ministro.

Depois de na semana o PSD ter voltado a questionar o Governo sobre o processo de aprovação e transmissão de barragens da EDP no Douro à francesa Engie, perguntando porque não foi feita a “avaliação económica aprofundada” defendida pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), agora é o Bloco de Esquerda que volta à carga com este tema.

O Grupo Parlamentar do BE remeteu para o Ministério do Ambiente e da Ação Climática um novo requerimento no qual pede ao Governo vários documentos que expliquem porque não foi feita a reavaliação do equilíbrio económico e financeiro das concessões das barragens, tal como prometeu o ministro Matos Fernandes, em entrevista ao jornal Público em janeiro de 2020.

Entre eles:

– Documento através do qual o Ministério do Ambiente solicita a intervenção do Ministério das Finanças;
– Documento pelo qual a diretora de recursos hídricos da APA expressou (segundo garantiu Nuno Lacasta, presidente da APA, no Parlamento) a sua concordância com a decisão final de autorizar a venda;
– Eventuais pronunciamentos ou pareceres sobre a venda das barragens remetidos ao Governo pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos;
– Versões integrais dos documentos enviados ao Parlamento com longas partes rasuradas (envio a que o ministro do Ambiente se comprometeu em audição parlamentar realizada a 23 de março).

Face às primeiras notícias sobre a futura venda [o ministro] declarou que iria considerar o valor atribuído aos ativos [em 2007] e os que agora vão ser pagos pelo novo utilizador, devendo-se reavaliar o equilíbrio económico e financeiro da concessão. O governo comprometia-se assim a não só reavaliar o valor atribuído às concessões em 2007 pelo ministro Manuel Pinho, mas também a cobrar o que a reavaliação indicasse como justo, para isso adequando a Taxa de Recursos Hídricos”, refere o BE no seu requerimento.

No entanto, num esclarecimento entretanto divulgado, o MAAC veio já dizer que considera que não há lugar a uma reavaliação do valor da Taxa de Recursos Hídricos (TRH) depois da venda das barragens da EDP à Engie: “Sendo a adquirente herdeira de títulos de concessão que não a modificam (o que era impossível de saber antes do pedido ter dado entrada na APA), não há lugar ao seu equilíbrio económico e financeiro; por outro lado, a TRH é paga, de acordo com a lei, em função do volume de água bombeado e, dessa forma, é completamente independente do valor dos ativos”. Ou seja, como não foi pedida a alteração dos termos da concessão, como no caso de um alargamento do prazo, não há lugar a esta reavaliação.

Além da questão do imposto de selo no valor de 110 milhões, que BE e PSD insistem que a EDP ainda tem de pagar e que a Autoridade Tributária está neste momento a inspecionar, os dois partidos focam-se agora noutra dimensão do negócio e da atuação do Governo, que diz respeito à reavaliação das concessões entre 2007 e 2020.

De acordo com um parecer da APA, datado de julho de 2020, e assinado pela diretora de recursos hídricos, Felisbina Quadrado, os cálculos contidos no documento “mostravam que a EDP mais do que triplicava o valor da transmissão das concessões” comparativamente ao que pagou ao Estado no âmbito da renegociação das concessões em 2007. Tal como o ECO/Capital Verde já tinha noticiado, esta avaliação da APA apurou que o valor das barragens aumentou até 33 vezes entre 2007 e 2020, dando um salto de um valor contabilístico de 78,1 milhões para um valor atual de 1,7 mil milhões.

Nessa altura, sublinha o BE, e pronunciando-se internamente sobre a autorização da venda, a responsável da APA sublinhou a necessidade daquela reavaliação, recordando que a avaliação feita em 2007 está: sob investigação judicial; não inclui todo o período das três concessões do Douro Internacional (não foi considerado na avaliação de 2007 o posterior prolongamento adicional da concessão); e não incluiu três centrais do Plano Nacional de Barragens agora vendidas.

“Conclusão do parecer interno da diretora de recursos hídricos da APA: sem reavaliação das concessões, não estão reunidas as condições para autorizar a transmissão”, diz o partido no seu requerimento. Nuno Lacasta, presidente da APA, já garantiu no Parlamento que Felisbina Quadrado acabou por dar luz verde à venda, mas o BE pede agora para ver o documento onde essa mesma “concordância” está expressa.

Tal como o PSD, também o BE questiona o Governo sobre porque é que só no final de setembro (a poucas semanas de autorizar a venda) o MAAc tomou “a única iniciativa do Ministério do Ambiente sobre a avaliação das concessões, matéria da sua tutela”, e pediu ao Ministério das Finanças para apreciar a dimensão financeira do processo de transmissão. O pedido de pronúncia foi recusado, alegando falta de informação suficiente, tempo para avaliar e de competência sobre o tema.

“Em audição regimental no dia 27 de abril, o ministro das Finanças referiu repetidamente a falta de tempo. Porém, não existem prazos impositivos para a decisão do Estado acerca desta autorização. Em contrapartida, é sabido que a EDP e a Engie insistiram junto do governo para que acelerasse a sua decisão”, diz o BE no requerimento agora entregue ao MAAC.

Por seu lado, o PSD também já questionou o Governo sobre porque é que não se fez a “avaliação económica aprofundada”, defendida pela APA, e não se promoveu a reavaliação do equilíbrio económico e financeiro dos contratos de concessão, antes de autorizar o negócio da venda das barragens. “Porque é que o Ministério do Ambiente demorou três meses para pedir ao Ministério das Finanças que apreciasse a dimensão financeira do processo de transmissão?”, questionam.

Os sociais-democratas querem ainda saber porque é que o Governo autorizou o negócio, “sabendo que o Ministério das Finanças e a Parpública não avaliaram da salvaguarda dos interesses financeiros e patrimoniais do Estado por falta de tempo e não aguardou o tempo necessário até que se efetivasse essa avaliação”.

“Porque é que o Governo autorizou a realização do negócio sabendo que a EDP estava em incumprimento das suas obrigações de concessionária e não exigiu o seu prévio cumprimento como condição para a autorização?”, questionam.

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Groundforce sem condições para pagar subsídios de férias

Trabalhadores rejeitaram que Casimiro usasse dinheiro do fundo de pensões para os subsídios de férias. Apesar de estes estarem em risco, empresário garante que o mesmo não acontece com os salários.

Os trabalhadores da Groundforce poderão estar prestes a ficar novamente com remunerações em atraso. O conselho de administração da empresa de handling pretendia levantar três milhões de euros do fundo de pensões para pagar os subsídios de férias, mas a opção foi rejeitada pelos sindicatos e o presidente Alfredo Casimiro diz que, assim sendo, não há condições para pagar.

Perante a recusa pública de vários sindicatos em autorizar a utilização do excedente do fundo de pensões, no valor de 3 milhões de euros, para pagar o subsídio de férias aos trabalhadores da Groundforce, o presidente do conselho de administração da empresa, Alfredo Casimiro, informa que não haverá condições para o pagamento atempado do referido subsídio, não se prevendo quando o mesmo possa ser regularizado“.

O Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes de Portugal (STTAMP) disse na quinta-feira que a administração tinha informado as estruturas sindicais de que pretendia usar o fundo de pensões para pagar salários. Casimiro esclareceu, mais tarde, que o objetivo era usar um “excedente” para pagar os subsídios de férias em final de junho, mas para isso precisava de autorização da Comissão de Trabalhadores e dos sindicatos.

Essa autorização não foi dada e o presidente (que é também o principal acionista) culpa os trabalhadores pelo potencial atraso. “Assim, os representantes sindicais que corroborem tal decisão serão os responsáveis perante os seus membros e perante todos os trabalhadores da Groundforce pelo atraso ou não pagamento do subsídio de férias”, diz o mesmo comunicado enviado esta sexta-feira.

Apesar de os subsídios de férias estarem em risco, o mesmo não acontece em relação aos salários, garante o empresário. As remunerações de abril já chegaram às contas dos 2.400 trabalhadores e a empresa tem liquidez para os próximos dois meses. “Além dos salários de maio, Alfredo Casimiro afirma que o pagamento dos salários de junho está garantido, desde que se confirme o número de voos previstos pela TAP, pelo Eurocontrol e pela IATA”, acrescenta.

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Isaltino Morais é candidato independente à Câmara de Oeiras

Isaltino Morais é recandidato à câmara de Oeiras nas próximas eleições autárquicas e fez questão de destacar que "não é uma candidatura de nenhum partido".

O atual presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, confirmou esta sexta-feira que vai recandidatar-se a presidente da autarquia como candidato independente, nas eleições de 2021.

“Estamos perante a necessidade de uma verdadeira política social democrata onde o homem e a sua dignidade são o princípio e o fim de uma gestão autárquica justa, solidária e com o foco sempre nas pessoas, criando ambiente propício à instalação de novas empresas, riqueza, emprego e novas oportunidades para todos, construindo no nosso concelho a maior comunidade de coesão social em Portugal“, diz Isaltino Morais em conferência de imprensa.

O candidato anuncia assim a sua candidatura como independente e diz que “não é a candidatura de nenhum partido. É uma candidatura de oeirenses que no exercício de cidadania se juntam para me ajudarem a cumprir o futuro de Oeiras”, afirma Isaltino Morais.

Isaltino Morais foi eleito presidente da Câmara de Oeiras com maioria (41,68%) nas eleições autárquicas de 2017, encabeçando a lista pelo Movimento Inovar, Oeiras de Volta.

O autarca foi eleito para o cargo pela primeira vez em 1985, pelo PSD, e renovou os mandatos nas eleições de 1989 até 2009, com uma interrupção de três anos. Durante parte deste período, foi ministro das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente.

Foi eleito pelo PSD pela última vez em 2001 e, a partir de 2005, continuou à frente da autarquia como independente, abandonando o cargo em 2013 para cumprir pena de prisão por fraude fiscal e branqueamento de capitais.

Enquanto cumpria a pena, o seu ‘vice’, Paulo Vistas, tomou posse como presidente e foi depois eleito, em 2013, pelo movimento Isaltino, Oeiras Mais À Frente (IOMAF). No entanto, os dois autarcas afastaram-se e, em 2017, concorreram em separado.

O atual executivo municipal é composto por seis eleitos do movimento independente de Isaltino Morais (IN-OV Inovar Oeiras), dois do movimento independente IOMAF, um do PSD, um do PS e um da CDU.

Segundo a lei, as autárquicas decorrem entre setembro e outubro, não tendo ainda sido marcada uma data.

Em Oeiras foram já anunciados como candidatos o presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais, Fernando Curto (PS), e o presidente de junta Rui Teixeira (Chega).

A direção do PSD recebeu das estruturas concelhia e distrital a proposta de não se apresentar a votos no concelho e “dar liberdade aos militantes de integrar outras listas”, referiu o partido no início deste mês.

(Notícia atualizada às 16H29 com mais informação)

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Novo Banco: Gerente rejeita ligação a fundo que comprou malparado

  • Lusa
  • 30 Abril 2021

António João Barão, gerente de várias sociedades imobiliárias utilizadas na venda da carteira de crédito malparado Viriato, do Novo Banco, rejeitou ter qualquer ligação ao fundo que as comprou.

O empresário António João Barão, gerente de várias sociedades imobiliárias utilizadas na venda da carteira de crédito malparado Viriato, do Novo Banco, rejeitou esta sexta-feira no parlamento ter qualquer ligação ao fundo que as comprou.

“Só tive conhecimento do cliente dessa sociedade de advogados [Morais Leitão] na altura do contrato de cessão de quotas, cliente esse com o qual nunca tive qualquer ligação ou afinidade. E desconheço em absoluto, nem tinha de conhecer, os negócios ou atividades futuras que essas sociedades iriam fazer, é só isso que tenho a dizer”, afirmou na sua intervenção inicial António João Barão, na audição de hoje da comissão de inquérito ao Novo Banco.

O gestor foi ouvido na manhã de sexta-feira pelos deputados na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, e a meio da audição presidente da comissão, Fernando Negrão (PSD), recordou o humorista Herman José e o ‘sketch’ “eu é mais bolos”, para instar António João Barão a ser “mais afirmativo nas suas respostas”, de forma a que os deputados não ficassem com mais dúvidas.

António João Barão, que é também pintor e dinamizador da tertúlia artística Parlatório, disse ainda no parlamento que também era “mágico”.

Ao longo das quase duas horas de audição, os deputados foram manifestando a sua perplexidade com a conduta do depoente, questionando a racionalidade económica da venda de sociedades imobiliárias a preços baixos ou a constituição de sociedades imobiliárias sem afetação de imóveis.

Muitas das sociedades tinham a mesma morada e designações sem aparente ligação à atividade, tendo nomes muitas vezes repetidos e sugeridos pelas próprias entidades de registo.

O gerente das sociedades disse também que registava pequenos movimentos – por exemplo, 200 euros – nas sociedades criadas por si e noutras não havia movimentos registados.

“É um pequeno negócio que se faz às vezes para a sociedade ter movimento”, explicou.

As sociedades em causa foram vendidas a uma sociedade sediada no Luxemburgo, registada por um fundo das Ilhas Caimão denominado Anchorage, que veio a participar na compra da carteira de crédito malparado Viriato, de acordo com uma investigação o do jornalista Paulo Pena publicada no jornal Público em julho de 2020.

“Essas sociedades imobiliárias… às vezes tenho umas sociedades tanto para negócios próprios, que às vezes não realizo, e depois as cedo e as vendo. Foi a determinada altura que a sociedade de advogados Morais Leitão me contactou – porque noutras alturas já lhes tinha vendido umas sociedades – e perguntou se eu tinha umas cinco sociedades para ceder para um cliente deles”, começou por detalhar António João Barão.

“Combinámos o valor da venda, eles elaboraram o contrato – geralmente elaboram o contrato todo certo, nem o vi – de cessão de quotas, desloquei-me aos seus escritórios na rua Castilho [em Lisboa] para assinar os contratos e receber o valor acordado”, descreveu.

O gerente disse que só teve conhecimento do cliente da Morais Leitão “na altura do contrato de cessão de quotas”, rejeitando “qualquer ligação ou afinidade” com o cliente.

“Desconheço em absoluto, nem tinha de conhecer, os negócios ou atividades futuras que essas sociedades iriam fazer, é só isso que tenho a dizer”, terminou assim a sua intervenção inicial.

De acordo com a investigação, as cinco sociedades foram registadas no mesmo dia em 2017, e ao longo da audição António João Barão disse aos parlamentares que essa foi uma prática comum ao longo da sua vida.

“Não tenho qualquer ligação nem ao Novo Banco, nem à sociedade que me comprou essas sociedades”, clarificou.

O Novo Banco anunciou em outubro de 2018 a venda de ativos imobiliários, uma “carteira com um valor bruto contabilístico de 716,7 milhões de euros é composta por 8.726 propriedades com usos residencial, incluindo estacionamentos, industrial, comercial e terrenos”.

António João Barão disse não ter a certeza de por quanto vendeu as cinco sociedades imobiliárias adquiridas pela Anchorage, estimando o valor em “cinco ou seis mil euros cada sociedade”.

O PSD acabou por requerer a chamada à comissão do contabilista de António João Barão, Pedro Domingues, e o deputado Hugo Carneiro sugeriu que o Ministério Público deveria estar atento a este tipo de atividades.

“Isto não correu bem. Foi pouco esclarecedor, suscitou ainda mais dúvidas relativamente àquelas que nós tínhamos”, encerrou assim a audição Fernando Negrão.

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Autoridade dos Transportes encontra indícios de restrição de concorrência nas plataformas TVDE

  • Lusa
  • 30 Abril 2021

"O regime tarifário estabelecido por alguns Operadores de Plataforma Eletrónica no mercado TVDE poderá implicar práticas/comportamentos que configurem práticas restritivas da concorrência", diz a AMT.

A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) encontrou indícios de que o regime tarifário de alguns operadores de Plataforma Eletrónica no mercado TVDE pode implicar práticas restritivas da concorrência, tendo dado conhecimento à Autoridade da Concorrência.

Num estudo publicado esta sexta-feira no site da AMT, a autoridade analisou o Mercado dos Serviços do Transporte Remunerado de Passageiros em Veículos Descaracterizados (TVDE) tendo especial foco os modelos tarifários.

Além de várias reflexões, a AMT refere ter entendido dar conhecimento à Autoridade da Concorrência “da existência de indícios [agravados por práticas recentes de operadores de plataforma] de que o regime tarifário estabelecido por alguns Operadores de Plataforma Eletrónica no mercado TVDE poderá implicar práticas/comportamentos que configurem práticas restritivas da concorrência, proibidas pelo Direito da União e pelo Regime Jurídico da Concorrência”.

A AMT destaca ainda que, de acordo com a sua perspetiva, o operador de plataforma eletrónica é a entidade que, oferecendo serviços no domínio dos transportes, é um “organizador” [de transportes], “modulando a oferta” e exercendo um “controlo efetivo” sobre o modelo de negócio subjacente a esta forma de transporte, incluindo a definição dos preços e controlo sobre os motoristas/operadores.

Desde 2016, altura em que teve início a discussão pública em Portugal sobre os Mercados de Inovação Tecnológica aplicados ao transporte coletivo de passageiros, na altura praticados pela UBER e pela Cabify, o organismo tem vindo a salientar a “especificidade e sensibilidade das matérias relativas ao regime de preços/tarifários” destas plataformas.

A AMT considera essencial assegurar “a ausência de assimetria de informação, a presença de elevada transparência na formação do preço final, a minimização dos custos de transação e da incerteza do utente/consumidor e a possibilidade de sindicância face ao percurso efetivamente percorrido”.

Especificamente sobre a formulação das tarifas/preços no segmento TVDE, numa atividade que comporta um “regime de preços livremente estabelecidos pelos operadores”, com tarifas dinâmicas, a AMT considera que a forma que conduz ao “’pricing’ aplicável”, suscita “importantes riscos de comportamentos e práticas restritivas da concorrência aos quais as autoridades reguladoras devem estar particularmente atentas”.

A AMT alerta também para os riscos regulatórios desta tipologia de ‘pricing’, referindo ser necessário garantir um ambiente concorrencial “não falseado”, evitando a proliferação de práticas anti-concorrenciais (cartelização, preços predatórios ou comportamentos excludentes dos concorrentes), enquanto se assegura a proteção e defesa do consumidor/passageiro.

A AMT analisou também os recentes tarifários introduzidos pelos Operadores, que levaram à contestação por parte dos motoristas devido à quebra das receitas, referindo que estes “confeririam uma aparente autonomia decisória ou flexibilidade gestionária” aos motoristas que poderiam decidir, a cada momento e em determinados contextos geográficos, alocar determinados preços de viagens, de acordo com bandas” pré-determinadas”.

“Desta forma, seria permitida a prática de descontos e/ou majorações de preços face às tarifas base e às tarifas mínimas constantes dos modelos tarifários determinados pelo Operador de Plataforma”, pode ler-se no relatório.

Esta tendência, de acordo com a AMT, com aparentes benefícios para o passageiro/consumidor final – que, afinal, estaria a pagar um preço mais baixo -,” implica reservas regulatórias, quer do ponto de vista da ‘compliance’ com o regime jurídico setorial em vigor, quer do ponto de vista ‘jus’ concorrencial”.

Em concreto, as reservas em causa resultam da aplicação prática dos referidos mecanismos tarifários específicos, tendo em consideração que o algoritmo de seleção de viagens privilegiaria os motoristas que aceitam viajar em “modo desconto” ou com categorias de veículos mais “económicos”.

Segundo a AMT, este enviesamento resultaria numa seleção de viagens geograficamente cada vez mais distantes do passageiro, o que não só contraria a lógica inicial do modelo deste segmento de atividade, como implica perdas significativas nos rendimentos disponíveis dos Parceiros das Plataformas que, deste modo, não auferem da alegada autonomia decisória.

O Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP) tem acompanhado o setor das TVDE e conseguiu que algumas dezenas de motoristas se sindicalizassem.

No início de novembro de 2020, estes motoristas fizeram a primeira concentração de protesto e aprovaram o caderno reivindicativo elaborado pela Fectrans e entregue ao Governo.

No mesmo mês foi criado um grupo de trabalho que pretende negociar com a tutela governamental a melhoria das condições laborais e de funcionamento do setor.

O caderno reivindicativo defende que seja aplicada a todos os motoristas do setor TVDE uma regulamentação coletiva de trabalho, que deveria ser o Contrato Coletivo de Trabalho do setor do transporte ligeiro de passageiros.

A regulação de tarifas e a definição do preço do custo da atividade, a fiscalização do serviço TVDE definido na lei e a definição de um contingente máximo de viaturas para o exercício da atividade, para que esta seja sustentável, são outras das reivindicações.

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Siza vê “sinais muito positivos” na economia com desconfinamento

O ministro da Economia reconhece que os dados do primeiro trimestre "não são os melhores", mas deixa uma mensagem de confiança para o futuro ao ver "sinais muito positivos" com desconfinamento.

A contração da economia no arranque de 2021 não é razão para festejar, mas o futuro deverá trazer melhores números com o efeito do desconfinamento iniciado no final de março. É esta a mensagem do Ministério da Economia em reação aos números do PIB do primeiro trimestre: o produto caiu 3,3% em cadeia e 5,4% em termos homólogos, ficando cerca de 9% abaixo do nível de 2019.

São as primeiras estimativas que ainda têm de ser confirmadas e poderão ser revistas, mas, para já, as notícias não são as melhores“, começa por admitir o ministro da Economia num comentário enviado esta sexta-feira às redações, explicando que esse desempenho é explicado pelo “confinamento muito intenso a que tivemos de recorrer”, o que levou à queda do consumo privado.

Mas há um dado que dá alento a Siza Vieira: as exportações de bens, tal como já tinham referido os economistas ao ECO. “Apesar de tudo, as exportações comportaram-se muito bem e as exportações de bens permitiram aguentar a atividade económica”, nota o ministro.

Além disso, o futuro parece ser mais animador, de acordo com os dados divulgados até ao momento. Siza revela que “os sinais que vamos tendo, desde o final do confinamento, são muito positivos“, nomeadamente com o número de postos de trabalho a aumentar em março — e a taxa de desemprego a descer para os 6,5% — e com os índices de confiança das empresas e dos consumidores a subirem.

“À medida que prosseguimos no nosso processo de desconfinamento e que prosseguimos, também, no Plano de Vacinação podemos encarar com mais confiança a retoma nos próximos tempos“, garante o ministro da Economia, deixando uma mensagem de confiança aos portugueses.

A expectativa do Governo, segundo o Programa de Estabilidade 2021-2025, é que o PIB cresça 4% este ano e 4,9% no próximo ano, contando com uma aceleração da retoma já no segundo trimestre. Essa é também a expectativa dos economistas que perspetivam um crescimento homólogo do PIB entre a abril e junho.

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