Turismo só gerou até junho 25% dos 9,3 mil milhões previstos por Siza
Ministro da Economia estima fechar 2021 com 9,3 mil milhões de euros em receitas com o turismo. Primeiro semestre terminou com saldo de apenas 2,4 mil milhões.
Depois da quase paragem no ano passado, por causa da pandemia, o turismo começou a recuperar este ano. Consciente das dificuldades, o Governo avançou com um plano para alavancar o turismo, setor que já este ano deverá chegar aos 9,3 mil milhões de euros em receitas. O Ministério da Economia diz, três meses depois de definir a meta, que está empenhado em alcançar esse objetivo, mas os números oficiais mostram que até junho o total arrecadado está 75% abaixo desse valor.
Foi no final de maio que o ministro da Economia apresentou ao país o plano “Reativar o Turismo, Construir o Futuro“, ou seja, a estratégia que foi pensada para ajudar o setor a recuperar dos efeitos provocados pela pandemia. Nesse documento, foram estabelecidas várias metas ao nível de receitas, sendo a principal fechar 2027 com 27,4 mil milhões de euros, acima do recorde alcançado em 2019 (cerca de 18,4 mil milhões).
“O nosso objetivo é chegarmos a 2027 no nível que projetámos em 2017”, disse nessa altura Siza Vieira, referindo que o plano prevê um investimento de 6.112 milhões de euros para ajudar o setor através de diversas medidas. Além disso, a curto prazo, estabeleceu-se o objetivo de fechar 2021 com um total de 9.303 milhões de euros em receitas, um número abaixo dos resultados pré-pandemia, mas acima dos registados no ano passado.
Cerca de três meses depois de ser estabelecida a meta, os números oficiais não são muito animadores face ao objetivo definido. De acordo com dados revelados pelo Banco de Portugal (BdP), o primeiro semestre fechou com uma receita de 2.398 milhões de euros, valor que corresponde a apenas 25% da meta definida pelo Governo para o total do ano.
Receitas com o turismo até junho
Fonte: Banco de Portugal
Os dados do BdP são também suportados pelos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), que mostram que, em junho, apesar de o turismo ter continuado a recuperar, a atividade no setor ainda ficou a cerca de metade dos níveis pré-pandemia. No sexto mês do ano, os alojamentos nacionais receberam 1,4 milhões de hóspedes, que totalizaram 3,4 milhões de dormidas. Foram melhorias face a junho, mas descidas de 50% face a 2019.
Governo vê “mudança positiva” em agosto
O ECO questionou o Ministério da Economia quanto a estes números, para perceber se continuam confiantes em alcançá-los. E o otimismo mantém-se. O Governo está “empenhadamente a trabalhar em diferentes dimensões”. Mais concretamente, no que diz respeito ao plano para reativar o turismo, “tudo fará para que os objetivos traçados sejam alcançados”.
“No mês de agosto registámos uma mudança muito positiva no turismo. A evolução do plano de vacinação a nível nacional e internacional, assim como as estratégias adotadas pelo setor, têm permitido que esta evolução positiva nos fluxos turísticos ocorra de forma segura e sustentada”, acrescentou fonte oficial do ministério da Economia.
Estas declarações do Executivo surgem numa altura em que as regras de circulação estão menos apertadas, com mais países a permitirem a saída e a entrada de turistas à medida que o número de certificados digitais vai sendo maior. Os britânicos, franceses e alemães são os principais impulsionadores do turismo nacional e, embora tenham estado com restrições ao viajar para território nacional, hoje podem circular livremente, desde que acompanhados por esse documento, que comprova a vacinação completa ou que está recuperado da doença.
Ainda assim, por muito bem que a situação do turismo evolua durante o verão — e, claro, até ao final do ano — isso significaria que o setor teria de encaixar mais 6,9 mil milhões de euros (os 2,4 mil milhões já alcançados subtraídos aos 9,3 mil milhões ambicionados pelo Governo) até ao final do ano. Ou seja, mais de mil milhões de euros por mês até dezembro, o que será difícil.
IVAucher? Medida não tem grande impacto
Exatamente para tornar mais fácil chegar a esse objetivo, o plano “Reativar o Turismo, Construir o Futuro” prevê várias medidas para ajudar o setor a recuperar, entre elas o IVAucher, que arrancou a 1 de junho e permite aos consumidores acumularem o IVA gasto na restauração, alojamento e cultura e descontá-lo posteriormente nesses mesmos setores. Esta é uma das principais medidas criadas pelo Governo, para a qual foram destinados 200 milhões de euros, um valor que o Executivo estime que seja o valor total de IVA acumulado pelos portugueses entre junho, julho e agosto.
Contudo, os dados que já foram conhecidos, relativos ao primeiro mês, mostram que o IVAucher está a ter menos sucesso do que o esperado, uma vez que o valor acumulado no primeiro mês foi de apenas 21,2 milhões de euros, o equivalente a cerca de dois euros por cada contribuinte. Em declarações ao ECO, vários empresários da restauração e do alojamento dizem estar a sentir pouco o impacto desta medida.
O plano para reativar o turismo inclui ainda outras medidas, como o selo Clean&Safe 2.0, uma espécie de carimbo que distingue as atividades turísticas que cumprem os requisitos de higiene e limpeza e ainda os programas Adaptar 2.0 e Valorizar 2.0.
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