Endividamento da economia já subiu 35 mil milhões desde o início da pandemia
Desde o final de fevereiro, o endividamento dos cidadãos, do Estado e das empresas já aumentou 35 mil milhões de euros. É preciso recuar ao período da troika para ver aumentos maiores.
35.051.000.000 euros. É este o acréscimo acumulado de endividamento da economia desde que a pandemia chegou a Portugal, de acordo com os cálculos do ECO com base nos dados do Banco de Portugal. Um ano e meio depois de a Covid-19 ter chegado sem aviso, os cidadãos e as empresas estão mais endividados, mas foi principalmente o Estado — que é financiado pelos cidadãos e as empresas — a arcar com a maior parte da dívida, a qual serviu para ajudar a manter à tona o setor privado durante os dois confinamentos.
A maioria do acréscimo do endividamento está nas costas do setor público: foi responsável por mais 27,4 mil milhões de euros de dívida entre fevereiro de 2020 e junho de 2021. Nesse período, o défice orçamental disparou por causa dos apoios à economia, as necessidades de financiamento aumentaram significativamente e a dívida pública na ótica de Maastricht voltou a máximos históricos.
Endividamento da economia cresceu 35 mil milhões desde fevereiro de 2020
Segundo cálculos do banco central, o papel Estado com as medidas de ajuda aos cidadãos e às empresas ajudou a conter o impacto da crise, apesar de não ter compensado totalmente. “As administrações públicas suportaram cerca de 85% da perda de rendimento nacional“, escreviam os economistas do banco central no boletim económico de maio, notando que “esta é uma percentagem muito superior ao peso deste setor no rendimento disponível bruto nacional nos últimos cinco anos”.
Endividamento do setor público foi o que mais cresceu durante a pandemia
Os restantes cerca de oito mil milhões de euros que perfazem os 35 mil milhões de euros estão divididos entre os cidadãos e as empresas: mais três mil milhões de euros e mais 4,6 mil milhões de euros, respetivamente.
Endividamento das empresas cresceu 4,6 mil milhões de euros
Os dados do banco central mostram ainda que o primeiro semestre de 2021, o qual incluiu um segundo confinamento, levou a um maior acréscimo de endividamento (14,1 mil milhões de euros) do que o primeiro semestre de 2020 (8,4 mil milhões de euros), no qual só se começou a sentir o impacto da pandemia em março.
Porém, até ao momento o semestre com maior subida de endividamento durante a pandemia foi o segundo semestre de 2020 em que a dívida da economia portuguesa cresceu 15,5 mil milhões de euros.
É preciso recuar ao período da troika para assistir a subidas semestrais tão significativas do endividamento da economia. O maior salto deu-se no primeiro semestre de 2011 quando Portugal recebeu o empréstimo de 78 mil milhões de euros na sequência do pedido de resgate financeiro.
Em termos percentuais, face ao PIB, o endividamento da economia — que tinha vindo a cair nos anos que precederam a pandemia — fechou o primeiro trimestre de 2021 nos 375,71%, em máximos do segundo trimestre de 2017 (378%). Como o PIB cresceu no segundo trimestre, é expectável que o rácio possa ter caído, mas o Banco de Portugal só atualizará esse número a 21 de setembro.
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