“O grupo Jerónimo Martins tem cada vez mais mulheres a ocupar cargos de CEO e CFO”
Ana Luísa Virgínia, administradora financeira do grupo Jerónimo Martins, nomeada para os IRGAwards da Deloitte, defende "uma verdadeira estratégia de incentivo ao investimento nas empresas e pessoas".
Ana Luísa Virgínia recorre à sua situação pessoal para eleger a principal transformação realizada pela Jerónimo Martins nos últimos anos. Destaca “a crescente diversidade, nomeadamente de género, de um grupo que, refletindo uma cultura de meritocracia, tem cada vez mais mulheres a ocupar cargos de CEO e CFO”.
A administradora com o pelouro financeiro, nomeada na categoria de melhor Chief Financial Officer na relação com os investidores da 33ª edição dos Investor Relations and Governance Awards (IRGAwards) da Deloitte, salienta a importância de manter o fluxo de comunicação com os investidores durante a pandemia, num período de alterações muito díspares no comportamento dos consumidores e novas medidas.
Qual foi o maior desafio que a Jerónimo Martins teve de enfrentar no último ano e meio?
Felizmente para as insígnias do Grupo Jerónimo Martins e para as comunidades que estas servem, a cadeia de abastecimento alimentar não registou disrupções durante a pandemia. Por outro lado, o Grupo terminou 2019 com uma posição financeira muito robusta que, apesar da incerteza extrema no início da pandemia, lhe permitiu atravessar este último ano e meio, sem sobressaltos de tesouraria. Para as áreas financeiras, talvez o maior desafio tenha sido o de assegurar o cumprimento das inúmeras obrigações estatutárias, fiscais e de reporte financeiro e não financeiro (que numa empresa cotada são amplificadas), sem descontinuidades e com qualidade, mesmo com as equipas em teletrabalho. Outro aspeto importante foi, num contexto de pandemia, manter um fluxo de comunicação que permitiu aos investidores saber em permanência o que se estava a passar nos diferentes negócios do Grupo, atendendo aos impactos decorrentes das alterações muito díspares no comportamento dos consumidores e às diferentes medidas que foram implementadas pelo governos de cada país onde o Grupo opera.
O que é que a pandemia e as adversidades deste período mudaram na Jerónimo Martins?
Mais do que mudar, confirmaram a importância que, desde sempre, atribuímos a todas as funções dentro do Grupo, desde o CEO até ao colega que trabalha na frente de caixa de uma loja ou no aprovisionamento de um armazém. Confirmou também a importância da autonomia conferida às diferentes companhias que lhes permitiu reagir rápida e adequadamente às alterações que ocorreram quase diariamente nas operações e conseguir servir os consumidores, num ambiente que se queria mais protegido.
Qual foi a sua principal aprendizagem enquanto líder?
Em geral, a força das equipas quando se trabalha com um propósito conhecido e comum. A importância da confiança conquistada e da comunicação permanente. O poder do trabalho em conjunto e a confirmação que, para as equipas sólidas e solidárias, as situações de adversidade servem mais para unir do que para separar.
O tema da edição deste ano dos IRGAwards é o foco da gestão das empresas nas características humanas e sustentáveis. Concorda que a geração de retorno para os acionistas deve estar lado a lado com o retorno para a sociedade naquilo que é o propósito das empresas?
Julgo que a questão nem se coloca. Uma empresa que almeje a ser bem-sucedida de forma permanente e continuada tem de ser lucrativa, valorizando as suas pessoas, os seus parceiros de negócio e as restantes partes interessadas. Uma empresa que não seja lucrativa, a menos que seja subsidiada em permanência (à custa de um aumento na carga fiscal ou nos custos de outros), está condenada a morrer arrastando trabalhadores e fornecedores. Hoje não há desculpas para não se ter um papel muito mais ativo nas dimensões ambientais ou sociais, porque se conhecem os efeitos sistémicos das decisões e porque, quer queiramos, quer não, operamos num mundo global (como a pandemia, depois da internet, veio confirmar).
Se tivesse que eleger a principal transformação realizada pela Jerónimo Martins nos últimos anos, qual seria e porquê?
Trabalhando há mais de 25 anos no Grupo, tenho assistido, mais do que a transformações, a evoluções muito positivas em diferentes aspetos. Considerando a minha situação pessoal, destacaria a crescente diversidade, nomeadamente de género, de um Grupo que, refletindo uma cultura de meritocracia, tem cada vez mais mulheres a ocupar cargos de CEO e CFO. Só para ilustrar, os CFOs das nossas maiores companhias (na Polónia e em Portugal) são duas mulheres.
E qual a maior transformação que gostaria de ver Portugal fazer?
Gostaria que se criasse uma verdadeira estratégia de incentivo ao investimento nas empresas e nas pessoas. Não em novas infraestruturas ou em ações de formação inconsequentes, mas em unidades produtivas e na educação ou em iniciativas comunitárias, criando uma cultura de transparência e prestação de contas transversal e não só para alguns.
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