Setor automóvel em crise pede ao Governo regresso do lay-off simplificado
Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA) vai reunir-se esta sexta-feira com o ministro da Economia para pedir o regresso do lay-off simplificado.
A indústria dos componentes automóveis está a sofrer com a grande instabilidade que atravessa o setor automóvel em paragens sucessivas devido à falta de semicondutores. Uma situação que deveria estar resolvida até final deste ano, mas que agora já se admite estar regularizada apenas em 2023. Por isso, a Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA) vai reunir-se esta sexta-feira com o ministro da Economia para pedir o regresso do lay-off simplificado.
“Dada a situação altamente instável devido à escassez de semicondutores defendemos o regresso do lay-off simplificado para o setor”, disse ao ECO, o secretário-geral da AFIA. Adão Ferreira recorda que os clientes, ou seja, os construtores automóveis, estão parados devido à falta de chips e semicondutores — a que acrescem nos últimos tempos falta de algumas matérias-primas como o alumínio — e “por arrasto levam os seus fornecedores. É um efeito dominó“, frisa Adão Ferreira.
Com o lay-off simplificado, as empresas podem cortar os horários de trabalho ou até suspender os contratos firmados com os seus trabalhadores. Além disso, ao abrigo deste regime extraordinário, as empresas recebiam da Segurança Social um apoio para o pagamento dos salários e beneficiam da isenção (total) das contribuições sociais. Este apoio correspondia a 100% do salário (até 1.995 euros). Só eram elegíveis as entidades empregadoras que se encontrem sujeitas ao dever de encerramento de instalações por determinação do Governo, no âmbito da pandemia. Mas com o processo de vacinação a abranger quase 85% da população nacional e o país a entrar na última fase de desconfinamento na sexta-feira, este apoio deixou de estar disponível.
Mas a AFIA levou a acabo um questionário junto dos seus associados para saber qual a sua previsão até ao final do ano e a conclusão é que as coisas se vão agravar e as perdas serão mais avultadas do que em 2019. A situação depende de empresa para empresa, mas para a maior parte dos associados as perdas serão superiores a 10% face a 2019.
Com grandes construtoras automóveis, como a Autoeuropa em paragens sucessivas, as empresas de componentes têm dificuldade em ajustar a sua produção. A Autoeuropa tem as linhas de montagem novamente paradas até 4 de outubro, a segunda paragem desde que regressaram de férias. Já nessa altura a construtora admitia que seria obrigada a parar mais vezes até ao final do ano e voltar a recorrer ao lay-off.
Já a Continental Antenna, por exemplo, decidiu reduzir a semana de trabalho para quatro dias. A unidade de Vila Real da Continental é uma das principais fabricantes mundiais de antenas para veículos e a quase totalidade da sua produção é exportada. Os mais de 500 funcionários vão ter, temporariamente, a sexta-feira de férias. A paragem “é transitória” e a solução “ajustada às exigências do momento”, explicou o CEO Miguel Pinto, sublinhando que acredita “no célere regresso à normalidade”. O responsável disse ainda que as interrupções causadas pela crise imposta pela Covid-19 provocaram uma “extrema volatilidade em toda a indústria automóvel”.
Mas o caso mais extremo é mesmo o da Saint-Gobain, produtora de vidros para a indústria automóvel, que fechou portas e está em processo de despedimento coletivo. Ao fim de de um mês de negociações, a empresa deu por terminado o processo negocial que mantinha com os representantes dos trabalhadores, “e anunciou que vai avançar com o processo formal de despedimento coletivo dos 130 colaboradores.
Caso a situação do setor automóvel se mantenha em contraciclo este pode não ser caso único na indústria.
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