Orçamento “está longe” de ser aquilo que o país precisa, avisa líder do PCP
Jerónimo de Sousa considera que a proposta de OE2022 apresentada pelo Governo está longe de ser a resposta que o país precisa para os problemas e criticou discurso das "contas certas" do PS.
O PCP voltou a deixar avisos ao Governo sobre o Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), o qual ameaça chumbar. Jerónimo de Sousa disse este sábado que a proposta orçamental “está longe” de ser aquilo que o país precisa, deixou um rol de exigências e criticou o “discurso de contas certas” de António Costa e do ministro João Leão, um “dogma” que ambos “teimam em dar vida”.
Discursando num comício no Porto, o líder dos comunistas começou por lembrar que o PCP foi decisivo nos últimos anos “para repor e conquistar direitos” perdidos com a troika. “Foram avanços e conquistas de inegável valor, mas não foram suficientes”, considerou Jerónimo de Sousa em declarações transmitidas pelas televisões.
A pandemia trouxe novos problemas e agravou os antigos, prosseguiu o secretário-geral do PS, que tratou de os elencar de seguida para dar conta das exigências que os comunistas querem ver respondidas pelo Governo para viabilizarem o OE2022.
“O OE022 devia estar inserido no sentido geral de resposta aos problemas. Mas não só o Orçamento não se insere nele, como o Governo não dá sinais de querer assumir esse caminho”, apontou.
“A proposta de OE está longe de se constituir como parte importante, mas não única desse rumo que o país precisa”, disse de seguida.
Jerónimo de Sousa voltou a dar conta da posição do PCP em relação ao estado das coisas: “A situação atual, considerando a resistência do governo em assumir compromissos em matérias além do orçamento e também no conteúdo das propostas do OE, o governo conta hoje com a nossa oposição, com o nosso chumbo“.
“Quem nos conhece sabe que não dizemos que não porque não, e até à votação na generalidade é tempo para encontrar soluções“, frisou.
O OE022 devia estar inserido no sentido geral de resposta aos problemas. Mas não só o Orçamento não se insere nele, como o Governo não dá sinais de querer assumir esse caminho. A proposta de OE está longe de se constituir como parte importante, mas não única, desse rumo que o país precisa.
Aumento de salários, pensões, legislação laboral, habitação, “recuperação ou defesa sólida de setores como correios, a energia, os transportes e telecomunicações”, reforço do SNS, preços da energia e o “desagravamento dos rendimentos do trabalho mais baixos e intermédios” foram algumas das matérias que Jerónimo de Sousa apontou no caderno de encargos dos comunistas.
Para estas questões Jerónimo de Sousa não encontra soluções nesta proposta de OE2022.
Antes, vê nela “respostas marginais, determinadas e condicionadas pelos dogmas do Tratado Orçamental e que o PS toma como seus, com os seus anacrónicos critérios em relação ao défice e à dívida”.
Neste ponto, atacou a “submissão” ao défice e à dívida e a “retórica da política de contas certas que o PS teima em dar vida”.
Esta sexta-feira, em entrevista ao ECO, o ministro João Leão disse que não vai abrir mão da meta do défice nas negociações com os partidos sobre o OE2022, fixada em 3,2%.
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